Guerrinha, técnico do Bauru Basket, já está em solo espanhol, onde fica até o próximo dia 20 em intercâmbio — ao lado de seu amigo Lula Ferreira, treinador do Franca.
O roteiro começa em Madrid, visitando a federação local e a Escola de Treinadores. Ainda nesta terça, conhecem as dependências do Real Madrid e assistem ao jogo 2 do playoff final da liga espanhola, entre Real e Barcelona. Nos dias seguintes, percorrem as estruturas de outros dois clubes da capital, o Estudiantes e o Fuenlabrada. Na sexta, visita ao Centro de Alto Rendimento e desembarque em Barcelona para ver o clube Juventud de Badalona. Mais jogos do playoff no fim de semana e a segundona (17) começa na ACB (a liga deles), antes de irem ao encontro de Marcelinho Huertas e companhia, no clube azul-grená — encontro repetido na terça, último dia de compromissos.
“Vamos ver protocolos de categorias de base, treinamentos, recrutamento… Trocar ideias com técnicos. E será legal rever amigos do meu tempo de jogador. A Espanha é o centro do basquete na Europa. Desenvolve um trabalho muito profissional que queremos trazer para nossas equipes, que têm um perfil de jovens em formação, pois não estamos só buscando jogadores prontos”, contou Guerrinha.
Antes de decolar, falou com o Canhota 10 e fez um balanço da última temporada. Confira:
Pódios
“No Paulista tivemos grandes chances de chegar ao título. Perdemos no quinto jogo do playoff aqui. Todo mundo acha um absurdo, mas São José ganhou a final do Pinheiros lá em São Paulo e tirou Brasília do NBB. Os Jogos Abertos são uma competição atípica, num período em que seria melhor treinar. Se ganhássemos, não teríamos feito mais do que a obrigação. Perdemos, e estava tudo errado… [falando sobre as conclusões e críticas pós-derrota] Mas Limeira, quando encaixa o jogo e a bola cai, ganha de qualquer um. E não fizemos um jogo bom, sem o Larry, eles foram bem e ficamos em segundo: medalha de prata. Na Liga de Desenvolvimento, fomos campeões com o trabalho do adulto. Começamos o NBB com saída e chegada de jogadores, contusões… Mas finalizamos bem. Terceiro lugar e objetivo alcançado, classificados para um torneio internacional.”
Superação
“O importante é ser competitivo, pois o basquete está muito disputado. A equipe cresceu e conseguiu um resultado fora da realidade do plantel — o normal seria de quinto a oitavo. Com mérito, conseguimos essa posição na superação e com a qualidade de jogadores que renderam além. Para nós, foi como um título. O time se uniu, a diretoria também, a torcida entendeu as dificuldades.”
Dois armadores
“Eu já tinha planos para isso, mas no revezamento. A contusão do Fischer antecipou. O Larry na posição 2 melhorou muito a defesa. E o Ricardo melhorou o passe do time.”
Experiência com americanos
“O objetivo sempre é fazer time com brasileiros. Não temos nada contra estrangeiros, mas sabemos que eles têm uma cultura diferente. Tivemos a felicidade de ter o Larry e o Jeff, é muito difícil… Eles normalmente vêm fazer scout, arrumar contrato… Nosso perfil de equipe é vir, ficar, gostar… até chegar uma hora em que o ciclo acaba. Nós só adotamos o modelo de trazer americanos [Thomas, Coleman, Detrick] em função da dificuldade de achar jogadores de nível, com preço razoável, e porque tínhamos dois americanos que consideramos brasileiros. Jamais faríamos um time com quatro americanos! Mas não deu certo, é uma tentativa que não queremos repetir.”
Jogadores na Seleção
“Tivemos muito trabalho com o Larry. Foi ótimo para o projeto, para o Brasil, mas para nós… Eu já tive essa experiência como jogador, sei que quando se vai sem férias, quando volta demora dois meses para se recuperar. Na Seleção, o atleta entra numa pilha, num nível muito elevado, hora que volta, relaxa. E taticamente o Larry voltou descaracterizado e levamos tempo para reativá-lo. Já com os meninos [Ricardo, Gui e Andrezão, que jogarão pela Seleção de novos em julho], não é o caso. Estão indo ver coisas diferentes, aprender com treinadores diferentes — nessa idade, não atrapalha.”