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Memória da Bola: Paulistão chegando, Botinha e Norusca

Por João Francisco Tidei de Lima

 

TORNEIO INÍCIO
Paulistão de 2015 à vista. Até algumas décadas atrás, tinha um grito de largada diferente. Era o chamado Torneio Início, um toque de reunir ou uma espécie de reunião fraterna antes da guerra começar.

Os times disputantes geralmente se apresentavam no Pacaembu, a partir das 12 horas, jogos eliminatórios de 20 minutos, em dois tempos, bastava um escanteio para eliminar, sobravam dois finalistas para a decisão do título em partida de 60 minutos, dois tempos de 30.

Caçula da Primeirona, o Botafogo de Ribeirão Preto estreou com brilho e competência. Venceu o Torneio Início de 1957, batendo na final o Guarani de Campinas por 2 a 1. Na foto abaixo, uma das suas formações: em pé, a partir da esquerda, Dicão, Tarciso, Tiri, Guina, Antonio Julião e o goleiro Machado; agachados, Laerte, Silva, Antoninho, Henrique e Géo.

Botafogo de Ribeirão Preto, campeão do Torneio Início de 1957
Botafogo de Ribeirão Preto, campeão do Torneio Início de 1957

 

AMARGO REGRESSO
Ano de 1957, Torneio de Classificação entre os 19 clubes da Primeirona para escolher os “dez mais” que disputariam o Paulistão daquele ano. Última vaga decidida no Pacaembu, entre Botafogo e Noroeste. Mais de mil bauruenses, eu incluído, viajando pelo trem rápido da Companhia Paulista, um primor de conforto e segurança.

Aos 18 segundos de jogo, o ponta noroestino Ismar — na foto do topo, ao lado do irmão, o palmeirense Aldemar — cobrou uma falta e fez Noroeste 1 a 0. Começamos a comemorar a classificação. De repente, e estranhamente, o Norusca travou e o Botafogo deslanchou, fazendo 4 a 1. Entre nós, torcedores, perplexidade, inconformismo, indignação e revolta. Na cabine de rádio, o saudoso  locutor José Fernando do Amaral, da PRG-8 Bauru Rádio Clube, reagiu, abandonando a transmissão; entregou o microfone ao plantonista Sylvio Carlos Simonetti, o Syca (1939-2013), ao seu lado,  para a conclusão da narração e dos trabalhos.

Jogo terminado, em clima de velório a nossa massa torcedora se arrastou  para o embarque, na  Estação da Luz. E só na majestosa estação de Bauru,  horas depois, em plena madrugada, chegou ao  fim aquele amargo regresso…

 

joao-francisco-tideiJoão Francisco Tidei de Lima é historiador e professor universitário aposentado — passou pelos campi da Unesp de Assis e Bauru e pela USC. Possui especialização no Institut Européen des Hautes Études Internationales, da Universidade de Nice, na França. Organizou o arquivo do Museu Ferroviário de Bauru. Com experiência como  radialista, é autor do livro ‘Alô, Alô, ouvintes: uma história do rádio em Bauru’.

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Memória da Bola: o primeiro e grande Dudu, do Palmeiras

Por João Francisco Tidei de Lima

 

O OUTRO DUDU
O Palmeiras, como se viu, peitou São Paulo e Corinthians e ganhou a parada para trazer um tal de Dudu, com passagens pela Ucrânia, Grêmio de Porto Alegre, etc. Se esse cara jogar pelo menos a metade do que jogava o outro Dudu, cerca de  50 anos atrás, o Verdão terá fechado um grande negócio.

Olegário Toloi de Oliveira, apelido de Dudu, saiu de Araraquara para  desembarcar no Parque Antarctica, aos 25 anos, em 1964. Escalado como volante, formou dupla com o meia Ademir da Guia durante dez anos. Como aparece na foto acima, em pé, a partir da esquerda, Eurico, Leão, Luís Pereira, Alfredo, Dudu e Zeca; agachados, Edu, Leivinha, César, Ademir da Guia e Ney. Formação de 1973.

Colecionou títulos regionais e nacionais, além de representar, com o seu Palmeiras, a Seleção Brasileira na inauguração do Mineirão em 1965, vitória de 3 a 0 contra o velho rival, o Uruguai.

INÍCIO NA FERROVIÁRIA
Aquele Dudu, do imortal Palmeiras começou a carreira na inigualada Ferroviária, de Araraquara. Cidade-sede da saudosa Estrada de Ferro Araraquarense. Seguindo o exemplo dos colegas de Bauru, Campinas, Sorocaba, Botucatu e Assis, os ferroviários de Araraquara, à altura de 1950, resolveram fundar um clube de futebol, a Associação Ferroviária de Esportes. Hoje, nas divisões de baixo, como o E.C. Noroeste, a Ferroviária chegou à Primeirona em 1955, logo impôs respeito revelando jogadores e desafiando os grandes na classificação geral.

Conquistou um honroso terceiro lugar no Paulistão de 1959, vencido pelo Palmeiras. Quando também enfrentou o Corinthians, diante do maior público da história do extinto Parque São Jorge. Os 32.419 pagantes  presenciaram  a vitória – 2 a 0 – do Alvinegro, com lances como o da foto abaixo: defesa do goleiro Rosan, assediado pelo corintiano  Joaquinzinho e protegido pelo médio Dudu. Apitou o jogo Stephan Walter Glanz, da Federação Paulista de Futebol.

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joao-francisco-tideiJoão Francisco Tidei de Lima é historiador e professor universitário aposentado — passou pelos campi da Unesp de Assis e Bauru e pela USC. Possui especialização no Institut Européen des Hautes Études Internationales, da Universidade de Nice, na França. Organizou o arquivo do Museu Ferroviário de Bauru. Com experiência como  radialista, é autor do livro ‘Alô, Alô, ouvintes: uma história do rádio em Bauru’.

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Coluna Memória da Bola estreia no Canhota 10. Bem-vindo, professor Tidei!

A partir desta semana, o Canhota 10 passa a publicar a coluna Memória da Bola, que há anos agrega conteúdo ao jornal Bom Dia e ao Blog do Norusca, do grande Reynaldo Grillo. O autor autorizou e passo também a amplificar esse belo trabalho de resgate da história do nosso futebol. Bem-vindo, professor!

 

VINTE ANOS DEPOIS
Novo presidente tomando posse, o Santos na ordem do dia. Estimula uma viagem até pouco mais da metade do século passado. Corinthians, São Paulo e Palmeiras reinavam, repartindo religiosamente entre si os títulos do Paulistão. Até que, naquele 1955, o Santos F.C. deu um chega-pra-lá… 20 anos depois da conquista do campeonato paulista de 1935.

Agora em 1955, e colado ao Corinthians, o Peixe não perdeu a chance, decidindo o Paulistão na última rodada, com a vitória (2 a 1) sobre o pequeno E.C. Taubaté, na Vila Belmiro. Marcaram, pela ordem, Alvaro, Berto e o ponta Pepe, já com o apelido de “canhão da Vila”. O Peixe somou 40 pontos, contra 39 do vice Corinthians.

O técnico Luís Alonso, o popular Lula, escalou o time da foto acima: em pé, a partir da esquerda, Ramiro, Urubatão, Hélvio, Formiga, Manga e Feijó; agachados, Tite, Negri, Alvaro, Del Vécchio e Pepe.

 

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Modesto Roma e Athiê Jorge Cury

QUEM BANCOU O CAMPEÃO
Agora quem dá bola é o Santos… o Santos é o novo campeão, são os primeiros versos da marchinha Leão do Mar, cantada a partir do título de 1955, autoria de Mangeri Neto e Mangeri Sobrinho. Em 1957, é composto o Hino Oficial, autoria de Carlos Henrique Roma, filho do dirigente Modesto Roma.

Modesto Roma (1907-1986), pai do atual presidente, dono de navios e empresas de navegação, fazia dupla com o então presidente do clube, deputado Athiê Jorge Cury (1904-1992). Responsáveis pela montagem do melhor Santos da história, daí a pouco tricampeão paulista, campeão brasileiro, bicampeão da América, bicampeão mundial, base da seleção brasileira, prolongadas excursões pela Europa, Ásia, Africa, e América do Norte, a magia e a genialidade em campo para encantar os corações e as mentes…

 

joao-francisco-tideiJoão Francisco Tidei de Lima é historiador e professor universitário aposentado — passou pelos campi da Unesp de Assis e Bauru e pela USC. Possui especialização no Institut Européen des Hautes Études Internationales, da Universidade de Nice, na França. Organizou o arquivo do Museu Ferroviário de Bauru. Com experiência como  radialista, é autor do livro ‘Alô, Alô, ouvintes: uma história do rádio em Bauru’.