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12 gigantes do futebol brasileiro: na história, não no presente

É questão de almanaque: todo mundo sabe de cor os 12 gigantes do futebol brasileiro. Esse seleto grupo tem lugar cativo na primeira prateleira da história, mas as forças mudaram. Há grandes diminuindo e novos clubes com mais poder (econômico e competitivo). Confira a reflexão de Fernando Beagá:

O que significa a negociação do Real Madrid por Reinier? Assista!

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Quem é Jesualdo Ferreira, o novo técnico do Santos

Já está espalhado aos quatro ventos o acerto do treinador português Jesualdo Ferreira com o Santos — a ponto de seu filho, o DJ Eddie Ferrer, celebrar o acordo em um story de sua conta no Instagram. Que o sucesso de Sampaoli e Jorge Jesus por aqui inspiraria clubes brasileiros a recorrer a misters estrangeiros, não havia dúvida. Mas não se pode dizer que o Peixe se rendeu a modismo por trazer um português no embalo rubro-negro, afinal, foi o clube alvinegro quem teve a ousadia inicial, contratando o argentino.

Mas quem é Jesualdo Ferreira? Para a maioria, o cara que disse que o Brasileirão é a “pior liga do mundo” quando comentou a vinda de Jesus, um de seus rivais históricos na liga portuguesa. A fala, descontextualizada, sugere desdém. A frase seguinte foi “A tarefa de um treinador no Brasil é difícil”, que pode tanto ter significado a competitividade do campeonato ou a instabilidade do cargo — o que é uma grande verdade.

Dias atrás, Jesualdo apareceu posando em cordial foto com Jesus, no período do Mundial de Clubes no Qatar — até abril, ele treinou o Al-Sadd (hoje às ordens de Xavi) e seguiu morando em Doha.

Jesualdo Ferreira, o recordista

A coincidência do novo treinador do Santos com o rubro-negro não é só a nacionalidade. Lembra-se do espanto por Jorge Jesus ganhar seu primeiro título somente aos 56 anos anos? Pois Jesualdo chegou lá aos 61: campeão da liga portuguesa em 2006/2007 com o Porto. Ganhou as duas seguintes também e ainda sustenta a recorde de ser o único técnico de seus país a ganhar o nacional três vezes consecutivas — e quem evitou o tetra foi Jesus, pelos encarnados. Outra marca: foi o quarto mister português a ganhar ligas em três países diferentes (depois de José Mourinho, Vítor Pereira e Artur Jorge). Ganhou no Egito (em 2014/2015), com o Zamalek, e no Qatar este ano.

Sua carreira de quase quatro décadas teve muito osso roído em divisões inferiores e trabalhando em categorias de base (inclusive seleção lusitana) — além de ir e voltar como auxiliar em clubes grandes. Sua primeira temporada completa no Campeonato Português foi somente a de 2000/2001, pelo Alverca (12º colocado). Na seguinte, teve sua primeira chance no “trio de ferro”, levando o Benfica ao quarto lugar. E o trabalho que o levou ao Porto foram consistentes três temporadas pelo Braga, sempre entre os cinco primeiros.

Sem atuar à beira do campo neste semestre, fez as vezes de comentarista no Canal 11, plataforma esportiva de streaming. Analisou, inclusive, a vitória do Flamengo na Libertadores, como você pode conferir no vídeo abaixo:

 

Desafio: reconectar-se à competitividade

O Peixe reabriu o caminho para treinadores estrangeiros e com nome de peso, Sampaoli. Gostou do que viu e decidiu manter o intercâmbio. Bom para o futebol brasileiro, apesar de alguns narizes torcidos.

Se vai dar certo (o que não necessariamente significa títulos, afinal, o argentino saiu daqui respeitado e sem medalhas), o tempo dirá. E o primeiro desafio de Jesualdo é reconectar-se à competitividade. Esteve longe da Europa (entre África e a Ásia) nas últimas cinco temporadas. O Brasileirão pode não ser o oásis da bola atualmente, mas é disputado. Disputadíssimo. E há Libertadores também no caminho do português.

 

Foto topo: Reprodução Al-Sadd

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Coluna

Neymar no PSG: transferência foi uma aula dos advogados envolvidos

De um lado, a notícia de que Neymar se transferiu para o Paris Saint-Germain por espantosos € 222 milhões, a transferência mais cara da história. De outro, a regra do “fair-play financeiro” estabelecida pela Uefa em 2011, visando evitar que um clube que disputa competições internacionais gaste mais do que ganha.

Diante desses dois cenários, como o PSG contratou Neymar?

Simples: o próprio Neymar comprou os seus direitos econômicos junto ao Barcelona, não havendo qualquer negociação direta entre os clubes. Isso mesmo. Neymar celebrou um contrato de prestação de serviços com um fundo de investimentos do Catar, vendendo seu direito de imagem como embaixador da Copa do Mundo de 2022 por € 222 milhões.

Com o dinheiro em mãos, foi até o Barcelona, depositou o valor da multa rescisória e se tornou um jogador livre. Nessa condição, assinou um novo contrato com o PSG, que apenas pagará as luvas e salários ao jogador (€ 30 milhões anuais), não efetuando qualquer pagamento ao Barcelona. Aliás, apenas a título de curiosidade, Neymar ainda não será o jogador de futebol mais bem pago do mundo, pois continua perdendo para Carlitos Tevez, que embolsa € 38 milhões por ano no Xangai Shenhua, da China.

A operação criada pelos advogados de Neymar e do clube francês foi digna de tirar o chapéu. Além de driblar o mecanismo do “far-play financeiro”, a não contratação direta pelo PSG reduziu drasticamente a carga tributária incidente na operação, que, segundo alguns jornais, poderia inclusive inviabilizar o negócio.

Além disso, com o pagamento da multa rescisória diretamente pelo jogador, em tese o Paris não teria que pagar ao Santos o percentual de clube formador (4% do negócio, quase R$ 33 milhões) pelo mecanismo de solidariedade da Fifa. Sabe-se, porém, que Neymar já teria solicitado ao PSG que arque com o valor devido ao clube paulista, que, inclusive, enviou notificação ao clube francês acerca do ocorrido.

Trata-se, portanto, de uma verdadeira tacada de mestre. Resta-nos saber se a Uefa, após a prometida investigação da operação, a manterá intacta, sem qualquer penalidade aos clubes e ao jogador. Enquanto isso não terminar, quem aprecia o Direito ligado ao esporte acompanha ansiosamente as próximas etapas do caso.

 

CARLOS ALBERTO MARTINS JÚNIOR é advogado, especialista em direito desportivo e atua no Freitas Martinho Advogados

 

Foto: C. Gavelle/PSG

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Coluna

Coluna Memória da Bola estreia no Canhota 10. Bem-vindo, professor Tidei!

A partir desta semana, o Canhota 10 passa a publicar a coluna Memória da Bola, que há anos agrega conteúdo ao jornal Bom Dia e ao Blog do Norusca, do grande Reynaldo Grillo. O autor autorizou e passo também a amplificar esse belo trabalho de resgate da história do nosso futebol. Bem-vindo, professor!

 

VINTE ANOS DEPOIS
Novo presidente tomando posse, o Santos na ordem do dia. Estimula uma viagem até pouco mais da metade do século passado. Corinthians, São Paulo e Palmeiras reinavam, repartindo religiosamente entre si os títulos do Paulistão. Até que, naquele 1955, o Santos F.C. deu um chega-pra-lá… 20 anos depois da conquista do campeonato paulista de 1935.

Agora em 1955, e colado ao Corinthians, o Peixe não perdeu a chance, decidindo o Paulistão na última rodada, com a vitória (2 a 1) sobre o pequeno E.C. Taubaté, na Vila Belmiro. Marcaram, pela ordem, Alvaro, Berto e o ponta Pepe, já com o apelido de “canhão da Vila”. O Peixe somou 40 pontos, contra 39 do vice Corinthians.

O técnico Luís Alonso, o popular Lula, escalou o time da foto acima: em pé, a partir da esquerda, Ramiro, Urubatão, Hélvio, Formiga, Manga e Feijó; agachados, Tite, Negri, Alvaro, Del Vécchio e Pepe.

 

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Modesto Roma e Athiê Jorge Cury

QUEM BANCOU O CAMPEÃO
Agora quem dá bola é o Santos… o Santos é o novo campeão, são os primeiros versos da marchinha Leão do Mar, cantada a partir do título de 1955, autoria de Mangeri Neto e Mangeri Sobrinho. Em 1957, é composto o Hino Oficial, autoria de Carlos Henrique Roma, filho do dirigente Modesto Roma.

Modesto Roma (1907-1986), pai do atual presidente, dono de navios e empresas de navegação, fazia dupla com o então presidente do clube, deputado Athiê Jorge Cury (1904-1992). Responsáveis pela montagem do melhor Santos da história, daí a pouco tricampeão paulista, campeão brasileiro, bicampeão da América, bicampeão mundial, base da seleção brasileira, prolongadas excursões pela Europa, Ásia, Africa, e América do Norte, a magia e a genialidade em campo para encantar os corações e as mentes…

 

joao-francisco-tideiJoão Francisco Tidei de Lima é historiador e professor universitário aposentado — passou pelos campi da Unesp de Assis e Bauru e pela USC. Possui especialização no Institut Européen des Hautes Études Internationales, da Universidade de Nice, na França. Organizou o arquivo do Museu Ferroviário de Bauru. Com experiência como  radialista, é autor do livro ‘Alô, Alô, ouvintes: uma história do rádio em Bauru’.

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Esportes

Parabéns, Peixe!

O Santos Futebol Clube comemora 100 anos e o futuro jornalista Marcio Martinele comemora a data, na seção FALA, UNIVERSITÁRIO!, homenageando seu time de coração. Vale a pena ler.

Tributo ao Centenário

Por Márcio Martinele

Tentar entender alguém que nasce nos anos 80 e escolhe um time como o Santos para torcer não é tarefa fácil, por mais influência que o pai exerça sobre ele. Por que vou seguir aquele que a minoria segue, que pouco conquistava desde então? Questões complexas quando falamos de futebol, esporte que envolve muito o fator títulos. Talvez ser santista é fruto de uma vontade natural em ser subversivo à sociedade; o diferente, o “do contra”, juntamente com um pouco daquilo de desejar a vitória do lado mais fraco, para que a alegria venha redobrada ao final da partida e a gozação mais prazerosa nas mesas de bares.

Para exemplificar esta situação, citarei um domingo nublado de clássico no Paulistão 2006, dia 12 de mês carnavalesco; a alegria comia solta entre corintianos que acabavam de comemorar o Brasileirão do ano anterior, além de terem um timaço com jogadores em seus melhores momentos: Marcelo Mattos, Ricardinho, Roger, Nilmar, Tevez e MSI… Já o Santos tinha Júlio Manzur e Domingos na zaga, Neto na esquerda, Tabata vestindo a 10 e Reinaldo como “homem gol”. A expectativa era de um novo 7 a 1 para o Timão, por mais que a imprensa escrevesse que “clássico é clássico…”. Eis que o arquiteto Luxa “superlota” o meio de campo com volantes, coloca três zagueiros e não deixa o Corinthians evoluir. Vanderlei faz propositalmente o jogo ficar tão feio quanto o time que tinha em mãos. O melhor do “nó tático” surge quando Reinaldo sente dores e é substituído por aquele que ninguém sabe que fim levou: Geílson, que aos 33 minutos do segundo tempo recebe lá do campo de defesa um grande tijolo de Fabinho, ganha no corpo de Betão, deixa Marinho pra trás e com uma categoria além de sua pessoa “toca” no canto esquerdo de Marcelo. Santos 1 x 0 Corinthians. Só o bíblico Davi sabe o que sentiram os santistas naquele dia; a partir daquele jogo nada poderia tirar o título do Peixe.

Com o perdão do pulo cronológico, voltemos ao passado mais distante. Iniciei minha paixão pelo Santos de uma maneira estranha: perdendo… Foi no Brasileirão de 1995, quando vi aquele time “bem arrumado” chegar às finais. Eu era pequeno demais pra lembrar de detalhes dos jogos, mas impossível não guardar em mente “o cara” que reunía velocidade, habilidade, técnica e classicismo em uma mesma jogada; o legítimo “camisa 10”, o G10, cujo apelido serviria perfeitamente para o momento alvinegro: Giovanni, o Messias. Sem dúvida, era ele o homem que traria de volta a fé praiana. Infelizmente, na final, contra o Botafogo, Márcio Rezende de Freitas era fariseu, romano e Pôncio Pilatos em um só juiz, condenando o nosso salvador e todo time a mais sete anos de jejum de títulos importantes. Um ano depois, Giovanni foi vendido ao velho continente e a vida de um santista continuava…

Há quem diga que esse fracasso foi o mais triste na vida de um peixeiro. Aliás, com certeza foi, mas somente para aqueles que já tinham certa idade na época, o que não era o meu caso. Para mim, não foi pior do que o Paulistão de 2001. Depois de empatar o jogo de ida contra o Corinthians na semifinal, o Peixe dependia de outro empate para jogar a decisão contra o Botafogo de Ribeirão Preto. Isso até Gil receber na esquerda, deixar André Luiz no chão e cruzar. Na sequência do lance, Marcelinho Carioca fez uma finta de corpo e deixou Ricardinho livre para definir o marcador, aos 48 minutos do segundo tempo! Corinthians 2 x 1 Santos. Inexplicável para um garoto que dessa vez tinha 12 anos e já sabia raciocinar a ligação entre tragédia e a angústia dos dias seguintes.

E por falar em angústias, só delas vivemos de 1985 a 2001. Neste período, o Peixe ganhou um Torneio Rio-São Paulo em 1997 e uma Commebol em 1998… Quase nada para um time como o Santos. Eis que surge uma nova era: 2002. O ápice na minha vida como admirador do futebol. Como explicar um time montado pra brigar, no máximo, por uma vaga na Mercosul (hoje Sul-Americana) ser campeão brasileiro atropelando todos na fase mata-mata? Mais uma vez, o Santos estava vestido de Davi, de onze Davis. Um santista jamais esquecerá da tarde de 15 de dezembro de 2002, com Fábio Costa; Maurinho, André Luiz, Alex e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego; Robinho e Alberto e o Rei da Selva no comando. A nação alvinegra perde a virgindade com estilo; Léo, Elano e Robinho estavam dopados de Viagra e, como disse no começo do texto, a glória aparece de maneira redobrada. Os Meninos da Vila estavam de volta.

Hoje, 14 de abril de 2012, a praia de Santos está imprópria para outro escudo. São 100 anos de história que ultrapassa a área futebolística. Temos um himeneu perfeito: técnico vencedor, equipe aprazível e, de lambuja, como diria LAOR, um champanhe borbulhante e explosivo (Neymar) com um vinho Bordeaux quieto e introspectivo (Ganso). Irônico que há 10 anos formava-se este embrião que iria esmerilhar somando arte e eficiência em véspera de centenário. Tem algo no DNA deste time que, vira e mexe, eles ficam bons. Irônico também esta equipe ainda manter sua tradição de eterna inovadora, resistindo ao conservadorismo, com seus moleques inquietos e infantis, tratando a bola como um simples brinquedo. Como escreveu Alberto Helena, o Santos vive “na contraposição das duas ideias básicas do futebol, quiçá da vida: a rebeldia contra o estabelecido; o ataque contra a defesa; o novo e o velho, ambos sempre eternos”. Parabéns, Nação Alvinegra.

Márcio Martinele é estudante de Jornalismo da Universidade do Sagrado Coração e atua na rádio Auri-Verde 760AM