Gostaria de ter lembranças de Rodrigo Rodrigues comandando o Bate-Bola, da ESPN Brasil, mas era um horário ingrato pra mim à época. Vi um ou outro plantão pós-rodada. Fui impactado mesmo pelo Resenha. Todos fomos. Provavelmente não foi o primeiro programa a reunir boleiros, mas sob seu comando (com a generosa escada para Sorín) foi o melhor. Estilo muito copiado depois, jamais superado.
Comentei com amigos, enquanto lamentávamos, ainda, seu estado grave, que me identificava com o RR por alguns motivos.
Primeiro, obviamente, por motivos rubro-negros. Falava do Flamengo (e de Zico) de um jeito fácil, sem marra, sem incomodar o torcedor de outros times. E crítico, quando necessário. Vibrei quando ele interagiu comigo, no Twitter — concordamos que o uniforme de 2019 era feio.
Também me encantei por Rodrigo ser mais um alfabetizado por Placar. Em 2017, comandou o PLACAR Ao Vivo nas redes sociais, quando entrevistava colegas jornalistas e ex-jogadores. A parte mais saborosa do programa, entretanto, era quando comentava imagens de arquivos da revista. Era evidentemente alguém que as havia folheado na infância. De cá da tela, eu via detalhes que ele, de lá, também via. Tanto viés bom que as lembranças da bola oferecem, mas poucos têm essa percepção. RR tinha.
Via e comentava, principalmente, detalhes de uniformes. Aquela tipologia do número da Finta, nos anos 1990. O patrocínio da Galeria Pagé na camisa do Palmeiras. E mais uma vez concordamos que nunca o Flamengo terá outro uniforme como o da Adidas entre 1988 e 1992 (coraçãozinho eternizado no meu tweet).
Por fim, Rodrigo Rodrigues pra mim é uma questão de representatividade. Coisa simples, besta mesmo, ainda mais em plena segunda década do século 21, mas quem já teve a orelha fulminada por um olhar moralista sabe do que estou falando: o brinco. Aquela argola vistosa quebrou um tabu na televisão.
Se eu humildemente lamento que nunca o conhecerei, imagino a dor dos colegas e amigos que não irão vê-lo novamente, que sabem como foi bom tê-lo por perto.
SRN, RR.