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Líder, Noroeste tem desafio de transformar posse de bola em mais gols

Era grande expectativa por uma boa apresentação do Noroeste, ontem, contra o Capivariano. Afinal, a equipe vinha de três vitórias seguidas, o Norusca vinha embalado. Mas o adversário está entre os melhores da competição até aqui e o placar de 0 a 0 foi justo.

O Capivariano, agora com oito pontos (Noroeste ainda líder, com dez), mostrou-se encardido, com sistema defensivo bem agrupado e pronto para dar o bote em contra-ataques. Teve duas chances claras de gol, uma em cada tempo, e poderia ter saído de Bauru com os três pontos, apesar do maior volume noroestino.

Aí é que está. Que o Alvirrubro armado por Tuca Guimarães tem mais posse de bola e conduz a dinâmica do jogo, já sabemos. Mas essa criação resultou em poucas oportunidades claras ontem. Claras mesmo, aquelas que balançam a rede, exigem defesa do goleiro ou batem na trave. Um chute de Michel que carimbou a defesa, único lance forte do primeiro tempo. No segundo, a finalização equivocada de Gabriel Esteves com o gol vazio e o chute na trave de Pacheco. Isto é: apenas três finalizações perigosas em noventa minutos.



Claro que conta também a retranca armada pelo Capivariano. Então, se são apenas três chances agudas por jogo — até porque os demais adversários, sobretudo no Alfredão, virão com a mesma proposta defensiva —, tem que aproveitar. E é aí que sentimos a falta de um centroavante de ofício (Tiuí, Romão e Flávio Carvalho ainda sem condições físicas) para fazer sombra a Gabriel, que tem crédito pelo que produziu nas três primeiras rodadas.

Gabriel, inclusive, pode ser uma opção de lado quando um desses centroavantes puder jogar, já quem Gindre não vem bem. Alef, apesar de elogiado por muitos no último domingo, creio ter sido mais ciscador do que objetivo — foi Pacheco quem de fato deu trabalho ali pela direita.

Na coletiva pós-jogo, o técnico Tuca Guimarães falou sobre a troca da plataforma de jogo durante a partida. De fato, ele migrou do 4-3-1-2 para um 4-2-1-3, como você pode conferir nas imagens abaixo.

Como o Noroeste começou (4-3-1-2):

Noroeste x Capivariano - 1º tempo
Os três volantes postados para a subida dos laterais. Ricardinho foi muito mais exigido. O lado esquerdo, aliás, funcionou mais, com as aproximações de Michel e Gabriel. Como Alex Silva e Pacheco desceram pouco, Gindre esteve isolado.

Como o Noroeste terminou (4-2-1-3):

Noroeste x Capivariano - 2º tempo
Situação invertida: foi o lateral-direito quem desceu todo o tempo. Ricardinho se conteve na etapa final. Pacheco teve a companhia de Alef nas tramas por seu lado, enquanto Wellington arrancou pela esquerda no mano a mano ou foi buscar a bola e a aproximação de Samuel.

O Norusca empatou com o Capivariano jogando com Ferreira; Pacheco, Jean Pierre, Marcelinho e Ricardinho; Maicon Douglas, Alex Silva, Igor Pimenta (Wellington) e Michel (Samuel); Gindre (Alef) e Gabriel Esteves.

Público aquém, mas ok

Esperava mais público para esta segunda partida no Alfredão. Afinal, o Norusca vinha de três vitórias seguidas, era um belo domingo com clima agradável e o clube organizou venda casada para a partida de quarta, contra o União Barbarense. Mas é fim de mês… Mesmo assim, colocar 2,6 mil pessoas num jogo de Série A3 é façanha. O gigante Fluminense atraiu quatrocentas testemunhas em sua última partida na elite carioca!

Elogios

Na última partida enumerei alguns pontos a melhorar que repercutiram, como o espaço das cadeiras para quem as comprou de forma avulsa. Hoje, fico em dois elogios. Um que deixei passar na estreia: parabéns para a Nakal, que adotou uma tipologia para o número da camisa que, além de bonita, faz a alegria de público e imprensa, pela legibilidade — e que bom que o Norusca resgatou o hábito de jogar com seu fardamento tradicional. Outro elogio: a união dos principais times de Bauru! Jogadores(as) e comissões técnicas de Bauru Basket e Vôlei Bauru prestigiaram a partida. A turma alvirrubra vive na Panela, mas à paisana. Fica a sugestão de irem com uniforme de passeio para serem reconhecidos pelo público do basquete e do vôlei.

 

Foto topo: Bruno Freitas/Noroeste 

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Análise tática: como joga o Noroeste de Sangaletti

retranca-ECNQuando o jogo começou, de cara enxerguei o novo Noroeste num ousado e clássico 4-3-3. Até na numeração: ponta-direita com a 7, ponta-esquerda com a 11, coisa linda. Até ouvir a entrevista pós-jogo, quando o técnico Sangaletti comentou que começou a partida no 4-4-2. Ele quem escalou, então não há discussão. E revisitei a memória visual para ver Juninho Bueno, pela esquerda, um pouquinho mais recuado — recompondo mais — do que Bruno Rodrigues, pela direita. Como você pode conferir na imagem abaixo:

O 4-4-2 de Sangaletti: Juninho Bueno compondo o meio
O 4-4-2 de Sangaletti: Juninho Bueno compondo o meio

A faixa mais clara é para o(a) leitor(a) identificar o setor de meio-campo, separando o campo em três setores. Esse 4-4-2 também pode ter uma variação com Juninho e Bruno recuando, deixando Diego Iatecola e Gabriel Barcos na frente — Diego praticamente não volta para defender, daí uma prova de como o treinador aposta nele como goleador do time, que estará sempre próxima à area de ataque.

Agora, observe a foto lá do topo. O Norusca estava sendo atacado pelo São Carlos e tinha quatro (quatro!) jogadores lá na frente. Loucura? Não, porque eles acabaram segurando toda a linha defensiva do adversário. Provando a variação tática para diferentes situações de jogo, confira abaixo como a equipe defendeu em 4-2-4 para partir para o contra-ataque:

Quarteto da frente segura a marcação e está pronto para receber o contra-ataque
Quarteto da frente segura a marcação e está pronto para receber o contra-ataque — DESSA FORMAÇÃO SAIU O GOL DA VITÓRIA

Outro desenho, uma bola que o colega Lucas Rocha (Auri-Verde), que acompanhou presencialmente toda a preparação noroestina, cantou-me antes: o avanço em 3-4-3. De fato: Jonatas Paulista ficou em alguns momentos na proteção à zaga, os laterais subiram e Maicon avançou um pouquinho, pela qualidade no passe. Fechando o quarteto do meio, Diego fez o ponta-de-lança como ligação ao trio de ataque:

Jonatas foi o cão de guarda à frente da boa dupla de zaga alvirrubra
Jonatas foi o cão de guarda à frente da boa dupla de zaga alvirrubra

Por fim, a variação mais cautelosa que Sangaletti foi obrigado montar em alguns momentos do jogo: o 4-5-1, deixando apenas Gabriel Barcos fixo no ataque. Quando o São Carlos percebeu e colocou um homem entre as linhas de defesa e meio, o treinador plantou Jonatas, formando o famoso desenho do 4-1-4-1.

O 4-5-1 de Sangaletti: variação defensiva do 4-4-2 inicial, com o recuo de Bruno Rodrigues
O 4-5-1 de Sangaletti: variação defensiva do 4-4-2 inicial, com o recuo de Bruno Rodrigues

Resumindo essa salada de números: para a primeira partida oficial desse time, o que se viu foi muita aplicação tática, fruto das semanas de trabalho. Para executar esse plano de jogo, é preciso fôlego. Por isso, a aposta em jogadores jovens ou naqueles que, mesmo um pouco mais experientes, ainda têm grandes sonhos e se doam em campo. E orientados por um treinador novo, cheio de ideias e igualmente buscando os holofotes. Tomara que essa liga perdure pelas próximas 18 rodadas.

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Coluna da semana: o esquema noroestino

Explicação do desenho tático de Amauri Knevitz é o destaque do texto publicado na edição de 16 de janeiro de 2012 do jornal BOM DIA Bauru

Noroeste versão 2012

Foi apenas um jogo-treino, mas o suficiente para projetar como o Noroeste irá se comportar em campo na Série A-2. Na vitória sobre o XV de Jaú (2 a 1), o desenho tático montado por Amauri Knevitz era bem nítido e simples. Sem invencionices, o Norusca vai com um 4-4-2 com o meio-campo em losango, com um trio de volantes atrás do meia de criação. Confira abaixo a interpretação do esquema, decifrado pela coluna, que esteve em Pederneiras.

Como em todo esquema com dois zagueiros de área, os laterais alternam o avanço ao ataque. Pelo que se viu no amistoso da última terça, Mizael, pela direita, e Alexandre, pela esquerda, ainda não convenceram como titulares. Bira e Pedro, respectivamente, entraram motivados no segundo tempo e brigam pelas vagas. A dupla de zaga supostamente titular não pôde ser testada, pois o experiente De Lazzari foi poupado. Mas é ele quem deve atuar ao lado de Marcelinho.

No meio, Everton Garroni é literalmente o cabeça de área: praticamente não ultrapassa a linha central e sua função é proteger a defesa, combater os avanços adversários e ficar na cobertura. Ao seu lado, Knevitz apostou em dois volantes que, se não são dos mais habilidosos, sabem subir ao ataque com outros atributos: Juninho (pela esquerda), como arma no chute de fora da área, e França (direita), que se impõe fisicamente em arrancadas com a bola dominada. Eles ainda têm que cobrir os laterais.

Velicka é o talento solo: o meia-armador é o responsável pelo toque cadenciado, pelos lançamentos e é a ponta ofensiva do losango de Knevitz. Mas, por ser canhoto, acaba caindo bastante para a esquerda, até porque o atacante Daniel Grando, que tem a função de cair pelas pontas, fica mais pela direita – e isso acaba por equilibrar o esquema. Para finalizar, Boka, fixo na área, faz o pivô, servindo de opção para quem se aproxima, e sempre se posiciona para receber a bola na cara do gol. Começou bem o novo camisa 9 noroestino.

Calma com Grando
O atacante Daniel Grando foi bastante vaiado na partida contra o XV. Ao saber disso, um dos torcedores mais conhecidos do Noroeste, Marcos Cunha (o Marcão do shopping), apressou-se em pedir paciência à galera. “Precisamos fazer uma campanha junto ao apaixonado noroestino para deixar de pegar no pé do Daniel Grando. É um ser humano como nós e já entra em campo sabendo que tem que jogar mais que o Pelé. O nervosismo aumenta e ele erra mais ainda. Não rendeu bem no ano de 2011 pelo grupo ser muito limitado. Tem que dar tranquilidade para que o jogador saiba que não é no primeiro ou segundo jogo que a torcida já vai pegar no pé”, argumentou. O riquíssimo depoimento do Marcão, sobre sua relação com o clube e o que espera da temporada, pode ser conferido na íntegra no blog Canhota10.com.

Rafael Silva
O atacante recém-chegado da Portuguesa é a sombra de Grando. Há relatos de que agradou no primeiro coletivo. Que bom. Quanto mais opções para o treinador, melhor. Fui procurar vídeos do jovem atuando pela Lusa, mas só se acha no Google conteúdo sobre a morte suspeita de sua namorada, ano passado. Que ele possa recomeçar a vida em Bauru, com muitos gols.

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Coluna da semana: análise tática do Noroeste

Ao contrário do que se imaginava, time evoluiu ofensivamente do 4-4-2 para o 3-5-2

MELHOROU

 Texto publicado na edição de 25 de julho de 2011 no jornal Bom Dia Bauru

Ainda não foi um show de eficiência, mas, depois de muito tempo, pode-se dizer que o Noroeste fez uma boa partida no Alfredão. A vitória por 2 a 0 sobre o Linense no último sábado, a primeira nesta Copa Paulista, pode ensinar muito à equipe: repetir as virtudes, como o volume ofensivo, e evitar erros – o preciosismo ao concluir em gol é irritante.

Quando o último treino coletivo antes do jogo indicou que o Norusca atuaria com três zagueiros, a reação geral foi a de que o time iria a campo cauteloso, com medo de mergulhar numa crise se perdesse para o Linense, um visitante normalmente indigesto. O técnico Jorge Saran, entretanto, avisou na véspera: daria liberdade total aos laterais (ou alas, como preferir), sem deixar a defesa vulnerável a contra-ataques. A primeira parte foi cumprida com louvor, pois Betinho e Gustavo apoiaram bastante. Já os contra-ataques… Mesmo muito fraco, o Linense chegou duas vezes com muito perigo. É que, além dos alas (ou laterais, como preferir…), Juninho também atuou avançado, como meia, deixando França sobrecarregado na marcação do meio-campo.

Juninho, aliás, é o grande destaque desse início de Copinha. Volante de origem, adaptou-se à função de aproximar-se dos atacantes e foi premiado com o belo gol que abriu o placar, sábado. Rápido, desdobra-se para recompor a marcação, mas a verdade é que o Noroeste jogou com um triângulo no meio, às antigas, com Juninho na meia-direita e Altair na meia-esquerda. Do empate contra a Inter de Bebedouro para esta última partida, o Alvirrubro evoluiu. Que siga nessa toada.

Análise tática


Formação na partida contra a Inter, a partir dos 22 minutos do primeiro tempo, quando Tiago Ulisses entrou no lugar do contundido Renam: apesar do quadrado no meio, o time ficou sem força na direita, pois Betinho apoiava pouco, deixando um buraco naquele setor – Juninho sem opção para tabelar e Anderson Cavalo parado na área. Do outro lado, o eficiente Gustavo desceu muito e contou com a aproximação de Altair e Adilson.


Desenho tático na vitória sobre o Linense: os dois lados fortes. Anderson saiu mais, caindo bastante pela direita. Ele e Adilson alternavam – quando um abria, o outro ficava na área. O primeiro gol foi um ótimo exemplo da eficiência do esquema, quando Altair, da esquerda, lançou para Cavalo do outro lado. Betinho se aproximou, recebeu a bola e tocou para Juninho concluir.

Engatinhando
O título de capitalização ‘É Goool!’ ainda não emplacou para o Noroeste. Entre os 14 clubes paulistas participantes, ocupava a 11ª posição até ontem. O site do jogo, que repassa ao clube 50% do valor de cada título (que custa R$ 6) vendido, informava que o Alvirrubro havia arrecadado R$ 675. O São Paulo, líder, já faturou R$ 404 mil. O melhor do Interior é o Guarani, com apenas R$ 3,6 mil.

Foto na homepage de Juliana Lobato/Agência Bom Dia