Até o fim do primeiro tempo, era o mesmo Pinheiros que vinha em ritmo forte desde que desclassificou o Flamengo e abriu 2 a 0 nesta série. Uma equipe iluminada, no embalo de Desmond Holloway. Defesa funcionando, provocando os (muitos) erros do Bauru Basket. O ataque fluindo, caía tudo — uma tijolada de Neto no estouro do cronômetro, inclusive. Durante o intervalo, com 12 pontos (34 a 46) no lombo, todos na Panela de Pressão se olhavam com fisionomia resignada.
A vaquinha parecia ter deitado. Imaginava o que Demétrius e seus colegas de comissão técnica tirariam da cartola para motivar um time a 20 minutos da eliminação. Houve bronca, conversa e motivação. Ouvi de mais de um deles que parecia ser preciso chegar ao fundo do poço naquela partida para ganhar impulso. E o que se viu depois foi uma atuação de gala, soberba, 60 pontos marcados, 31 sofridos e um convincente 94 a 77 para devolver o Pinheiros à realidade: longe de ser imbatível num playoff que segue em aberto.
Menos, Holloway
Nos dois últimos períodos, o Pinheiros perdeu aquela harmonia coletiva e voltou ao passado: a dependência de Holloway. O camisa 22 fez 13 dos 31 pontos de sua equipe no segundo tempo, sendo sete de lances livres. Isto é: mesmo ainda protagonizando, teve suas ações minadas pela defesa bauruense, que se revezou em faltas para limitar o endiabrado pinheirense. Endiabrado e abusado, pois mandou a torcida se calar, mas teve o gesto flagrado por Demétrius e a arbitragem mandou baixar a bola. O gringo ainda encontrou outro jeito de provocar, mas nada que um toco e mais tarde uma comemoração de Jefferson olhando nos olhos dele não diminuíssem esse ímpeto. O Dragão venceu também o jogo de nervos.
Valtinho foi essencial na marcação a Holloway, poupando Alex do estouro de faltas. O Maestro, ao lado de Léo Meindl, roubou bolas importantes e os contra-ataques fluíram. As bolas de fora também caíram e houve até troca de passes no melhor estilo Spurs para lembrar a todos que o elenco mais qualificado ainda pode justificar o favoritismo nesta semifinal. No sábado, a partir das 14h (com Band e Sportv), saberemos se o sonho do título continua.
Que o Bauru siga desejando a taça com a fome que Gabriel Jaú avança contra o aro. Poderia ser o LeBron no caminho, o moleque não temeria. Vai longe.
Abre aspas
A seguir, áudio de três personagens da noite.
Dema
Shiltão
Jé
Fotos: Caio Casagrande/Bauru Basket