Em palestra para estudantes de Jornalismo do Unisagrado (Bauru-SP), em outubro de 2019, o jornalista Fernando Beagá contou sua trajetória no esporte e separou os principais trechos neste vídeo:
Tag: jornalismo
Qual o time do coração dos jornalistas esportivos? Essa é uma pergunta que muita gente faz. Seja pela curiosidade ou para ter “munição” ao discordar de uma opinião. Vou além com outra pergunta: jornalista tem time do coração? É uma provocação, porque é óbvio que tem e é estranho ser hostilizado por isso. Confira minha reflexão a respeito (e descubra meu time):
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O Teorema do Barcelona
Por Deivide Sartori
Nos últimos três anos, o Barcelona não terminou um jogo sequer com menos posse de bola que seus adversários. Tal fato já demonstra a superioridade do futebol praticado pelo time da Catalunha. Posse de bola, porém, não implica vitória certa. O que se faz durante essa posse, sim. E aí está um aspecto que revela a unicidade do Barça atual. Com o domínio da bola, Messi e companhia jogam em triângulos e deixam as parábolas como as opções únicas para o jogo dos adversários. Mas o que esse papo geométrico tem a ver com futebol?
Resposta: amigos(as), os triângulos são inabaláveis. No caso do Barcelona, são onze vértices em movimento e revezamento contínuo na criação de jogadas triangulares. Para os comandados de Pep Guardiola, a distância mais curta entre as duas áreas não é o chutão parabólico e a esmo da zaga em direção ao ataque. Evita-se isso a todo custo. Basta ver como a equipe cobra suas faltas e tiros de meta – nada de parábolas. Sua aula de futebol é sobre triângulos: equiláteros, isósceles, escalenos, com ângulos agudos, retos, obtusos, enfim, versatilidade absoluta sob a regência dos mestres Xavi, Iniesta e Messi. Este, aliás, é aquele que possui autonomia e, sobretudo, qualidade para traçar linhas que fogem de qualquer lógica.
Na final do Mundial de Clubes, o Santos teve sua aula particular. Com todo o rigor euclidiano, a demonstração azul-grená fez com que os jogadores santistas parecessem pontos dispersos no retângulo verde da sala de aula. Mais uma vez, o teorema que afirma que, para se chegar aos gols, os pequenos triângulos são mais eficientes do que as grandes parábolas foi demonstrado. Mas nada de lamentação, torcedor(a) santista. O Santos, logicamente, tem bom futebol e não vive somente de parábolas. O fato é que, nos últimos três anos letivos, a lição do Barça acontece invariavelmente e seja qual for o oponente. E foi bonito o reconhecimento da derrota pelo melhor aluno alvinegro: Neymar disse “tomamos uma aula de futebol”.
Finalmente, eis o óbvio: é necessário algo de outro mundo para vencer a melhor equipe do mundo. Nesse caso, Pelé e Coutinho, os pais da matéria triangulação, seriam ideais.
Deivide Sartori é estudante de Jornalismo da Unesp/Bauru
Se você estuda Jornalismo é quer publicar textos nesta seção ‘Fala, universitário!’, entre em contato: fernandobh@canhota10.com
Por Arthur Sales
A era dos pontos corridos modificou a organização dos clubes no Brasil. Melhor planejamento e regularidade passaram a ser premiados e, enquanto antes da nova fórmula era muito difícil fazer prognósticos, agora podemos tentar escolher os cinco, seis candidatos sem dar um total tiro no escuro. No Brasil, existem no mínimo 12 grandes equipes (quatro paulistas, quatro cariocas, duas mineiras e duas gaúchas) que em uma fórmula de mata-mata podem crescer e faturar o caneco. Nos pontos corridos, a situação é outra e o que já se pode enxergar nesses oito anos de disputa (estamos prestes a conhecer o nono campeão dos pontos corridos) é que alguns desses grandes se consolidaram entre a real elite do futebol brasileiro:
Os seis melhores ano a ano desde os primeiros pontos corridos
2003 | 2004 | 2005 | 2006 |
1º Cruzeiro | Santos | Corinthians | São Paulo |
2º Santos | Atlético Paranaesnse | Internacional | Internacional |
3º São Paulo | São Paulo | Goiás | Grêmio |
4º São Caetano | Palmeiras | Palmeiras | Santos |
5º Coritiba | Corinthians | Fluminense | Paraná |
6º Internacional | Goiás | Atlético Paranaense | Vasco |
2007 | 2008 | 2009 | 2010 |
1º São Paulo | São Paulo | Flamengo | Fluminense |
2º Santos | Grêmio | Internacional | Cruzeiro |
3º Flamengo | Cruzeiro | São Paulo | Corinthians |
4º Fluminense | Palmeiras | Cruzeiro | Grêmio |
5º Cruzeiro | Flamengo | Palmeiras | Atlético Paranaense |
6º Grêmio | Internacional | Avaí | Botafogo |
São Paulo, Internacional e Cruzeiro são os mais regulares desde 2003. O Tricolor tem seis aparições no top 6, ficou de fora em 2005 (ano do título da Libertadores) e no ano passado. Inter e Cruzeiro têm cinco aparições, ficaram apenas três vezes fora do top 6. Nesse período, além da regularidade no Brasileirão, o Inter trouxe duas Libertadores para casa.
No segundo pelotão do futebol brasileiro, na era dos pontos corridos, aparecem Santos, Grêmio e Palmeiras. Destaque para o Alvinegro praiano, que além de ter quatro presenças no topo da tabela, conquistou uma Copa do Brasil e uma Libertadores.
Flamengo, Corinthians e Fluminense estiveram entre os seis melhores em três ocasiões e foram campeões da Copa do Brasil. Outro que esteve três vezes na parte de cima da tabela foi o Atlético Paranaense.
O Goiás, que está na Segundona, apareceu em 2004 e em 2005, enquanto Paraná, Avaí, São Caetano e Coritiba tiveram seus 15 minutos de fama com uma aparição. Vasco e Botafogo que ressurgem de dois anos para cá, também chegaram no top 6 uma vez nos últimos oito Brasileiros.
6 São Paulo (+ 1 Libertadores) | ||||
5 Internacional (+ 2 Libertadores) e Cruzeiro (+ 1 Copa do Brasil) | ||||
4 Santos (+ 1 Libertadores + 1 Copa do Brasil), Grêmio e Palmeiras | ||||
3 Fluminense (+ 1 Copa do Brasil), Flamengo (+ 1 Copa do Brasil), Corinthians (+ 1 Copa do Brasil), Atlético-PR | ||||
2 Goiás | ||||
1 Vasco (+ 1 Copa do Brasil), Botafogo,Paraná, Avaí,São Caetano e Coritiba |
São Paulo, incontestável
O São Paulo é o grande clube brasileiro da era dos pontos corridos, quando não ganhou estava ali e, quando não esteve ali, é porque estava lá, em Yokohama, conquistando o mundo. Nunca terminou um Brasileiro, desde 2003, na metade de baixo da tabela.
Internacional, o segundo
O Inter segue a mesma linha do São Paulo, sempre com bons times, com um pequeno desvio de rota em 2007, quando foi o 11º. Lembrando que o Inter foi o único brasileiro duas vezes campeão da Libertadores nesse período.
Palmeiras e o jejum de títulos
Santos, Grêmio, Palmeiras, Corinthians, Flamengo e Fluminense são os outros grandes que fazem bem o seu papel, nem sempre estão por lá, o que é absolutamente normal em um cenário com muitos outros fortes adversários – a oscilação é inevitável. Se analisarmos que o Palmeiras esteve tantas vezes entre os seis melhores quanto Santos, mais do que Corinthians, Flamengo e Fluminense e MUITO mais do que o Vasco (esses todos já puderam gritar É CAMPEÃO de 2003 para cá), é de se estranhar que o Alviverde esteja tanto tempo sem ganhar nada. Estar entre os seis melhores do Brasil significa ter uma equipe de respeito que faz frente a qualquer outra do país e da América do Sul. Ou falta sorte e competência na hora de decidir ou o extracampo atrapalha muito os jogadores do Palestra. Se tiver que escolher uma, fico com a segunda.
A verdade sobre os Atléticos
O maior Clube Atlético do Brasil é o Paranaense, não o Mineiro. O Furacão vira e mexe esta aí, foi vice em 2004, chegou à final da Libertadores em 2005 e foi quinto colocado no brasileiro do ano passado. Tudo bem que briga diretamente com o Galo para não cair em 2011, mas isso não é nenhum absurdo, e diga-se de passagem já aconteceu com o Alvinegro em 2005. Além do rebaixamento em 2005, o Alético Mineiro não tem sequer uma presença entre os seis melhores do país desde que a era dos pontos corridos começou. É um time que se consolida ano a ano como não-força do futebol brasileiro, apesar da apaixonante torcida.
Arthur Sales é estudante de Jornalismo da Unesp/Bauru, colaborador da webrádio Jornada Esportiva e edita o blog Doente 91