Tenho escrito sempre que a essência do torcedor, sobretudo noroestino, é sofrer. A vitória magra sobre o Olímpia, pela quarta rodada da Série A3, foi mais uma prova disso. Nada que abale alvirrubros como o Niltinho, o cidadão da foto acima e figura habitual atrás do gol dos eucaliptos. Faça chuva ou sol, ele está lá. “Se eu não estiver, é porque estou trabalhando“, alerta.
Tenho por hábito, no intervalo, deixar a cabine de imprensa e ir cumprimentar o Niltinho — também o Josinei, outro alvirrubro daqueles. Acabo ficando boa parte do segundo tempo, pela resenha e pelo impagável termômetro que é acompanhar o humor da arquibancada. Do elogio desconfiado à crítica mais injusta, é ali que é forjada a confiança no time — que, por enquanto, está devendo mesmo.
Importam os três pontos, claro, ninguém lamenta pela falta de espetáculo — até porque o jogo praticado na terceirona paulista é algo parecido com futebol e a bola parece ter nojo da grama. O que preocupa é passar boa parte do segundo tempo encurralado pelo lanterna do campeonato.
O Norusca voltou do intervalo animado, com boas triangulações pela direita, e alcançou o gol da vitória antes dos dez minutos. Poderia aproveitar a empolgação para perseguir melhor placar, mas recuou. E passou quase meia hora se defendendo, isto é, sofrendo.
Hábito no Alfredão: em dezesseis jogos em casa em 2018, foram apenas seis vitórias e somente duas delas com mais de um gol de diferença. Então, amigo, não tem show na Vila Pacífico. Mas tem amendoim, cornetagem e palpitação. Mais raiz, impossível.
É sempre um dia especial, o do reencontro — embora ainda não seja no Alfredão. Dia de renovação da fé alvirrubra. A páscoa noroestina. Essa rotina de esperar meses para rever o time é uma incubadora de ansiedade. Outra vez, entretanto, passou. Chegou a hora de sofrer mais uma vez. Sim, sofrer, porque essa é a graça de ser torcedor. Em qualquer ocasião. Sofre-se na queda, no sufoco, mas também na vitória. Não existe passeio ou acesso fácil. Sempre custam algumas unhas.
Já houve estreias mais empolgantes, como aquela quarta-feira escaldante que torrou o Corinthians de Tevez, em 2006, outras melancólicas, como o inferno da Bezinha. Depois de tantas idas e vindas, a gente percebe que a divisão é irrelevante. A camisa vermelha é a mesma e há sempre um sonho pela frente. Pode ser um acesso (a realidade atual), pode ser uma vaga na Série D, pode até mirar uma Libertadores — vide Santo André e Paulista.
Quando o Esporte Clube Noroeste adentrar o gramado do Palma Travassos, em Ribeirão Preto, começará a escrever um novo capítulo. O tema ainda é uma incógnita. Pode ser terror, mas (tomara!) pode ser épico. Certamente, haverá suspense nesse romance entre a torcida e seu amado Norusca.
Bom trabalho ao clube, do presidente ao jardineiro. Bom trabalho aos colegas que vão correr atrás de boas histórias. Boa diversão aos torcedores. Que 2019 acrescente boas lembranças.
Na última quarta-feira, o Noroeste foi apenas coerente, repetindo o que havia feito nos últimos jogos noturnos (contra Paulista e Oeste, na Copa Paulista, semestre passado). Valeu para instigar. Agora é pra valer: o torcedor gostou de ver seu Alvirrubro bem trajado, o Alfredão estava bonito e teve até buzinaço na saída do Alfredão – o que não era ouvido faz tempo.
Portanto, o Noroeste está desafiado a jogar de camisa vermelha, calção branco e meias vermelhas neste sábado, contra o União Barbarense. SEJA RUBRO, NORUSCA!
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Confesso que nunca fui fã de torcida organizada e exemplos não faltam para justificar essa minha postura. Mas não sou teimoso e sei dar o braço a torcer. Quem vê a dedicação incansável do Pavanello, lê os relatos do Henrique Perazzi de Aquino, conversa cinco minutinhos com o Marcão Shopping ou testemunha a admiração do Gustavo Duarte, sabe que a Sangue Rubro é uma torcida diferente, que tem uma tradição a zelar – e raríssimos arranhões nessa história de 25 anos. E vêm outros tantos pela frente, ainda mais agora que confia a um garoto de 18 anos a responsabilidade de presidi-la. O Canhota 10 entrevistou o novo presidente da organizada noroestina, Vitor Vieira, o Vitinho. Ele não afinou para nenhuma pergunta e tem um discurso firme. Que tenha sorte em seu novo desafio e que a Sangue continue a torcer meu braço.
Liderar uma agremiação aos 18 anos é um grande desafio. O que o fez se sentir preparado para encará-lo? Como irá conciliar com sua vida particular? Realmente é um grande desafio. Afinal a torcida tem 25 anos, inclusive a entidade é mais velha do que eu. E isso me deixa muito motivado e preparado para encarar tudo. Pela história que a torcida tem. É algo que vem sendo conservado de muitos anos e tem que ter muita responsabilidade e dedicação. Acho que será bem tranquilo conciliar com minha vida particular. Minha família sempre me apoiou, apesar de todos torcerem para um time da capital. Este ano pretendo fazer faculdade de Educação Física e trabalhar. Vou saber separar um de outro.
Qual a importância na figura do Pavanello nesse momento de transição? O Pavanello nesse momento é de fundamental importância para mim, apesar de eu já ter quase cinco anos de torcida. Ele é mais experiente, ele vive a torcida antes mesmo de eu ter nascido, é um ícone pra mim. Ele me deixou bastante confiante desde o momento que falou que vai me dar todo o suporte no meu mandato, assim como os outros diretores também. Somos uma família mesmo e todos temos que correr junto pelo nosso principal objetivo, cada um ajudando outro de alguma forma.
Você chegou a apresentar metas antes da eleição? Quais são as prioridades do seu mandato? Não apresentei nada. Acredito que eles reconhecerem meu trabalho como diretor nestes anos de torcida. Sempre tive empenho em tudo que eu fiz por ela, e vou continuar tendo com certeza. Em meu mandato eu pretendo dar continuidade ao excelente trabalho que o Renato vinha fazendo. Materiais de primeira qualidade, novas faixas, eventos, etc. Coisas simples que com competência fazem grande diferença em uma torcida.
É claro que não é possível controlar o comportamento de todos os associados. E não é incomum no Brasil que alguns torcedores usem drogas ou a pratiquem atos violentos enquanto uniformizados. Se você souber de infrações cometidas, quais medidas irá tomar? Isto é um assunto complicado, mas não admitimos isso em nossa entidade. Hoje, por exemplo, somos filiados a associações (como Ministério Público, Federação Paulista de Futebol, Polícia Militar e outras) que tem o intuito da paz e não da violência, que vemos sempre nas mídias, e cobramos isso de todos os membros da torcida. Hoje as coisas mudaram, não são mais como antigamente em que a maioria dos jogos tinham brigas. Existem multas, punições para torcidas que cometem infrações como a violência. Outro exemplo que posso citar, são nossas amizades com outras torcidas pelo interior de São Paulo. E se você tem respeito pela torcida do time adversário é muito difícil que haja algum confronto, criando assim o clima de paz nos estádios.
Como está a agenda da Série A-2? Em quantos jogos fora de casa pretendem ir apoiar o time? A agenda começou desde os jogos-treino e os jogos da Copa SP de futebol júnior. Na série A-2 não vai ser diferente, estaremos presentes em todos os jogos. Mesmo se estivermos em uma um pessoa ou em 200 pessoas. O Noroeste nunca vai jogar sozinho.
A Sangue tem uma posição política definida a respeito da administração Damião Garcia? Qual a sua opinião sobre a atual diretoria? Sim. Acredito que cada membro, cada diretor da torcida tem sua posição diante da diretoria. A minha opinião é que o Sr. Damião fez muito pelo Noroeste, fez. Hoje já não é tudo aquilo. As coisas passaram, diretores vieram e se foram. Muita coisa ruim aconteceu. Infelizmente continua a mesma coisa de alguns anos para cá. Se tivéssemos agarrado algumas oportunidades, que não foram aproveitadas, poderíamos estar melhor em certos campeonatos. Acredito que este ano a diretoria possa acrescentar algo. Já tivemos alguns projetos bons do marketing. Espero que dê tudo certo.
Qual é a relação da Sangue, hoje, com a instituição Noroeste? Recebem algum tipo de ajuda? Atualmente não temos relação alguma quanto a ajuda. Nos últimos anos, tivemos ajuda de ingressos e em algumas viagens. Este ano, inclusive, nós estamos ajudando o clube a vender os passaportes no centro de Bauru. Este ano as coisas estão mais difíceis, tanto pra nós quanto para o clube.
Qual o time do Noroeste que mais o encantou? E a escalação inesquecível que vem à sua memória? Eu acompanho o Noroeste desde 2003. Acredito que os times de 2005, em que subimos para a Série A-1 no jogo histórico contra o Bandeirante e também quando conquistamos a Copa Federação Paulista em cima do Rio Claro, e o time de 2006, com a melhor colocação da história no Campeonato Paulista e o título do Interior, ficaram em minha memória. A escalação seria: Maurício (ou Mauro); Paulo Sérgio, Edmílson, Fábio Ferreira, Bonfim e Marcelo Santos; Gilmar Fubá, Luciano Santos e Luciano Bebê; Rodrigo Tiuí e Otacílio Neto.
O que está previsto para 2012 em relação a ações sociais? Como em 2011, em que fizemos algumas boas ações, em 2012 pretendemos aumentar essas ações. Afinal, ajudar quem realmente precisa é fundamental. Nosso projeto como sempre é arrecadar uma roupa, um alimento, algo que uma pessoa necessita. Pretendemos fazer um projeto desse a cada dois meses. E esperamos que todos tenham consciência e possam colaborar mais conosco.