Rivalidade boa é com adversário forte. Campeonato é mais divertido quando há clássico na tabela. Por isso, é boa a notícia de que o Marília está de volta à Série A3 e reencontrará o Noroeste em 2020. O MAC, a exemplo do Norusca em 2015, pagou seu pedágio no inferno do futebol paulista, a Bezinha.
A fração azul-celeste do Centro-Oeste paulista está merecidamente em êxtase nas redes sociais. A parte alvirrubra não deixou por menos nas provocações. Tudo certo essa zoeira: o dérbi do ano que vem já começou — o último encontro, com vitória noroestina, foi em 2018 com quase 5 mil pessoas no Alfredão.
A fanpage oficial do Noroeste parabenizou o Paulista de Jundiaí, o outro time que subiu, mas não fez a mesma gentileza com o rival. Receio de irritar sua torcida? Pode ser. Mas poderia criar o conteúdo de um jeito provocativo e simpático ao mesmo tempo.
Enfim, a terceirona de 2020 já tem seus clubes definidos, entre eles esses arquirrivais, que dão um tempero melhor à competição. Resta saber como o Noroeste estará: com qual presidente e, consequente, patrocinadores, treinador, elenco, etc…
Dito e feito: nem 24 horas depois do spoiler dado aqui no CANHOTA 10 para o fim da temporada de Panela, o seriado, tudo resolvido. Mais uma vez, a Prefeitura é emparedada como vilã, mas banca o final feliz — aqui não é defesa, é constatação, que fique claro.
Saiu melhor do que a encomenda: pelos próximos seis meses, Bauru Basket e Vôlei Bauru terão R$ 150 mil, cada, para reforçar seus orçamentos. Dá para pagar não somente DAE e CPFL, como também o aluguel. Se a locação for negociada por R$ 20 mil mensais, conforme apurou o Jornal da Cidade, sobra um pouquinho para o IPTU — teoricamente, é o locatário quem paga.
Considerando que cada clube já estava disposto a gastar R$ 6 mil mensais na Panela, com recursos próprios, está tudo em casa. Segue o jogo.
Emoções da próxima temporada? O leilão, se ocorrer. Ou, mais tardar, janeiro de 2020, com a necessidade de um novo aditivo no Fundo Municipal de Esportes, de onde virá a grana.
Novela tem começo, meio e final (feliz). O ginásio Panela de Pressão já teve tantos finais felizes, depois de dramas rocambolescos, que cada um deles pode ser considerado final de temporada de um seriado. Vale roteiro de Netflix.
Depois de virar criadouro de pombos e ratos em 2006, um novo roteiro começou a ser escrito em outubro de 2010, a partir do aviso prévio da demolição do ginásio da Luso, com venda aprovada. Surgiram cenas de pura ficção (entrega das chaves do ginásio à Prefeitura) e muitas reviravoltas. O contrato de aluguel para o poder público foi assinado em março de 2011, mas o palco só ficou pronto em fevereiro de 2012, recebendo uma etapa da Liga das Américas de basquete. Parasse aí, seria um belo filme, mas vieram novos episódios.
Nem me atrevo a lembrar de todas as datas dos enroscos seguintes. Mas a trama era sempre a mesma: o contrato acabava e não era possível renová-lo porque o Noroeste tornara-se novamente inadimplente. A cada Refis, uma nova decepção. A canetada da Prefeitura (nem sempre vilã, mas com essa carapuça) salvava o season finale.
Agora, há novos elementos. O jurídico municipal deu um basta no Refis-do-Refis-do-Refis, a justiça trabalhista tornou-se protagonista e leilão rima com vilão. Ou não? Há quem torça por esse argumento. Como de costume, os personagens envolvidos têm suas falas dramáticas — e temos que concordar que, em todas as vezes, foi a comoção causada pelo temor da mudança de cidade dos times que resolveu a parada.
Como espectador, tenho um palpite (ou seria spoiler?): a temporada 2019 terá novamente final feliz. Bauru Basket e Sesi Vôlei Bauru irão dividir o aluguel, a Prefeitura seguirá pagando água e energia. O IPTU é a interrogação. Se houver leilão lá na frente, aí começa outra temporada… Falei que era seriado. Bem chato, aliás.
Depois de semanas de silêncio após a eliminação na Série A3, o Noroeste voltou a se movimentar desde a última semana, enterrando a dúvida sobre a participação na Copa Paulista. Desembarcou em Bauru o treinador Adriano Kanaã (à direita, na foto de Bruno Freitas/ECN) e seu auxiliar, Gilmar Minelli (à esquerda), juntamente com um pacote de jogadores que haviam disputado a segunda divisão paranaense pelo Paranavaí. Pacote esse fruto da parceria de uma empresa com o Norusca.
Paralelamente, a diretoria alvirrubra manteve bons nomes do elenco remanescente (Jean Pierre, Gava, Felipe Merlo, Igor Pimenta, Diego Souza, John Egito, Chico e Pedro), além de trazer Arthur e Blade, dois destaques do Barretos, algoz noroestino na terceirona.
Sendo assim, surgem algumas interrogações. Se a base é noroestina, por que arriscar-se com um treinador desconhecido que traz consigo jogadores que, a princípio, serão reservas? A não ser que a empresa parceira vá remunerar todo o elenco. Do contrário, como Kanaã vai dar visibilidade aos atletas a ele atrelados sem parecer forçar a barra?
Preocupa também: se eventualmente a parceria não pagar salários, a bronca (mais dívidas trabalhistas…) recai sobre o clube, que assina o contrato do jogador.
Em recentes entrevistas aos colegas da 87FM/Jornada Esportiva e da Jovem Pan News, Kanaã limitou-se a falar que a parceria a princípio é para a Copa Paulista. E que trata-se de uma empresa que “tem condições de tocar e, se possível, comprar”, disse à 87. (Comprar o clube? Não ficou claro.) Esquivou-se de detalhes, até mesmo dizer o nome da empresa, e afirmou que tudo será explicado pelo clube. “Não posso falar sobre a empresa, parceria, salários… Por enquanto, só campo. O presidente é quem vai explicar em uma coletiva”, afirmou à JP News.
O que se sabe é que Kanaã é ligado a uma empresa de material esportivo (Kanaã Sports), que inclusive vestiu o Paranavaí recentemente. E o nome da parceira do Paranavaí é M10 Brasil. Lá, ele começou como gerente de futebol (e nas súmulas aparecia como auxiliar técnico) e assumiu a beira do campo na reta final (dois jogos, uma vitória e uma derrota). Na imprensa local, era chamado de “técnico-investidor”.
Aguarda-se, portanto, e ansiosamente, o pronunciamento do presidente Estevan Pegoraro. A comunidade noroestina está animada por ver a participação do clube viabilizada na Copinha, mas não basta otimismo. O fantasma Larangeira está fresco na memória. À época, este CANHOTA 10 também publicou interrogações, e deu no que deu. Que agora seja diferente, a começar pela transparência.
Procurado, o Noroeste informa que irá realizar a entrevista, mas não tem uma data definida.
A palavra é stand by, mas fiquemos com a língua portuguesa. Mais uma vez, o momento noroestino é de roer as unhas, de indefinição. O presidente Estevan Pegoraro, com mandato até 14 de julho, não renovou contrato com a comissão técnica capitaneada por Betão Alcântara para não deixar uma “herança” à próxima gestão — mesmo que seja dele mesmo.
Sim, Estevan deixou no ar que pode sair de cena, mas igualmente sua permanência é possível. O comunicado do clube é bem claro sobre essa condicional, reforçando que é permitida sua reeleição, que “pode entregar o cargo, caso um interessado queira assumir a gestão (…) desde que reúnam condições para isso”. A nota oficial também fala sobre antecipar as eleições, já que é preciso montar o time para a Copa Paulista. Ou não. Estevan fala que, “se o eventual novo gestor quiser cancelar a participação do time na Copinha, cabe a ele comunicar a Federação.”
Aquele momento conhecido — e compreensível — de sensibilizar a cidade. E de pressionar a prefeitura, cuja cobrança de dívidas de tributos inviabilizaria a sobrevivência alvirrubra.
Enfim, em breve o Conselho Deliberativo removerá a poeira para receber alguns votantes.