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Em Rio Claro, garotada do Bauru Basket ganhou casca

retranca-Paulista copyO Bauru Basket estreou no Campeonato Paulista como prometeu: com a molecada, sem a responsabilidade de vencer. Contra um adversário bem mais qualificado, Rio Claro, e ainda fora de casa, o resultado não surpreendeu: 71 a 49 para Gui Deodato e seus colegas da Cidade Azul.

Tudo dentro do script, torcedor, não se assuste. O estadual é disputado por dez equipes e oito se classificam para os playoffs, isto é, quando os principais jogadores forem agregando a formação, haverá vitórias suficientes para avançar de fase. O armador Valtinho e o pivô Shilton, reforços da temporada, deverão estrear ainda no primeiro turno.

Por enquanto, o interessante é dar a esses meninos a oportunidade de ter outro tipo de exigência física, num nível que é um salto muito grande em relação ao que estão acostumados no estadual de sua categoria — onde são os únicos invictos, aliás.

Além das muitas estreias no profissional, aqueles que já haviam tido oportunidades ganharam minutagem. Eltink (o “tiozão” do time, aos 21 anos) atuou por 38min, Stefano, 33. A molecada jogou de igual para igual no segundo e terceiro períodos.

Mas a noite foi de Maicão (foto acima), recém-chegado do bronze da Copa América sub-18, com a Seleção. Quase fez um duplo-duplo e teve um interessante duelo com o experiente André Bambu. E ganhou elogios do técnico Hudson Previdelo (Demétrius na Seleção principal, assistente de Magnano). “O Maicão é um prospecto pra Europa, seleção e até NBA. Temos uma expectativa muito grande com esse jogador e esse Paulista vai ser muito importante para ele se desenvolver, agora integrado ao time adulto”, disse o treinador ao repórter Luiz Lanzoni (Auri-Verde 760AM/Jornada Esportiva).

Se tiver paciência neste momento, a torcida será testemunha dos primeiros passos de garotos promissores. Se alguns deles ganharem espaço na minutagem dos jogos quando a equipe estiver completa — o que vai acontecer somente no final de setembro —, o trabalho atual será ainda melhor sucedido.

No sábado, 30/jul, às 17h, o Dragão recebe Osasco na Panela de Pressão.

ABRE ASPAS
Outros depoimentos colhidos pelo repórter “Tá no jogo”:

O Boludinho foi bem
O Boludinho foi bem

“O time é muito novo, foi o primeiro jogo de muitos no adulto, isso complicou a gente no começo do jogo, mas no decorrer do campeonato vamos melhorar e vamos ganhar um jogo”, resumiu o armador Stefano.

“Voltamos do intervalo com mais pegada e conseguimos encostar um pouco no placar. Não deixamos abrirem uma larga diferença. Mas é só o primeiro jogo e vamos melhorar ainda”, analisou o pivô Maicão.

“A gente sabia que o primeiro jogo ia ser muito difícil, fora de casa e sem o Jaú e o Guilherme. O sentimento é que poderíamos ter ido melhor, mas tem muito jogo pela frente ainda e no sábado vamos contar com o apoio da torcida bauruense”, disse o escolta Renan Previdelo.

“Eles sentiram no começo do jogo, o que é normal, pela estreia, pelo nível do adversário, mas depois melhoraram. Independentemente do resultado, o que não pode é perder a vontade, a pegada, e eles fizeram isso como pedi e estou satisfeito com a entrega deles”, comentou ainda o técnico Hudson Previdelo.

FALTAM DOIS
Dois dos principais jogadores da base ainda estão de molho. O armador Gui Santos, que já compunha o elenco principal na última temporada, recupera-se de uma fratura no pé e retorna em duas semanas. Já o ala-pivô Gabriel Jaú, fraturou a mão durante a Copa América sub-18 e volta em até seis semanas.

DE DOIS
Um detalhe interessante: o time converteu só uma bola de três na partida, com Stefano. Chamou ainda mais a atenção que foram somente 11 tentativas. Isto é: não bateu o desespero, desencanaram do placar e buscaram desenvolver o jogo, trabalhar o ataque sem precipitação. Muito bom isso.

Léo Eltink. Fotos: Caio Casagrande/13 Comunicação/Bauru Basket
Léo Eltink. Fotos: Caio Casagrande/13 Comunicação/Bauru Basket

NUMERALHA
Maicão: 18 pontos, 9 rebotes
Léo Eltink: 11 pontos, 7 rebotes, 2 roubos
Stefano: 9 pontos, 6 rebotes, 2 assistências
Júnior: 4 pontos, 2 rebotes, 2 assistências
Henrique: 2 pontos, 2 assistências
Renan Previdelo: 2 pontos, 2 assistências
Felipe Smith: 1 ponto, 5 rebotes, 2 roubos

 

Fotos: Caio Casagrande/13 Comunicação/Bauru Basket

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Arrebenta, Gui: uma homenagem ao menino bauruense

batmanO menino bateu asas. Digo, o morcego. O Batman voou para Rio Claro. Foi virar protagonista, jogar tantos minutos quanto seu fôlego aguenta — todos, portanto — para escrever um novo capítulo em sua carreira. Caminhada que já é longa, apesar de ter apenas 24 anos de idade, pois ele disputou todas as sete edições do Novo Basquete Brasil.

Esse menino que começou magrelo e hoje exibe musculatura que não tirou sua agilidade é Guilherme Pereira Deodato. Filho de Bauru, do Mary Dota, do seo Clodoaldo e da dona Gislaine. Moleque que migrou das arquibancadas da Panela de Pressão para dentro da quadra. Que abraçou a oportunidade e mudou sua história.

Aplicado nos treinamentos, estilo sangue nos olhos, Gui começou a experimentar protagonismos a partir de 2011. Liderou Bauru na primeira edição da Liga de Desenvolvimento, quando foi vice-campeão. A explosão veio no ano seguinte: vencedor do torneio de enterradas, eleito destaque jovem e jogador que mais evoluiu do NBB4, e convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira, quando disputou o Sul-Americano.

O ano de 2012 ainda reservou um registro especial: quando participei de um dia de treinamento dos guerreiros, pude presenciar um recado determinado que o ala passou para a garotada: “Esse ano eu não admito perder de novo!”, referindo-se à Liga de Desenvolvimento, cujo elenco seria completado por alguns dos meninos que participavam daquela atividade. Não deu outra: ele, Ricardo e Andrezão comandaram o Dragãozinho ao inédito título brasileiro sub-22, já em março de 2013, no mesmo final de semana em que o Batman virou Darth Vader e conquistou o bi nas enterradas.

A bela postura do Sargento Gui durante o Hino Nacional: disciplina é uma de suas marcas
A bela postura do Sargento Gui durante o Hino Nacional: disciplina é uma de suas marcas

Ainda em 2013, Gui levou mais uma vez o troféu de jogador que mais evoluiu, no NBB5. Foi sua melhor temporada: titular, médias de 30min em quadra e dois dígitos nos pontos (11). Desempenho que valeu reconhecimento com o campeonato ainda em andamento, quando teve seu contrato renovado por três temporadas, um momento de realização profissional e financeira. Para coroar o ano, o título paulista, em que foi o único a disputar todas as 34 partidas da campanha — em sua melhor atuação, destruiu em São José dos Campos.

Desde então, o desempenho do camisa 9 caiu. Curiosamente, no NBB6 ele ainda poderia se firmar, pois o ala Ayarza foi um fiasco e Fernando Fischer, atrapalhado pelo tornozelo, jogou pouco. E para a temporada seguinte, viu chegarem Alex Garcia e Robert Day, o que diminuiria ainda mais seus minutos — o que gerou uma madura declaração ao Canhota 10, quando o Sargento Deodato falou também de sua experiência na Seleção Militar.

Veio a última temporada e, apesar da grande concorrência, Gui teve seus momentos — como quando bateu seu recorde de pontos num jogo, contra a Liga Sorocabana. E foi titular na maioria das partidas dos playoffs do NBB7, devido ao seu potencial defensivo.

Depois de roer o osso desde a retomada do basquete em Bauru, saboreou a avalanche de títulos (bi paulista, Sul-Americana, Liga das Américas) e ainda teve a honra de ser escolhido para erguer o troféu dos Jogos Abertos, em Bauru, evento que também contou com ele acendendo a pira na cerimônia de abertura.

Por fim, a contratação de Léo Meindl foi determinante para a joia bauruense ir respirar novos ares. Vale lembrar que era um namoro antigo contar com a joia francana, que não veio antes, entre outros motivos, exatamente para não tirar o espaço de Gui. Se ficasse — tinha mais um ano de contrato — certamente teria poucos minutos a dividir com Alex, Day e Meindl. Assim, foi aconselhado pela comissão técnica a ir buscar esses minutos e seguir evoluindo, como relatou Guerrinha ao C10 no mês de junho.

E Gui foi voar. Foi levar seu sorrisão pra outra torcida, pra enterrar o estigma de eterna promessa e virar realidade. Tem talento e determinação pra chegar longe. E leva na bagagem as energias positivas de uma cidade inteira. Se a saída de Larry comoveu, a de Gui tem um sentimento diferente. Chegou a hora de deixar o filho crescer. Ele deixou um recado:

“Estou feliz com o novo desafio que eu vou enfrentar. Quero agradecer apenas, a você e a todos os bauruenses por todo o carinho que tiveram por mim todos esses anos, que sempre de alguma forma me empurraram pra cima, com um esporro ou um grito incentivador. Abraços com gratidão. Serão só boas lembranças!”

Nós é que agradecemos, Gui. Um dia você volta. E volta com tudo. Arrebenta, moleque.

 

Foto do topo: Orlando Bento, Divulgação

OBS: alguns dos posts sugeridos estão com imagens com links perdidos. Mesmo assim, vale o registro. Mostra que este Canhota conseguiu registrar os melhores momentos desse guerreiro.