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Larry Taylor, o Michael Jordan de Bauru

Depois de atender a uma equipe de TV e a uma vizinha, estudante de Jornalismo, chegou a minha vez de falar com o requisitado Larry Taylor, ainda mergulhado na comoção que sua decisão causara em Bauru. A decoração já desmontada, era véspera da mudança para Mogi. Muitas caixas cheias, nelas dezenas de bonés e pares de tênis, pelos quais assume compulsão. Apenas a cômoda da TV intacta, no jeito para assistir ao jogo 4 da final da NBA entre Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers. Dava tempo de conversar comigo antes de a bola subir. Atencioso como sempre e mais falante do que na outra entrevista mais longa que fizera com ele ali, anos atrás, o Alienígena abriu o coração e não deixou nenhuma dúvida sobre sua saída. Mas com o caminho de volta sem obstáculos… Boa sorte, mano, você merece.

 

Vamos começar pelo final, para esclarecer. Foi mesmo uma decisão sua sair de Bauru? O que o motivou?
“Foi um pedido meu. Eu estava pensando no que queria para mim nesse momento: um desafio novo. Conversei com o Guerrinha que eu não gostei da forma como joguei, pois fui muito irregular na temporada, fazia uma partida boa e outras ruins. Contribuí com o time de outras maneiras, mas eu me cobro muito, sou muito crítico com minha performance. Precisava de um novo desafio, voltar a ter frio na barriga num lugar diferente. Por isso decidi sair de Bauru.”

Amizade com Shamell rendeu até pauta no Programa do Jô. Foto: João Gabriel Rodrigues/GloboEsporte.com
Amizade com Shamell rendeu até pauta no Programa do Jô. Foto: João Gabriel Rodrigues/GloboEsporte.com

E a amizade do Shamell pesou também?
“Com certeza. Faz uns quatro, cinco anos que tentamos jogar juntos. Bauru tentou trazer ele pra cá, o Pinheiros conversava para eu ir pra lá… Isso ajudou, claro, mas para eu sair de Bauru tinha que ser uma situação muito boa. E Mogi está forte, o projeto está indo bem, acho que vou ter a oportunidade de ter um desafio, tentar conquistar tudo de novo, pois estava há sete anos em Bauru e numa situação confortável.”

Também teve uma vantagem financeira…
“Sim.”

O Guerrinha tentou convencê-lo, tentaram estender seu contrato. Mas você já tinha se decidido?
“Sim, teve uma negociação. Mas eu já estava decidido, queria ter uma experiência diferente. Cheguei ao Brasil e só joguei em Bauru. Foi difícil, mas na hora de decidir, eu disse ‘Larry, decida, vai ou não vai?’ Depois, não adiantava. Guerrinha e Vitinho conversaram bastante comigo, mas eu disse que era o que queria para esse momento. Eu sempre dedici o que era melhor para o time. Dessa vez, foi um pouco egoísta da minha parte, mas meu coração estava falando ‘Faça alguma coisa por você, você precisa disso.’ Não poderia negar o que o meu coração estava mandando eu fazer.”

A homenagem da torcida Loucos da Central: só Larry tem. Foto: Reproducão/Loucos da  Central
A homenagem da torcida Loucos da Central: só Larry tem. Foto: Reproducão/Loucos da Central

Apesar de você não ter ficado satisfeito com seu desempenho e de não ser mais o protagonista, mesmo assim, quando entrava, bastava uma jogada para a torcida gritar seu nome. Você tem consciência que em nenhum momento você decepcionou os torcedores?
“Eu sei que a torcida tem muito carinho por mim. Estivemos juntos por sete anos e passamos por altos e baixos juntos. Sou um cara que estou desde o começo, com Guilherme [Deodato] e Guerrinha. Lutamos ano após ano para fazer o time melhorar e acho que isso fez a torcida ser quase minha família.”

Você consegue imaginar como vai ser o primeiro jogo na Panela com outra camisa?
“Eu tentei imaginar, mas não sei o que vai acontecer. Eu acho que vou acabar chorando quando entrar no ginásio. São tantas coisas que aconteceram ali, tantas lembranças. Quando fui me apresentar em Mogi e vesti a camisa, falei para os diretores: ‘Estou me sentindo estranho, depois de sete anos vestindo a mesma camisa!’ Sei que com o tempo vou me acostumar. Mas, com certeza, quando tiver que jogar aqui, quando vir todo mundo, vai ser muito emocionante, vai ser difícil…”

Além da torcida e das pessoas do time, você fez muitos amigos na cidade. Vai ser até comum te ver por aqui nas folgas…
“Acho que quando tiver folgas, quero voltar aqui, pois tenho muitos amigos, não apenas os jogadores. Vou ter saudade dessas pessoas e vou querer vê-las. Tenho amigos com quem assistia futebol americano…”

E tem os lugares em que gostava de comer, onde almoçava…
“Almoçava pouco fora. Gosto de comer mais em casa.”

Você quem faz?
“Sim. Eu gosto de cozinhar. Faço um dia antes para jantar, mas bastante pra sobrar. Aí no outro dia é só colocar no micro-ondas.”

Já vi você postar pratos mexicanos. É sua especialidade?
“Não sei se é especialidade… Mas eu gosto muito, sou muito fã. Já gostava antes de jogar no México. Como muitas vezes por semana.”

Você já falou que quer jogar até os quarenta. Assinou só por um ano com Mogi, mas deve ter sucesso e ficar mais. Mas vê possibilidade de voltar pra cá?
“Acredito que sim. Eu tinha mais um ano de contrato, mas não ficou nada ruim no relacionamento. Disseram que gostam de mim e têm muito respeito pelo que eu fiz pelo time. Por isso me liberaram, pois sentiram que era o que eu queria. Mas deixaram claro que as portas estão abertas.”

Mas e depois dos quarenta? Você volta pra Chicago ou fica no Brasil?
“Não tenho certeza, mas meu sonho é ficar em dois lugares. Ter uma casa lá e uma aqui no Brasil. Se der para fazer algo na música, ser produtor e atuar lá e aqui.”

Resta saber se essa casa vai ser em Mogi ou em Bauru…
“Eu sempre falei que Bauru foi perfeita pra mim, porque é uma cidade tranquila e eu sou uma pessoa tranquila. Aqui é um lugar em que posso me ver morando depois do basquete.”

Com o filho Joshua, ganhando presente de Dia dos Pais: basqueteiro super-herói. Foto: arquivo pessoal
Com o filho Joshua, ganhando presente de Dia dos Pais: basqueteiro super-herói. Foto: arquivo pessoal

E seu filho mora em Chicago?
“Sim.”

Então fica fácil, você já vê toda a família. E agora está tudo tranquilo, passou aquela fase difícil, quando você não podia vê-lo.
“É. A gente conversa todos os dias no FaceTime, joga videogame online. A relação está muito boa agora, está tudo tranquilo com a mãe dele. Ela é casada, tem mais três filhos e toda a família se dá superbem comigo. Foi melhor do que eu imaginava, a relação ser boa tão rápido depois de termos perdido tanto tempo.”

E ele convive com a avó, os tios?
“Sim, ele vai visitar a família que não conhecia e fica feliz, pois todo mundo o ama.”

Naquele seu segundo amistoso contra os Estados Unidos, lembro-me de ele ficar acenando atrás de você, quando dava entrevista para o Sportv…
“Foi a primeira vez que meu filho me viu jogando pessoalmente! Foi muito especial.”

No outro jogo, o Obama assistiu. Você chegou a falar com ele?
“Não, só o vi lá, sentado.”

E como foi enfrentar o LeBron?
“LeBron, Kobe, Chris Paul… Um time pesado, era um jogo de sonhos. Parecia que eu estava jogando videogame! Meus irmãos e toda a minha família ficaram loucos assistindo. ‘Nossa, você está lado a lado com os caras!’ Parecia um sonho.”

Sua mãe já viu de perto a idolatria por você, quando veio a Bauru. Mas seus irmãos têm noção do quanto você é amado aqui?
“Acho que eles têm uma ideia, mas nunca viram pessoalmente. Minha mãe tinha ideia, pelo que eu postava na internet, mas quando chegou aqui ficou assustada com o quanto as pessoas gostam de mim. Íamos no shopping e todos queriam tirar foto. Aí, quando ela voltou, disse ao meu irmão: ‘Você não vai acreditar! Larry é tipo o Michael Jordan em Bauru!’ Espero que um dia eles tenham oportunidade de me ver aqui.”

Qual foi o momento mais emocionante de sua passagem por Bauru e o mais triste?
“Um momento muito triste foi essa final do NBB. Queríamos muito ser campeões. Ganhamos muitos títulos, mas queríamos terminar com um ano perfeito. Só que não conseguimos. Difícil explicar, mas o Flamengo jogou melhor. Queríamos jogar pela cidade, pela torcida, pelos técnicos, pelos patrocinadores. Fiquei quieto depois do jogo, não queria saber de conversar… Eu queria muito ser campeão do NBB. O momento feliz foi o título paulista de 2013. Foi meu primeiro título, depois de muitos anos tentando, batendo na porta. Foi um sentimento de mostrar a si mesmo seu valor, que vale a pena trabalhar e nunca desistir. Depois vieram os outros títulos, mas o primeiro é o mais doce.”

Sobre as finais do NBB, a qualidade do time foi caindo desde Franca. Vocês conversavam isso nos treinos, porque as jogadas não encaixavam, os arremessos não caíam como antes? Porque estava claro que não era falta de vontade, mas as coisas não aconteciam…
“Realmente, não foi falta de querer, mas não estávamos conseguindo. O basquete é assim, tem altos e baixos, ninguém vai fazer um campeonato perfeito. Vai ter uma fase ruim, só que a nossa veio num momento errado e os outros times estavam crescendo. O Flamengo começou mal e cresceu no final. Essa foi a diferença.”

No jogo heroico contra o Quimsa
No jogo heroico contra o Quimsa

Apesar dos títulos que você mencionou, minha passagem sua preferida ainda é a Liga das Américas de 2012. Depois daquele susto da contusão na sexta, você arrebentou no domingo e Bauru se classificou para a segunda fase. Você teve que tomar medicação naquele dia? Foi no sacrifício mesmo?
“Eu tive menos dores no domingo do que na sexta-feira. Compramos uma joelheira que dá muito suporte ao joelho e consegui correr. Treinei e pensei ‘Acho que vai dar’. Não sabia qual seria a próxima vez que jogaríamos uma Liga das Américas em casa, queríamos fazer um campeonato bonito para a cidade. Então, falei: ‘Vou jogar com o meu coração e vamos ver o que vai acontecer. Vou arriscar, quero estar na quadra!’ Consegui fazer um bom jogo e nos classificamos.”

E foi bem num momento de indecisão, saída da Itabom, a volta da Panela depois de muita briga nos bastidores. Muitas emoções envolvidas.
“Foi pesado… Especial. Eu não conhecia a Panela, só ouvia falar da época da Tilibra. E quando começou a Liga das Américas e vi o ginásio lotado, pensei ‘Estou gostando disso aqui! E como assim me machucar nesse momento mais importante da minha carreira?’ Aquele domingo foi muito bom.”

O cantor em ação. Foto: Divulgação LNB
O cantor em ação. Foto: Divulgação LNB

E o cantor Larry vai conseguir conciliar a carreira? Lançou o single, mas quando vem o álbum?
“Vai demorar mais para lançar, por causa da Seleção e dos campeonatos. Mas eu sempre faço música, nunca vou tirar da minha vida. Foi assim que o meu amigo Emil Shayeb me descobriu. ‘Você tem músicas legais, mas não está mostrando pra ninguém’, ele disse. Aí lançamos a primeira música, muita gente gostou, está nas rádios, o pessoal liga pedindo pra tocar. Eu pretendo lançar o álbum e vamos ver até onde consigo ir com a música.”

Na Seleção, sua meta é chegar à Olimpíada. Isso passou pela sua decisão por Mogi?
“Eu decidi por Mogi porque queria jogar mais de armador. Até joguei muitos minutos no último NBB, mas a maioria como lateral. Eu acho que tenho mais sucesso jogando de armador.”

Mas na Seleção o Magnano te coloca de lateral…
“Sou um cara que sempre faz o melhor para o time. Mas gosto mais de jogar de armador.”

Pra dificultar um pouco mais sua despedida, o Guerrinha fez um desabafo emocionado, os outros diretores deixaram recados… Foi uma avalanche de carinho…
“Só de pensar de novo, fico emocionado. Foi uma escolha difícil, todo mundo sabe o quanto gosto de Bauru. Não poderia ter um grupo melhor, um clima gostoso de trabalhar. É difícil deixar isso, depois de criar amizades. E essas pessoas continuaram do meu lado, mesmo depois de deixar o time. Claro, ficaram tristes no começo, mas realmente gostam de mim. Guerrinha, Vitinho, Joaquim, Rodrigo Paschoalotto me desejaram sucesso na minha próxima fase da vida. Isso não acontece com qualquer jogador, em qualquer lugar, foi conquistado com bastante tempo. Foi muito difícil mesmo: quando decidi, nem dormi direito, nem comi direito, mas eu tive que me preparar pra essa nova fase.”

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Os melhores do NBB 4 (temporada 2011/2012)

A grande final entre São José e Brasília será no próximo sábado, dia 2, mas a votação dos melhores da temporada se encerrou ontem. Imprensa especializada, treinadores, capitães e personalidades ligadas ao basquete fizeram suas escolhas e o resultado será divulgado na cerimônia de premiação, logo após a decisão.

Convidado a votar – faz muito bem a Liga de reconhecer e valorizar os tantos blogueiros que acompanham o NBB de perto –, o Canhota 10 enviou seus eleitos, que listo a seguir, com comentários:

Armador: LARRY TAYLOR (Itabom/Bauru)
Juro que não é um voto passional. Apesar da brilhante temporada de Fúlvio, do São José, o Alienígena foi um dos protagonistas do NBB. Anotou mais um triplo-duplo (dois dos três na história do campeonato são dele), outros tantos duplos-duplos e continuou dando verdadeiros shows em quadra. Na frieza dos números, Larry só não supera Fúlvio em assistências, mas é o segundo nesse quesito, perseguindo de perto. No restante (pontos, rebotes, eficiência), leva. E Fúlvio teve um elenco menos oscilante ao seu lado, enquano o gringo brasuca, mais uma vez, carregou Bauru nas costas em alguns momentos.

Ala: ALEX (UniCeub/BRB/Brasília)
O camisa 10 virou um trator nos playoffs. Enquanto Nezinho e Giovannoni oscilaram, ele comandou os candangos com sua regularidade. Até na catimba ele leva vantagem sobre os adversários – aliás, enche o saco a pressão de Brasília sobre a arbitragem, eles têm bola sobrando, não precisam ganhar no grito. Roubada de bola, rebote, infiltração, chute de três… Alex foi mais uma vez completo e grande responsável pela recuperação do Lobo-guará na competição. Por isso é primordial à Seleção Brasileira.

Ala: MARQUINHOS (Pinheiros/Sky)
Haja confiança para arriscar tantas jogadas individuais, encarando marcadores ou chutando de muito longe (e acertando!). Quando ficou sem Shamell, contundido, Marquinhos duplicou sua responsabilidade – e quase colocou o Pinheiros na final. Mais maduro, hoje passa segurança ao torcedor, com números sólidos.

Pivô: OLIVINHA (Pinheiros/Sky)
Não engrosso o coro de que ele deveria estar na Seleção, mas no NBB esse pivô fez a diferença. Ofereceu várias alternativas de definição de jogadas e foi importante na hora de desafogar o jogo polarizado de Shamell e Marquinhos. Sua atuação no jogo 4 da semifinal foi espantosa – apesar de quase ter colocado tudo a perder no finalzinho, quando vacilou num passe equivocado.

Pivô: MURILO (São José/Unimed/Vinac)
Com muita personalidade e números incontestáveis, Murilo dominou o garrafão neste NBB. Curioso que, teoricamente, São José mereceria mais nomes na seleção do campeonato, mas chegou à final exatamente pela força do conjunto – sendo o camisa 21 a cereja do bolo, em grande fase. Corre por fora por uma vaga em Londres.

Sexto homem: CRISTIANO FELÍCIO (Minas Tênis Clube)
Parece estranho votar em um atleta de um time que sequer chegou aos playoffs. Mas, olhando equipe por equipe, dentro desse quesito, ele se destacou, pois tem números muito semelhantes ao titular de sua posição, Guilherme. Tanto que já é possível imaginá-lo como titular na próxima temporada, mesmo com a concorrência dos recém-contratados Rafael Mineiro e Douglas Nunes. Merecem menção Chico, de São José, Fernando Penna, de Franca e Cipriano, de Brasília – Andrezão, de Bauru, foi bem, mas só se tornou a opção imediata na reta final.

Jogador sub-21: RICARDO FISCHER (São José/Unimed/Vinac)
Entre as grandes promessas do basquete brasileiro, foi premiado pelo convite de Rubén Magnano para treinar junto com a Seleção na preparação para os Jogos de Londres. Imagino que o bauruense Gui Deodato é forte concorrente nesse quesito, mas acho incoerente, pois já disputou o posto ano passado – então, não é mais revelação.

Jogador que mais evoluiu: GUI DEODATO (Itabom/Bauru)
Aqui sim! O Batman bauruense tem grande chance, apesar da ótima temporada de Elinho, do Paulistano. Com cada vez mais personalidade, carrapato na marcação, chute seguro e muito carisma (vide sua vitória no torneio de enterradas), o agora selecionável (treina com a equipe que vai disputar o Sul-Americano) teve uma temporada incrível, incluindo o ótimo desempenho na Liga de Desenvolvimento Olímpico.

Defensor: ALEX (UniCeub/BRB/Brasília)
Enquanto jogar por aqui, leva fácil esse quesito. Afinal, para muitos, é um dos melhores defensores do mundo. Como me disse Fernando Fischer – que sofreu com a marcação dele nas quartas: “Se o Brasil for jogar contra os Estados Unidos, quem vai grudar no LeBron ou no Kobe é o Alex”. Feito.

Melhor jogador da temporada: MURILO (São José/Unimed/Vinac)
Não por acaso é o líder no quesito eficiência, com larga vantagem sobre o segundo colocado. Vive um campeonato inspiradíssimo e, mesmo que perca a finalíssima, merece o prêmio.

Treinador: RÉGIS MARRELLI (São José/Unimed/Vinac)
Seu time, campeão paulista, apesar dos destaques individuais de Fúlvio e Murilo, caracterizou-se pelo conjunto. O ataque do passe picado, do pick and roll, da ausência de desespero no chute de fora. É isso: o basquete brasileiro precisa chutar menos de três. Afinal, de grão em grão…

A lista dos indicados, divulgada pela Liga:

Além de Larry e Gui, novamente Jeff disputa entre os pivôs e Guerrinha entre os treinadores:

Armador
Fúlvio (São José) / Larry (Bauru) / Valtinho (Uberlândia)

Alas (2)
Alex (Brasília) / David Jackson (Flamengo) / Marcelinho (Flamengo) / Marquinhos (Pinheiros) / Robby Collum (Uberlândia) / Shamell (Pinheiros)

Pivôs (2)
Caio Torres (Flamengo) / Guilherme Giovannoni (Brasília) / Jefferson (São José) / Jeff Agba (Bauru) / Kammerichs (Flamengo) / Murilo (São José)

Melhor Sexto Homem
André Góes (Joinville) / Diego (Limeira) / Paulinho Boracini (Pinheiros)

Revelação Sub-21
Gui (Bauru) / Matheus Dalla (Vila Velha) / Ricardo Fischer (São José)

Jogador que Mais Evoluiu
Elinho (Paulistano) / Gui (Bauru) / Ronald (Brasília)

Melhor Defensor
Alex (Brasília) / Laws (São José) / Shilton (Joinville)

Melhor Técnico
Guerrinha (Bauru) / José Neto (Joinville) / Régis Marrelli (São José)

Melhor Jogador (MVP)
Alex (Brasília) / Marquinhos (Pinheiros) / Murilo (São José)

E VOCÊ, qual o seu time ideal? Comente à vontade!

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Bauru x Brasília, jogo 2

O Itabom/Bauru resistiu o quanto pôde, mas Brasília chegou a 18 vitórias em 20 jogos pelo NBB em 2012. Agora, os guerreiros terão que se desdobrar no jogo 3, nesta terça, para evitar o fim da série quartas-de-final.

Confira meu texto sobre o jogo, mais uma colaboração para o Basketeria, clicando aqui.

O texto pré-jogo, para quem não leu, está aqui.

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Em tempo: a vitória do Bauru Basket sobre o Tijuca

Larry: cada dia mais alienígena em quadra

O jogo foi sábado, todo mundo já leu nos jornais, repercutiu no Facebook, enfim, estou atrasado. Mas ainda vale falar sobre a vitória do Itabom/Bauru, depois de três insucessos – ainda mais porque tem cliques legais, logo mais abaixo.

Era para ter sido mais fácil. Encarei como passeio em família, fui com esposa e filha, comprei pipoca, relaxei depois da pilha de nervos que foi a derrota para o Flamengo… E não é que o Tijuca engrossou o jogo? Raçudo, o time carioca, compensando na luta as deficiências técnicas. E, também como bons cariocas, marrentos que só os componentes da comissão técnica, que responderam às provocações dos torcedores que estavam atrás do banco – inclusive o treinador Miguel Angelo da Luz, que mandou uma meia dúzia para a ponte que partiu.

Apesar do jogo difícil, da displiscência no segundo quarto, vale comemorar o bom jogo de Jeff, que andava mal. Foram 22 pontos e 9 rebotes. Larry ficou quase todo o tempo em quadra para, com duplo-duplo (20 pontos e 11 assistências) garantir a vitória por 87 a 81, concluindo lances decisivos, ainda mais depois de duas bolas perdidas seguidas de Thyago Aleo. Agora, dois desafios duríssimos fora de casa: Paulistano e Uberlândia. Tem que trazer pelo menos uma vitória na bagagem.

“Vínhamos de três derrotas, algumas inesperadas e a vitória foi importante. Tijuca vem crescendo no campeonato, chegaram bons jogadores, o Rodrigo Bahia está bem. Não é um time bobo, é perigoso”, comentou o pivô ANDREZÃO, sobre a partida.

“A vitória era crucial, um jogo que não poderíamos perder. É um campeonato duro, temos que estar preparados para todos os adversários. Mas o jogador, inconscientemente, por ser um adversário teoricamente fácil… Tenho que fazer um trabalho para passar a importância do jogo. Acabamos ganhando, mas pode haver um dia com derrota e complicar tudo”, disse GUERRINHA sobre a habitual relaxada do time contra times mais fracos.

“Todas as vezes que perdemos o terceiro quarto, havíamos terminado muito bem o primeiro tempo. É normal o outro time vir do vestiário com um ‘é agora ou acabou!’. E nós voltamos com um ‘tudo bem’, que no basquete dura dois minutos. O contrário é melhor. É melhor terminar o primeiro tempo mal, porque volta mais ligado. Mas demos moral demais, fizemos Tijuca acreditar na vitória e corremos sério risco de perder”, ainda GUERRINHA, explicando a nova ‘síndrome’ do time, que agora vai mal no segundo quarto – antes era no terceiro.

“Bauru é muito forte, ainda mais com a torcida a favor, entramos mal no primeiro tempo, as conseguimos recuperar antes do intervalo. Voltamos com determinação, tentamos dar o máximo”, avaliou o armador GEGÊ, do Tijuca.

“É sempre bom voltar a Bauru. O pessoal daqui está fazendo um bom trabalho, a cidade está de parabéns”, elogiou o ala JEFFERSON SOBRAL, que disse ainda estar longe de sua forma ideal: “Falta muito ainda, joguei apenas cinco partidas, vai demorar um pouco para entrar em ritmo de jogo. Mas o que importa é que a equipe está melhorando e tem condições de se classificar“.

A seguir, fotos do confronto do último sábado (11/2):

Jeff aguarda, atento, arremesso de lance livre
Os guerreiros no ataque
O técnico campeão mundial Miguel Angelo da Luz: até ele respondeu às provocações dos torcedores
Larry e Jeff: eles comandaram a vitória bauruense
Gaúcho vai para a bandeja
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Bauru 1, arrogância 3

Cheguei em casa após a partida de sexta-feira às 23h30, mala para fazer e estrada na manhã seguinte, para São Paulo. Apesar de os dedos estarem coçando, não fiz a matéria sobre o jogo… A partir daí, decidi resumir tudo o que vi na minha coluna de segunda-feira, no BOM DIA. ela se chama ‘Papo de FUTEBOL’, mas permite essa louvável exceção que é o Bauru Basket. O editor-chefe Thiago Roque, exímio armador na juventude, defendendo sua Descalvado em Jogos Regionais, topou na hora. É minha singela homenagem a esse time de guerreiros que arrebatou meu coração rubro-negro. Espero que gostem.

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Texto publicado na edição de 2 de maio de 2011 no jornal Bom Dia Bauru

O time de Bauru

Em janeiro de 2001, a revista Placar, maior publicação futebolística no país, trouxe Gustavo Kuerten em sua capa, com a chamada “O que esse cara está fazendo na nossa capa?” A quebra de protocolo tinha enorme justificativa: no mês anterior, Guga havia fechado o ano como primeiro do mundo, algo antes improvável para um tenista brasileiro. Lembrei-me desse precedente para transferir este papo do futebol para o basquete e, assim, desfazer o nó que está na minha garganta desde a última sexta-feira.

Foi quando o time de guerreiros se despediu do Novo Basquete Brasil sob calorosos aplausos. Normalmente, o derrotado deixa o campo de batalha sob vaias ou indiferença. Não o Itabom/Bauru Basket. A equipe nunca se entregou. O gigante Flamengo não conseguiu calar o ginásio da Luso. Sua comemoração do bonde sem freio, ao final da partida, foi constrangedora. Os rubro-negros tinham todo o direito, como vencedores, mas deveriam aplaudir o público bauruense, muito mais apaixonado pelo basquete – a arena da Barra, no Rio, esteve às moscas nos jogos 2 e 3 do playoff.
A postura arrogante do Flamengo durante essas quartas de final constrangeu a mim, flamenguista desde sempre (no gramado), que sabe que o Manto Sagrado é muito maior do que a marra de Marcelinho. Maior ainda do que o estafe carioca, que na retaguarda do banco de reservas não soube levar na esportiva vaias e provocações naturais de uma disputa tensa.

Durante o jogo, eu olhava para aquele escudo em peitos tão indignos e tentava borrá-lo em minha mente. Por ser impossível tarefa, foquei-me no sorriso do boleirão Larry – que transforma uma aparente displicência em eficiência –, na raça de Pilar, na entrega de Fischer. Mal sabia, àquela altura da partida, que as lágrimas de Douglas Nunes lavariam a alma de todos. O camisa 13 lamentou o erro na última bola. As palmas que o afagaram não eram de perdão, não havia o que desculpar. O torcedor agradecia a dedicação.

Reconhecimentos ilustres
A jornalista Vanessa Riche, do Sportv, veio a Bauru e disse, em  conversa com a coluna, ter ficado impressionada com o caldeirão que é o ginásio da Luso. “Se fosse jogadora, não conseguiria atuar aqui. Que energia!”, confessou. Já o gerente técnico da Liga Nacional de Basquete, Lula Ferreira, elogiou o trabalho da diretoria bauruense. “O Bauru Basket se cercou de pessoas competentes, descobriu talentos. Muitos desses jogadores, que ainda buscam uma posição de destaque, já chegaram muito longe. E o principal é que não foi formado simplesmente um time de basquete, mas um time da cidade”. O time de Bauru.

Visibilidade e grana
A diretoria teve uma boa sacada para o confronto decisivo, com TV. Encomendou uniformes novos, agora com a marca Itabom nas costas, sobre os números. Maior visibilidade para a empresa que fez essa equipe acontecer – e que precisa de mais apoio financeiro. Os diretores Vitor Jacob e Joaquim Figueiredo demonstraram otimismo em fechar com mais um patrocinador master. Há conversas em andamento. Somente com mais grana o time conseguirá manter o pivô Jeff e trazer um brasileiro de renome.

Cordialidade
O ala Pilar, símbolo da raça do Bauru Basket, foi conversar com o ala Marcelinho assim que o cronômetro zerou. “Foi uma série muito tensa, de muita animosidade, muita marcação entre mim e ele. O Marcelinho é um cara que põe um desafio na quadra como o último da vida dele. Joga de forma agressiva, eu também. Houve discussão no Rio. Mas, no final, somos todos jogadores e a quadra é só uma fantasia da vida. Ele é guerreiro como a gente. Eu disse que o respeito e desejei boa sorte”, revelou à coluna. Eu tenho ou não que torcer para um time desses? Com muito orgulho.