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Pra sempre Fenômeno

Ronaldo se despede da Seleção Brasileira com festa; Canhota 10 relembra texto sobre o camisa 9

Esqueça a silhueta arredondada de hoje, viaje na memória da grande contribuição de Ronaldo ao futebol brasileiro. Afinal, ele mesmo aprendeu a rir de si, como comprovou em sua participação no programa Bem, amigos! do dia 6 de junho. Abaixo, reproduzo texto publicado na revista Tributo Esportivo Edição Histórica 2, da Editora Alto Astral, tema Os 100 grandes craques do futebol, em reverência ao Fenômeno, na ocasião (novembro de 2007) eleito o décimo maior da história. O texto é do meu colega Marcelo Ricciardi.

PENSE BEM ANTES DE FALAR MAL DELE

Por Marcelo Ricciardi

Você deve ter se cansado de tanto ouvir falar dele. Na segunda metade da década de 90, o futebol mundial praticamente se resumiu a um nome: Ronaldinho. Isso mesmo, no diminutivo ainda. Posteriormente, o maior artilheiro de todas as Copas (o 15º gol saiu contra Gana em 2006 e o isolou na liderança, à frente de Gerd Müller) enfrentaria problemas com seu peso, que lhe acrescentariam um maldoso sufixo “ão” ao apelido. Teria também a concorrência pela carinhosa alcunha com outro xará brasileiro.

Quando saiu do Cruzeiro em 1994 para o PSV Eindhoven, não era tão badalado assim, mas já um recordista em cifras. Talvez nem mesmo aquele garoto franzino de dentes salientes sabia que chamaria tanto a atenção dali a pouco tempo. Ronaldo fez parte do elenco do tetra nos Estados Unidos, porém aparecia para as câmeras mais pelas gracinhas e brincadeiras ao lado do corintiano Viola. Mal sabia que seriam as lentes suas algozes logo mais.

E Ronaldo estourou: mais robusto, suas arrancadas vertiginosas no Barcelona e na Internazionale garantiram praticamente a unanimidade na eleição da Fifa para melhor do mundo em 96 e 97. Os flashes eram tantos na Copa de 98 que transbordaram até para a então namorada Suzana Werner. Raspar o cabelo e comemorar gol com o indicador levantado era febre em qualquer pelada da molecada.

E então, o apagão. Literalmente, Ronaldo foi desligado instantes antes daquela final contra a França de Zidane. Sem sequer saber ao certo pelo que tinha passado, entrou em campo para trombar com o carequinha Barthez e ser crucificado pela derrota. A mesma mídia que o idolatrou não teve remorsos em devorá-lo sem perdão. Os joelhos sentiram então, tanto psicologicamente como fisicamente, o peso do que era ser Ronaldo.

Meses depois daquela Copa, o atacante não teve como escapar da mesa de cirurgia. Após quase um ano parado, uma volta em falso: não foram sequer dez minutos de jogo aquele dia no Estádio Olímpico de Roma, contra a Lazio, até a dolorosa queda no primeiro arranque, reprisada exaustivamente até em programas de auditório ou de fofocas vespertinas. Forçado a encarar um novo limite, Ronaldo teve que reinventar o próprio estilo de jogo para voltar a campo. E como se não bastasse, novamente o mundo desabou sobre ele sem dó.

Ronaldo ainda iria chorar mais uma vez em outra final de Copa. Pouco antes de Pierluigi Colina apitar o final daquela partida contra a Alemanha em 2002, o (novamente) Fenômeno não resistiu às lágrimas quando foi substituído antes do final. A alteração no time que todos cobraram quatro anos atrás desta vez fora totalmente subjugada pelo próprio atacante, que balançou as redes duas vezes naquela final e outras seis durante a campanha do penta. Podemos até ter nos emocionado com toda a sua epopéia, mas somente ele, Ronaldo Nazário de Lima, sabia que gosto amargo tinha a água no fundo do poço. Houve até quem chorasse junto, mas somente uma lágrima entre todas era a mais sincera que poderia existir, aquela que escorreu de seus próprios olhos.

O Fenômeno segue jogando e ocasionalmente parece que não aprendeu algumas lições (anunciou um casamento desastroso em rede nacional e se apresentou quilos acima do peso na Alemanha em 2006). Dá munição para seus detratores, talvez até seja dependente disso para reagir. Para os urubus oportunistas de sempre é bom lembrar: antes de profetizarem uma nova aposentadoria de Ronaldo, lembrem-se que em bom futebolês esse nome quer dizer “volta por cima”. Foi o que aconteceu no Milan, em 2007, quando o agora cabeludo camisa 99 recuperou o prazer de balançar as redes.

*** Depois deste texto, Ronaldo se contundiu seriamente no joelho de novo, deu a volta por cima de novo (!) e fez o que fez no Corinthians, naquele brilhante primeiro semestre de 2009.

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Bom Dia na Arquibancada de 15 de fevereiro

Mesa-redonda entra na polêmica da aposentadoria de Ronaldo e afoga as mágoas

Programa também fala de Copa do Brasil e Libertadores

Agência Bom Dia
O BOM DIA na Arquibancada desta terça-feira levanta polêmicas e questionamentos sobre a aposentadoria do atacante Ronaldo. O programa também fala de Copa do Brasil e de Libertadores.

Nesta terça estreia o quadro “Só bebendo”, que protesta e se revolta contra alguns acontecimentos do nosso futebol.

Clique aqui e veja todas as edições de 2011. Deixe sua mensagem com nome no site do BOM DIA, contato e cidade e concorra no programa da próxima sexta a uma camisa histórica da seleção brasileira.

1º bloco:

2º bloco:

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Noroeste precisa de mais 13 pontos para não cair

Calculadora na mão

Dito e feito. O Noroeste perdeu para o Santos na Vila Belmiro – uma partida que não entrava na conta alvirrubra. Valia, como escrito na semana passada, como termômetro do time bauruense para o restante do campeonato, que segue produzindo ofensivamente – mas não pode desperdiçar pênalti, Zé! –, pois obrigou o goleiro Rafael a trabalhar duramente duas vezes.

Entretanto, a zaga ainda merece atenção. Ou melhor, o posicionamento defensivo. O primeiro gol do Peixe saiu de contra-ataque, após escanteio noroestino. Júlio César ficou na cobertura, marcando Zé Eduardo, e perdeu na corrida para ele. E o lado direito da zaga, com Cris, sofreu com as investidas de Diogo, que pedalou e driblou por ali como quis… O grande nome da retaguarda é Halisson.

Com isso, constata-se que melhor seria ter contratado um zagueiro experiente do que um meia. Victor Júnior, o novo reforço, é uma incógnita, mas com carimbo do treinador. Lori Sandri o treinou no Marítimo, de Portugal, na temporada 2008/2009. Além disso, o jogador é formado no futebol paranaense, base do trabalho do técnico alvirrubro.

Contas contra degola
Nas últimas seis edições do Paulistão, quem fez 21 pontos não caiu. Esse número, portanto, é uma boa referência para o Noroeste. Hoje com oito, faltam 13 para escapar. Com 33 por disputar, o Norusca precisa de um aproveitamento de 40%. Simplificando: vencer São Caetano, Ponte Preta e Grêmio Prudente no Alfredão (nove pontos) e conseguir mais quatro fora (uma vitória e um empate em seis jogos). Não incluí Palmeiras e São Paulo na conta, mesmo em casa. Pontuar contra esses grandes, então, tornará a tarefa melhor. Vendo assim, não parece difícil. Basta jogar bola direito.

Preço do ingresso
Quando anunciou os preços dos ingressos para este Paulistão, o Noroeste justificou os R$ 40 de arquibancada pela necessidade de cobrir custos da adaptação do estádio Alfredo de Castilho ao Estatuto do Torcedor – incluindo o sistema de monitoramento por vídeo. Ok. Nos últimos tempos, entretanto, a diretoria já se justificou baseada no preço mínimo estipulado pela Federação Paulista de Futebol, R$ 30. A coluna entrou em contato com a FPF e é possível, sim, praticar preços menores, como vêm fazendo vários clubes. Abre aspas para a resposta da entidade: “A FPF tem o poder, pelo Regulamento Geral de Competições, de estipular o valor dos ingressos para os campeonatos que ela organiza, mas dá autonomia ao clubes para colocarem seus preços, seja para mais ou menos de R$30,00. Para isto, o clube precisa comunicar a FPF via ofício”. A diretoria alvirrubra poderia ter mantido o argumento anterior…

É caro mesmo
As despesas (arbitragem e outras tantas taxas) a cada mando de campo estão na casa dos R$ 20mil. O Noroeste teve prejuízo em três de seus quatro jogos no Alfredão. Mesmo assim, tem uma receita líquida de bilheteria, até agora, de R$ 20.967,30 – a partida de estreia salvou os cofres. A média de público do clube é de 1.142 pagantes por partida. A sabedoria popular diz que os preços são majorados porque a maioria paga metade. Faz sentido: 83% dos ingressos vendidos pelo Norusca foram de meia-entrada.

Pacotes
Outra questão respondida pela Federação foi a respeito dos borderôs. Segunda a FPF, os ingressos comprados por pacote promocional estão incluídos nos boletins financeiros – apesar de não especificados. A coluna indagou o Noroeste sobre a quantidade de pacotes vendidos para os nove jogos e aguarda resposta.

Valeu, Ronaldo!
Hora de deixar o papo de gordo de lado e aplaudir o fechar das cortinas da brilhante carreira do Fenômeno. O maior ícone do futebol mundial nos últimos 15 anos.

Texto publicado na coluna PAPO DE FUTEBOL, do jornal BOM DIA BAURU, no dia 14 de fevereiro de 2011

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Homenagem a Ronaldo Fenômeno

Foto de Divulgação/Daniel Kfouri/Nike (inclusive home)

Como hoje (7/6/2011) ele se despede da Seleção, em grande festa no Pacaembu, republico texto que escrevi em homenagem ao Fenômeno quando ele anunciou a aposentadoria.

Fenômeno não precisa provar nada: sua carreira é brilhante

Quando eu escrevia para o Jornal do Pontal, da minha Ituiutaba-MG, Felipão, pelos idos de 2002, convocava a Seleção para amistosos antes da Copa. Aquela leva de jogos decisiva que cravou as vagas de Anderson Polga, Gilberto Silva e Kleberson. E… Ronaldo. Na ocasião, escrevi no título “Ele é mesmo um fenômeno”, ironizando como era possível um jogador em recuperação física, fora de forma, ser chamado para defender o Brasil num Mundial. A exemplo de muitos cronistas, quebrei a cara.

Depois que Ronaldo arrebendou na Coreia e no Japão, fazendo oito gols em sete jogos e trazendo o quinto caneco brasileiro, prometi nunca mais criticá-lo. Cravar seu fim? Jamais. Quando novamente teve problema no joelho, no Milan, novamente deram-no como acabado. Eu fiquei quieto, já calejado pelo poder de superação do dentuço. Dito e feito: ele foi para o Corinthians e arrebentou em 2009, ganhando Paulistão e Copa do Brasil.

Evidentemente (e visivelmente) acima do peso, mesmo assim o camisa 9 fez belos gols e desfilou seu talento pelos gramados brasileiros. Mas, tudo tem seu fim. E ele realmente se arrastava em campo nesse início de 2011. O corpo não obedecia mais. O próprio Ronaldo admitiu, ao portal do Estadão: “Não aguento mais. Eu queria continuar, mas não consigo. Penso uma jogada, mas não executo como quero. Tá na hora. Mas foi lindo pra caramba”.

Foi muito lindo. Desde seus primeiros passos (largos) no Cruzeiro. Da Holanda, chegavam vídeos com seus golaços pelo PSV. Em um centro maior, já foi possível assistir seus partidaços pelo Barcelona, a melhor fase de sua carreira. Na Inter, apesar das contusões, ganhou uma Copa da Uefa. O Real Madrid o comprou em novo auge, pós-Copa 2002, e ele já chegou marcando gols e ganhando Mundial de Clubes e Espanhol, brilhando ao lado do amigo Zidane.

No Milan, a curva da carreira começou a ficar descendente, mas não sem antes marcar alguns gols em sua curta passagem. Novo problema no joelho e a acolhida do Corinthians: a fiel abraçou o novo ídolo e foi muito feliz com ele. Mas não o perdoou com mais uma Libertadores perdida – culpa dessa burra obsessão pela América…

Todo mundo curtiu chamá-lo de gordo, fazer piadinhas prontas com a palavra peso, enfim, é saudável e faz parte do futebol. Mas, o momento é de reverenciar o maior ícone do futebol mundial nos últimos 15 anos. Nem Cristiano Ronaldo, nem Messi, afinal, eles são subproduto do Fenômeno. Sem o R9, não haveria superstars da bola. Isso começou com ele, com suas arrancadas fulminantes em campo e sua habilidade com a mídia fora dele. Nem Pelé foi tão habilidoso marqueteiro.

Obrigado, Ronaldo. Quem gosta de futebol deve esse agradecimento a você.