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Vitinho Jacob tira dúvidas sobre Bauru e o mercado basqueteiro

retranca-bauru-basketComo prometido, após a proveitosa entrevista com o presidente Beto Fornazari, chegou a vez do papo com o diretor técnico Vitinho Jacob. Já há algumas temporadas acompanhando a rotina dentro da quadra, o dirigente traz um relevante olhar sobre o desempenho do time, elucida questões da Liga Nacional (onde também é diretor) e revela algumas curiosidades — pedi a ele para elucidar especulações de anos anteriores. E ainda revelou alguns desejos para o novo elenco, enfatizando que não necessariamente estão em conversas. Enfim, boa leitura garantida!

Como de costume, começamos com o balanço da temporada.
A temporada foi planejada para ser construída aos poucos. Fizemos um primeiro turno muito bom. Da Liga das Américas saímos precocemente, poderíamos estar no Final Four. Ainda mais da maneira que foi: vencemos o Guaros, melhor time do grupo, e acabamos perdendo dois jogos ‘ganháveis’ contra os times argentinos. O primeiro contra os donos da casa, mais empolgados, mas não eram tudo isso; e contra o Estudiantes, estávamos com o controle do jogo e acabamos perdendo. Essa eliminação foi muito dolorida, sentimos muito. Provavelmente, até arrastamos isso um pouquinho pra cá, nosso segundo turno no NBB foi muito abaixo da expectativa, a mudança de calendário foi ruim, as lesões… O sexto lugar [na fase de classificação] foi abaixo das nossas expectativas.”

Aí o trabalho do Demétrius foi de novo contestado. E de novo ele deu a virada nos playoffs e se tornou unanimidade.
As mídias sociais são ingratas. Quando a gente ganha, tudo certo; quando perde, tudo errado. Sempre disse isso, ‘vamos esperar o fim da temporada.’ São três finais consecutivas de NBB e um quase, na última bola. Temos que aprender a absorver as críticas, afinal, os torcedores querem o melhor do time. Mas quando durante os jogos reclamam de uma substituição, por exemplo, não entendem que existe uma estratégia que o treinador monta. Não dá para cinco jogadores atuarem quarenta minutos sem descansar nem fazer faltas. Mas paixão é isso aí. Temos que ouvir o que é bom para ser melhorado e não deixar os elogios subirem à cabeça.”

Dema: permanência mostrou a força do Dragão. Foto: Paulo Fernandes/Vasco

Você é de dentro do vestiário, viaja junto. O que pode falar do perfil desse grupo?
A saída do patrocinador máster [Gocil] atrapalhou muito a montagem do time. Alguns acabaram saindo e houve uma reformulação maior do que normalmente se faz num time campeão. Mas a equipe foi bem montada, dentro das circunstâncias. No início, não ganhou nenhum jogo-chave, mas sabíamos que ia encaixar, mas demorou um pouquinho e gerou certa desconfiança. O grupo se fechou e, com o trabalho da comissão técnica, muita conversa, muito treinamento, as coisas foram se engrenando. Perdemos o Alex…”

Houve situações que o plano de jogo foi alterado em cima da hora…
Num jogo contra Franca, aqui, ficamos sem o Rafal [Hettsheimeir] e o Alex no treino da manhã. Depois jogamos Liga das Américas sem eles. Fomos castigados por isso. Mas o perfil do grupo é vencedor e mostraram isso quando foi preciso. O playoff contra o Vasco foi muito difícil, eles queriam reverter a situação da temporada ruim. Conseguimos nos impor. Contra Franca, tivemos a felicidade de ir bem nos três jogos. E contra o Paulistano, conseguimos jogar no nosso limite, passando dele, até.”

Minha percepção é que o Rafa assumiu a liderança técnica do time, o Duda assumiu riscos (errando ou acertando, não se omitiu) e o Jaú já é uma realidade. Foi por aí?
O Rafa e o Jaú foram bem consistentes mesmo. O Kendall [Anthony] teve mais volume nos playoffs — e assim ele rende mais —, e o Duda e o Isaac fizeram bons jogos alternadamente. A defesa encaixou bem a zona. O Stefano ajudou bem quando entrava. O Shiltão, quando entrava embaixo, resolvia nosso problema na defesa. Ele pontua nos playoffs, é uma característica dele chamar o jogo. O Matulionis é que acabou não rendendo muito.”

Essa ‘experiência lituana’ foi pioneira não só em Bauru, mas na Liga. Mas foi uma adaptação difícil. Europeu nunca mais?
Pelo contrário.”

Pergunto porque já não havia funcionado o Jason Detrick…
A adaptação ao jogo é realmente um problema. Na Europa, é mais cadenciado, cinco contra cinco. Mas nunca mais, não, só temos que ter mais cautela nas próximas escolhas.”

Em relação à Liga, onde você é diretor técnico: qual a tendência para NBB 11, em relação a quantidade de times?
Eram quinze clubes, caíram dois, sobe o campeão da Liga Ouro. Então, a princípio serão quatorze. A Liga vai ter um período, normalmente até o final de julho, para os clubes apresentarem as garantias financeiras. Quando há duas divisões, não pode mais haver convites.”

E como o Caxias, rebaixado no NBB 9, pôde disputar?
Isso aconteceu naquele momento em que a CBB [Confederação Brasileira de Basketball] havia pedido para organizar a segunda divisão. A Liga cedeu, mas a CBB acabou não organizando. Foi uma sorte tremenda do Caxias nesse meio tempo. Como a Liga iria deixar um filiado disputar um campeonato que era um incógnita?”

Então, não haverá convites no NBB 11?
Convite não pode. Veja bem: a Liga pode decidir que o campeonato terá vinte times, por exemplo. Mas existe um critério: a classificação da Liga Ouro, do primeiro ao nono, depois Campo Mourão e Liga Sorocabana [os rebaixados do NBB 10]. Tem que seguir essa ordem. Como entrar outro clube? Comprar uma franquia que está no NBB.”

Então a Universo (que estava com o Vitória) é a bola da vez?
Exatamente! Tem a vaga e vive uma indefinição. Se eu tivesse um time e quisesse disputar o NBB, procuraria a Universo.”

Alguma chance de mudança em relação a ajuda de custo da Liga para os clubes?
A Liga foi criada há dez anos já com o intuito de dar subsistência aos clubes, pagar todas as despesas operacionais e os clubes só arcarem com a folha de pagamento. Isso é um sonho e um objetivo da Liga que até hoje não foi possível. A cada ano aumenta a receita, mas não é suficiente. Se a Liga fosse dar um milhão de reais para cada um dos quinze clubes, o que dá menos de cem mil por mês, daria quinze milhões de orçamento só para isso. Mas num futuro próximo isso poderá acontecer e poderemos evitar que clubes acabem. Esse é o objetivo.”

Voltando ao Bauru Basket. A final, se chegasse, seria em Araraquara. Por pelo menos mais um NBB o Gigantão continua na manga?
Araraquara nos acolheu muito bem, assim como Marília. A vantagem lá é que não é preciso transportar piso, o ginásio está pronto. Para as próximas oportunidades, sempre temos que conversar, enviar nova solicitação.”

Sobre o ginásio do Sesi em Bauru, há mais alguma história de bastidores? Como você soube da novidade?
Fiquei sabendo na apresentação do Skaf [presidente do Sesi], lá na sede da OAB. É fantástico ter um ginásio de alto nível, até mesmo para receber seleção brasileira, jogos internacionais, até amistosos da NBA… E finais nossas, finalmente!”

Demétrius deve ter balançado com a proposta do Flamengo, certo? Mas o mais importante disso foi mostrar o tamanho do Bauru Basket. O Dema já estava em um time grande.
Exato. O Flamengo está no Rio de Janeiro, tem torcida gigante e tem poder financeiro monstruoso. Deve ter seduzido muito, financeiramente e pela proposta de trabalho, envolvendo categorias de base. Mas nos alegra muito saber da credibilidade que conquistamos, a evolução ao longo dos anos.”

E o Dema dialoga com a base aqui também, através do Germano. Lançou Jaú, Maikão… O que esperar dos meninos na próxima temporada?
Normalmente montamos o time com oito a dez adultos e completamos com o sub-19. Temos uma molecada boa subindo, Pará, André, João Marcos, que já estão no principal, o Emanuel, o Rafael e o Malaquias…”

Mais uma vez começará o Paulista com a molecada? Ou a Sul-Americana em setembro muda esse planejamento?
Como saímos precocemente do NBB, podemos começar os trabalhos antes e iniciar o Paulista com o time principal. Mas seremos novamente ‘atrapalhados’ pela seleção: o Jaú, o Maikão e o Samuel foram convocados para a sub-21 para o Sul-Americano, que acaba no meio de julho. E na seleção principal, seguramente jogadores do nosso elenco serão convocados.”

Você mencionou o Maikão. Em que pé está essa relação?
Houve contratempos, imaturidade dele e falha de comunicação de ambos os lados. Ela agora está na Itália, no camp em Treviso, mas quando voltar vamos sentar e conversar. Eu acredito que o Maikão vai ficar por aqui. É um feeling meu, não posso cravar porque não depende só de mim. Confio muito que fique e tem tudo para fazer uma temporada exemplar.”

Stefano e Maikão: chances de permanecer no Dragão. Foto: Divulgação Fiba

Você ainda participa das negociações com os jogadores?
Eu, Beto e Demétrius conversamos sobre as opções para o time, planos A, B, C… Agora, as negociações financeiras são somente com o Beto. ”

Para esclarecer para o público que gosta de acompanhar o mercado: qual a diferença entre sondagem e proposta?
É bem diferente. Fale um jogador aí…”

Betinho e Renato Carbonari.
Betinho não existiu nem sondagem. Já o Renato estava em Bauru. Perguntei ‘Qual sua intenção para o próximo campeonato? Interessaria jogar em Bauru?’ Ele disse que sim, eu disse que ia conversar internamente e fazer uma proposta. Mas não deu tempo [nota do editor: Renato deve ser anunciado no Pinheiros quando seu contrato com o Vasco acabar]. Essa é a diferença de sondagem e proposta. Você pergunta para o jogador quais os planos dele, se ele pretende mudar, se não tem mais contrato. Temos por costume aqui não abordar jogador que tem contrato em andamento.”

É nessa hora que entra a sondagem? Tipo, quando acabar o contrato a gente conversa…
Isso. O primeiro contato do Flamengo com o Demétrius foi perguntar quando acaba o contrato com o Bauru. Ele respondeu ‘Está acabando agora’ e o Flamengo: ‘Podemos conversar?’. Assim que funciona. Eu sondo o jogador e passo o contato do agente para o Beto, que começa a negociação financeira.”

Topa matar a curiosidade de especulações do passado, se Bauru realmente negociou ou não?
.”

Fúlvio.
“Sempre!

Danilo Siqueira, ano passado.
Esteve muito próximo. Esse menino tem um talento muito grande.”

Aquela história curiosa do Laprovittola, para inflacionar o mercado…
Foi uma sondagem.”

O trio do fim de Limeira: David Jackson, Ronald Ramon e Deryk.
Nunca houve conversa. O Deryk foi uma vontade, mas não houve nada, nenhuma negociação. Daquele time, o Rafael Mineiro, sim, tivemos a intenção de trazer.”

E sempre se falava de gringos famosos de times da América Latina. Trey Gilder, Marcos Mata, Justin Keenan…
Esses estrangeiros sempre foram tiro n’água. Nunca houve conversas.”

É outra realidade salarial?
Tem de tudo. Alguns dentro da realidade, mas em dólar não dá nem pra conversar.”

Vitinho e Larry
Celebrando título com Larry, “roubado” de Bauru por Shamell. Foto: Caio Casagrande

Shamell: sempre houve o fator Larry. Verdade que ele já se ofereceu para o Bauru?
Via Larry. Mas faz tempo. O Larry dizia ‘Vamos trazer o Shamell, quero jogar com ele.’ Aconteceu mais de uma vez. Eu conversei uma vez com o Shamell, acho que estava no Pinheiros. Ele perguntou quanto eu ia pagar, eu disse que não ia falar de dinheiro com ele naquele momento. ‘Então não vamos conversar’, ele disse. Levantei e saí. Mas hoje ele é um grande amigo, até brincamos sobre isso. Foi questão de montagem de equipe na época, não tenho nada contra. Mas eu não imaginava que ele ia roubar o Larry!

Robert Day tentaram todo ano, até conseguir?
Foram vários anos seguidos. Boracini também, Valtinho, vários…”

O Day cativou demais, né? Ainda mantém contato?
Está no grupo de WhatsApp do time ainda! Converso bastante com ele. Dia desses ele jogou um campeonato de veteranos, deu show. Os filhos estão competindo, são esportistas natos.”

O amigo Day matou recentemente a saudade de competir. Foto: Reprodução

Se o Corinthians subir, essa conversa de seduzir os jogadores corintianos faz sentido?
Pode ser um critério de desempate entre propostas boas financeiramente e de qualidade das equipes. A camisa, jogar para a fiel, essas coisas… Mas não acredito que isso seja critério para jogador abrir mão de salário ou de qualidade de equipe. Pelo contrário, é segundo plano.”

Todo ano o Hettsheimeir fica em evidência, vira novela, mas o fator Bauru pesa. Será que dessa vez vai ser diferente?
É uma opção dele. Obviamente temos muito interesse, mas é uma questão de sobrevivência da equipe. Mais uma vez ele vai ter que avaliar a comodidade de estar instalado por aqui. O time vai fazer o máximo que estiver ao alcance para que ele permaneça.”

Ricardo Fischer e Jefferson William têm portas abertas no Bauru Basket ou ficou alguma rusga?
“Os dois têm portas escancaradas. Nenhum jogador saiu de Bauru com as portas fechadas. O caso do Ricardo foi imaturidade na época. Mas é um moleque bom, esforçado. E craque de bola! Tanto com ele quanto com o Jé temos bom relacionamento, muita resenha. Teriam espaço no time sem sombra de dúvidas. Aí seria questão técnica e financeira. De resto, portas abertas.”

Jé e Ligeirinho: portas escancaradas. Foto: João Pires/LNB

O Beto admitiu (ao Basquete 360) interesse no Lucas Mariano. E o ala francano Pedro, que também tem sido comentado?
Ambos são jogadores que têm espaço no Bauru, sim. Não vou falar sobre proposta, mas sem dúvida eu gostaria de ter no elenco.”

Mais uma vez o calcanhar de Aquiles da montagem do time será o ala 3 pontuador?
Não tem, né?”

O caminho será novamente um gringo?
Depende da montagem, das características do time. Mas o Jaú está se desenvolvendo para ser um pontuador. Se pudermos trazer um arremessador nato, ok, mas não é sangria desatada.”

O Gui Santos teve contrato renovado durante a recuperação, para se recuperar com tranquilidade?
Sim, está tudo certo.”

A história dele lembra a do Felipe Vezaro. Um enorme potencial atrapalhado por lesões.
Foram situações diferentes, mas infelicidade enorme de ambos. O Felipe também é um menino muito bom, esforçadíssimo. O Gui também. Ele é muito forte, um cavalo. Um mini Alex! Ele ainda vai jogar e muito bem pra gente. Ouvimos muita besteira, de que machucou de novo porque é fraco ou por cirurgia malfeita. Os exames estavam perfeitos, musculatura equilibrada. Foi uma fatalidade, levou uma pancada e estourou o ligamento. A expectativa é que possa voltar em alto nível, porque é um moleque talentosíssimo e muito forte fisicamente. ”

Por falar em moleque talentoso, eu torço muito pelo Stefano. Não há possibilidade de ele se naturalizar e assim abrir uma vaga de estrangeiro?
O pai dele trabalha nisso faz tempo. Existe uma regra do Mercosul de Residência Permanente que pode ajudar. Mas, independentemente disso, ele tem espaço no nosso time ainda. Depende da montagem do elenco. Se trouxermos dois armadores, nem ele vai querer ficar. Pela idade dele, precisa jogar. Mas é um menino em quem investimos faz tempo e já começou a dar resultado. E que tem um potencial muito grande. Está em desenvolvimento, um armador amadurece com 24 anos. Sem dúvida será um jogador de ponta.”

Mas uma saída não seria mais empréstimo?
Hoje ele é profissional. Já passou o momento da transição da base para o adulto. Vai depender da composição do elenco. Eu gostaria de contar com ele.”

A comissão técnica pensa no Gui Santos na posição 1 ou 2?
Dois-um. Segundo lateral ou terceiro armador, algo assim. Na formação do elenco, conta como um dos três armadores.”

Diante disso, tanto Anthony quanto Stefano ainda não dá para cravar a permanência.
Qualquer situação. A espinha dorsal do time ainda é pequena, três atletas. Esperamos ter novidades logo, fechar com alguns jogadores, justamente para ter tranquilidade nesse planejamento.”

A intenção é ir colando as figurinhas? Nada de anunciar pacotão e matar a torcida de ansiedade…
Isso. Ir completando o álbum o quanto antes!”

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Dragão vence bicampeão Guaros e está vivo na Liga das Américas!

Depois da derrota de ontem para os anfitriões do Regatas Corrientes, o Bauru Basket estava nas cordas. Ambos, aliás, pois o Guaros de Lara também perdera na estreia, para o Estudiantes Concordia. Quem saísse derrotado nessa segunda rodada, portanto, diria adeus à Liga das Américas. E caíram os venezuelanos, atuais bicampeões. 81 a 77 para o Dragão, com domínio maduro do andar da contagem.

Quem se lembra da primeira fase, na Panela de Pressão, sabe que o Dragão perdeu para o Guaros jogando sem Alex Garcia e Rafael Hettsheimeir. Mesmo assim, foi apertado. Com os dois craques do time, a história foi outra. O Canela gosta demais de atuar em solo argentino — em 2011, em Mar del Plata, colocou o Brasil na Olimpíada de Londres. Fez 24 pontos e pegou oito rebotes. O Brabo, como de costume, a eficiência em pessoa:  16 pontos, oito rebotes, oito assistências. Alex deveria injetar formol nas veias e nunca parar de jogar…

Neste domingo, também às 19h15, Bauru e Estudiantes Concordia têm confronto direto por uma vaga no Final Four. O Regatas já está dentro, após vitória por 91 a 61 sobre os conterrâneos — não se iluda com a diferença, Estudiantes tirou o pé e se poupou depois de perceber a inevitável derrota, já que não será necessário saldo para definir a outra vaga.

Confira os melhores momentos da vitória sobre o Guaros

Fala, Brabo!

“Fez muito calor hoje. Jogamos na superação, com desfalque do Shilton, com problema no joelho. Defendemos do início ao fim e tivemos o controle do jogo a partir do terceiro quarto. Isso foi fundamental para lutarmos pela classificação amanhã”, disse o capitão Alex Garcia, 24 de eficiência, ao pós-jogo oficial da #LDA2018.

Numeralha

Canela: 24 pontos, 8 rebotes, 1 toco
Brabo: 16 pontos, 8 rebotes, 8 assistências, 1 roubo de bola
Duda: 12 pontos
Maikão:  10 pontos, 6 rebotes
Jaú: 7 pontos, 6 rebotes
Toninho: 5 pontos, 2 assistências
Isaac: 4 pontos
Boludinho: 3 pontos, 2 rebotes, 1 roubo, 1 toco
Renan e Osvaldas, discretos, não pontuaram (ambos jogaram 11min)

 

Foto: Victor Lira/Bauru Basket

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Vitinho Jacob: “Teríamos o mesmo êxito se Hettsheimeir tivesse ficado”

retranca-bauru-basketO Gocil Bauru Basket inicia hoje os trabalhos de seu elenco para a temporada 2017/2018. Com o status de campeão brasileiro, mas com uma realidade financeira enxuta. Não diria modesta, pois a estrutura da Associação tem resultado em pódios há pelo menos cinco temporadas. Como de costume, fiz uma longa entrevista com o gestor Vitinho Jacob. Aliás, ano passado não publiquei, porque a saída da Paschoalotto poucos dias depois da conversa desmanchou todo o cenário… Este ano deu certo, já faz algumas semanas do proveitoso papo de 40 minutos no escritório do clube. O que está transcrito abaixo é o diálogo na sua sequência original, da forma como o raciocínio foi construído e as perguntas foram surgindo. Vitinho fala com desenvoltura, no começo com a voz postada (pelo hábito das tantas entrevistas que concede), mas logo se solta, rimos juntos e a conversa fica no tom de uma boa resenha — bem que poderia ser chope, mas foi regada a café. A diferença de um ano para o outro, infelizmente: a mesa vazia do Biro (diretor da base, que faleceu dois dias após o título). E do Caio (Casagrande, ex-assessor de comunicação), que bateu asas, mas em seu lugar um reforço à altura, o colega Neto Del Hoyo, com quem botei o papo em dia. Aí chegaram o Joaquim (Figueiredo, ex-presidente), o Cassião (Cerimelli, vice do Conselho Gestor), mais café e prosa. O semblante deles ainda resignado pela perda, mas o entusiasmo de tocar o basquete, que o Biro tanto amava, brilhava nos olhos. Exposto o cenário, vamos lá. O texto é longo, mas muito relevante. Inclusive para quem não torce para o Dragão, pois Vitinho conhece como poucos a Liga Nacional e o produto NBB. Ele faz um balanço da última (e maluca) temporada, do planejamento da próxima e comenta o trabalho da LNB. Fala, Vitinho!

Vitinho Jacob
Fran, Biro, Vitinho e Caio: quarteto do escritório agora em ótimas lembranças. Foto: Reprodução Facebook

Foi uma temporada louca. Um ano atrás você não diria que seria campeão brasileiro…
Conscientemente, não. Mas eu sou um entusiasta de carteirinha e naquela discussão do Paulista, de colocar os adultos, eu disse ‘não, vamos segurá-los para o NBB.’ Eu fui questionado: ‘Se não vamos chegar a lugar algum no NBB, por que não colocar os adultos agora para tentar ganhar o Paulista?’ E eu falei: ‘Quem disse que não vamos chegar a lugar nenhum no NBB?’ Mas era mais um entusiasmo do que o racional. Obviamente, sempre acreditei no nosso time. Via os outros times, com Mogi e Brasília crescendo muito, montando times bons, o Flamengo mantendo a base e se reforçando e sabia que Vitória e Ceará viriam bem. Surpreendentemente, algumas coisas se inverteram, o Paulistano e o Pinheiros fizeram playoffs maravilhosos — nós também —, mas falar que contava com a final? Óbvio que não. Mas nunca deixei de acreditar no time.”

Houve algum momento em que realmente a equipe ficou em risco? Não digo em relação a deixar de existir, mas de manter um alto nível. Acabou mantendo Alex, Hett, Jefferson, Meindl, mas houve algum momento tenso de negociação, de dúvida mesmo?
Muito! Ali pelo final de junho, chegamos a ter praticamente certeza de que não haveria time. Aí, na composição da nova diretoria, a Paschoalotto assumiu algumas rescisões, os jogadores foram ficando em Bauru e nos dando coragem. Os patrocinadores que estão sempre com a gente, como Mezzani, Cral, Unimed, Zopone — a Sendi entrou… — foram nos dando força para acreditar, mas por um período o medo foi grande.”

E aí a Gocil entrou para complementar esse orçamento.
A Gocil entrou em setembro, aí sim nos deu uma segurança para continuar.”

Em que pé está o assunto Gocil e a promessa de renovação com aporte maior?
O contrato atual é até a primeira semana de setembro e ele [Washington Cinel, presidente da Gocil] nos pediu para conversar um pouco mais pra frente. Acreditamos na promessa dele, levamos isso em conta, mas não podemos garantir. Somente quando estiver assinado e majorado… Está fora do tempo e isso atrapalha um pouco, mas prefiro assim do que não tê-lo conosco. O certo é que entregamos muito mais em visibilidade e valor de marca do que a Gocil investiu.”

Entrevista Vitinho: Gocil
Washington Cinel, da Gocil, entre o presidente Fornazari e o capitão Alex: todos na expectativa do cumprimento da promessa de renovação. Foto: Caio Casagrande/Bauru Basket

Fora a Gocil, há alguma outra conversa para patrocínio máster?
A gente não para, né? Tenho conversado com várias empresas. O título brasileiro pode nos ter aberto outros caminhos, talvez com empresas maiores… Estamos correndo atrás.”

E disputar a Liga das Américas também é um reforço de visibilidade.
Sem dúvida! Começa em janeiro e dá uma visibilidade enorme, é a Libertadores do basquete. Eu já estava me preparando para jogar a Sul-Americana, quando ficamos em quinto na classificação da primeira fase. Eu avisei o time: ‘No limite, temos que manter o quinto pra jogar a Sul-Americana, que é atalho para a Liga das Américas.’ Mas conseguimos ir até a final e ao título, o que já nos deu vaga direta na LDA.”

Ao contrário de edições anteriores de competições internacionais, este não parece o momento de tentar sediar alguma chave em Bauru. O time vai voar por aí na competição…
Acho que sim. As definições de sedes serão em outubro, novembro, mas hoje a chance é zero. Quem sabe?… Não sabemos como vai estar a Prefeitura e nosso patrocinador, é questão para ver mais para o fim do ano.”

Falando em Prefeitura, houve um encontro recente do Bauru Basket com o prefeito Gazzeta e o deputado Pedro Tobias. O que saiu dessa reunião?
Foi mais uma aproximação. Pincelamos alguns assuntos, mas nada que a gente possa botar fé. Em outros momentos, conversando com o Gazzetta, com o Roger [Barude, vereador], com o Garrincha [secretário de esportes], existe sim a vontade de construir a arena. Está todo mundo se mobilizando, diferentemente de outros tempos. Antigamente, havia dinheiro, mas não havia projeto. Aí a Paschoalotto, através da Assenag, deu o projeto para a cidade. Aí não havia mais dinheiro! Quem sabe um dia haja vai haver dinheiro e projeto juntos.”

Você acha viável a hipótese de trazer alguma arena olímpica pré-moldada?
Eu acho que sim, totalmente viável. Mais barato, mais fácil e a readequação de local é simples. Se houver essa possibilidade, acho fantástico.”

Foi provisória lá na Olimpíada, aqui passaria a ser fixa!
Ah, a gente amarra, põe um guarda à noite. Daqui não sai mais!” [risos]

Voltando para a última temporada: a disputa do Paulista foi alvo de críticas. Aparentemente os adultos voltaram antes do planejado para garantir vaga nos playoffs… Valeu a pena colocar a molecada na fogueira? Vocês viram evolução dos meninos? Como foi lidar com aquela situação?
Dentro da diretoria, a avaliação é que o planejamento foi perfeito. Não mudamos nada e deu tudo certo. Conseguimos ir pra final, mas, independentemente disso, o planejamento foi correto, mostrou que chegamos inteiros no fim do NBB. Não foi só uma estratégia: não havia outra opção. Shilton e Valtinho se apresentaram em agosto, até por questões financeiras. Demétrius, Alex e Rafael [Hettsheimeir] na Seleção [Olimpíada], Jefferson e Léo voltando do Sul-Americano. Tanto para a evolução dos meninos quanto como pré-temporada foi perfeito. Claro que na final do Paulista, por não ter feito o campeonato inteiro, nos custou o título. Mas era o risco e Mogi estava num momento melhor, focado, pois precisava ganhar um título. Eu não mudaria nada, apesar das críticas injustas e pesadas. Como em toda temporada, aliás… Nossa imprensa é muito torcedora e não consegue entender que temos que pensar a longo prazo, de agosto a junho. Poderia confiar mais no nosso trabalho, estamos aí há nove anos, não somos aventureiros.”

Entrevista Vitinho: vice Paulista
O controverso vice estadual: passo atrás rendeu. Foto: Caio Casagrande/Bauru Basket

Naquela virada de dezembro para janeiro, alguns torcedores chegaram a pedir a cabeça do Demétrius. É um hábito mais futebolístico e é óbvio que nem passou pela cabeça de vocês. Mas como foi lidar com aquele turbilhão?
Foi bem difícil. Eu chamei o Demétrius, disse que é assim que funciona aqui, mas que confiava no trabalho dele. E a diretoria deu todo o respaldo. Ele disse ‘Estou acostumado com a pressão, já fui jogador, sou técnico, vamos continuar trabalhando.’ Em nenhum momento ele esteve sob risco. Ouvimos críticas até nos playoffs, mas faz parte.”

Como foi a reinvenção depois que o Rafael saiu?
Havia acabado o prazo de inscrições. Mesmo se tivéssemos dinheiro, não dava pra repor. Até a gente brinca que o time melhorou depois que o Rafael saiu, mas a grande virada do time foi antes. Depois da parada do fim do ano, perdemos para Mogi e fomos para Campo Mourão. Tivemos uma reunião do time que foi fantástica. Ali começou nossa virada — e o Rafael estava junto. O time começou a marcar melhor. Acho que teríamos o mesmo êxito, e até mais tranquilo, com o Rafael.”

Houve essa dedução de que a defesa melhorou sem ele, mas ele terminou o campeoanto como segundo melhor reboteiro…
Um dia, conversando com o Shilton, ele me alertou: ‘Vitinho, depois daquele jogo em Salvador, quando o Rafael fez duzentos pontos, nós não ganhamos mais nenhum jogo no ataque, só na defesa.’ Aí comecei a me lembrar, era verdade. Geralmente, quando o outro time não passava de 80, nós ganhávamos. Ganhar no ataque era um ou outro jogo, aí sim dependíamos muito do Rafael. Então, tem todo o mérito do Demétrius, mas essa mudança já vinha acontecendo e começou a dar certo no momento certo. O Bruninho [Camargo, preparador físico] tem um planejamento de picos de treinamento e sabe que em algum momento um jogador não vai render. Mas vai render na hora certa. Então, é tudo planejado pela comissão técnica e a diretoria aposta junto. Gostaria de frisar isso: o time não melhorou com a saída do Rafael, já estava melhorando. Se o Rafael continuasse, o Demétrius lidaria tranquilamente com esse balanço defesa-ataque.”

O intervalo do jogo 3 contra o Pinheiros foi o momento-chave da temporada. Doze pontos atrás, o clima no ginásio era de jogar a toalha, todo mundo de cabeça baixa. E de repente o time voltou atropelando. O que aconteceu no vestiário?
Normalmente, eu tenho o hábito de correr para o vestiário, entrar antes dos jogadores e ficar num lugar separado para eu perceber se tem alguma coisa. A comissão demora mais um pouco, primeiro pegam as estatísticas e conversam entre eles. O Demétrius dá aqueles minutos para os atletas. Então, eu vou antes e sinto: se eles querem conversar sozinhos, saio. Mas naquele momento eu faço mais parte dos jogadores do que da comissão técnica e às vezes até entramos em discussão. Naquele dia, como você disse, eu entrei de cabeça baixa, jogando a toalha. Aí vi uma conversa acalorada entre Alex, Jefferson, Shilton, todos falando o que estava errado, um olhando na cara do outro. Pensei: eles estão no jogo. Veio o Demétrius, corrigiu duas coisas taticamente, um acerto simples na defesa, outro no ataque. Todos concordaram, veio a mudança de atitude e aquela maravilha que vimos.”

Vitinho com a taça do NBB 9
Com a tão desejada taça: ele já tinha a de bronze e a de prata… Foto: João Pires/LNB

Sobre as polêmicas da decisão, das arbitragens, de suposta predileção da Liga pelo Paulistano, o famoso “mal podemos esperar”… Eu não caí nessa, pois a Liga é dos clubes. Pode ter havido equívocos, na forma de se expressar, na escalação de arbitragem, mas não consigo ver má intenção. E você que é integrante da diretoria da Liga pode dar uma noção dos bastidores, da organização, esclarecer isso. Pois não há como querer favorecer um se todos estão ali dentro…
Exatamente. Essa é uma opinião minha, do Vitinho pessoa física: tenho clara certeza de que não existe má-fé nem da arbitragem, muito menos da Liga Nacional. Claro que existem erros, mas se um dia entender que existem cartas marcadas, estou fora. Saio da Liga, saio do basquete. Então, acredito cem por cento que a Liga é idônea. E a arbitragem também. Claro que existe birra com um atleta, com um treinador, com um time, mas você viu: tivemos problemas com o Maranho aqui e depois ele apitou dois jogos serenamente. Não consigo enxergar nada de armação, apesar dos erros graves. A escalação do Chiconato [árbitro pivô da bola presa no jogo 3 da decisão do NBB 8] foi um erro gravíssimo. Quebrei o pau lá dentro da Liga. Lá é assim: nas reuniões o pau come! Saiu da reunião, somos unidos, fechados. O que está decidido é em prol dos clubes. No dia da escalação, tivemos discussão brava com o Bassul, a Flávia, o Sérgio, o Kouros, o Rossi, todo mundo! O erro não foi a escalação dele ali, mas não ter sido escalado [em jogos do Bauru] a temporada toda. Ele apitou apenas um jogo nosso em 38, aí apita a final? Se tivesse apitado cinco, seis jogos, estaria diluído, não teria problema. Ele apitou um jogo no Rio, contra o Vasco, todo mundo respeitou, apitou normalmente. Por que pouparam tanto? Deixei claro que não gostamos, que foi desnecessário. E depois eles concordaram. Sobre as redes sociais, foi uma besteira absurda, mas foi bom pra nós. Provavelmente quem escreveu quis dizer mal podemos esperar…”

… pelo jogo!
É óbvio! Eu entendi isso na hora. Mas como as pessoas não entenderam, pusemos lenha na fogueira, nos deu o combustível que a gente precisava. Aí na outra semana teve o #goCAP… Eles punham também #fogoneles! Mas se as pessoas só viam o #goCAP, deixa o pau torar! Enquanto foi combustível pra nós, valeu a pena.”

No que a Liga avançou em relação à organização do NBB e o que pode melhorar?
A Liga está crescendo passo a passo, muito bem. Agora que começou a ter independência financeira. Antes, dependia do Ministério do Esporte, depois da NBA. O próximo passo é aproximar a estrutura dos clubes da estrutura da Liga. Não acho que a Liga deva dar dinheiro para os clubes, mas tem que pagar transporte, alimentação, arbitragem, todas as despesas para jogar o campeonato — e os clubes ficam com suas folhas salariais. Esse é o intuito da Liga, quando tiver orçamento pra isso.”

A Avianca (parceira do NBB) dá passagens?
Deu cerca de 70 passagens para os clubes usarem durante a temporada. Com algumas particularidades, porque não temos Avianca em Bauru. Alguns times nem aproveitaram… Nós aproveitamos todas! Principalmente para os jogos no Nordeste. Usamos em Brasília também. O caminho é esse, aliviar as despesas dos clubes e deixá-los focados em sua estrutura interna. Esse é um sonho do Kouros [Monadjemi, primeiro presidente da LNB] desde o início: pagar as despesas dos clubes e ter dinheiro pra distribuir no fim da temporada, além das premiações. São coisas que ainda não aconteceram. Já está no momento de decidir. Se não houver dinheiro no orçamento para pagar arbitragem, temos que tirar de outro lugar. Mas a Liga tem que pagar a arbitragem. Teremos reunião de orçamento em agosto e os clubes estão fechados nisso. Tem que começar o orçamento a partir daí.”

Amistosos contra times da NBA é um assunto que está parado?
Não tem nada ainda, mas já comecei a cavucar. Vamos ver se a gente consegue alguma coisa.”

Há alguma regra? A vez de algum clube?
Não. Estão pensando em criar o critério, agora que estão criando uma nova empresa para a parceria NBA-NBB. Mas ainda não existe. Então, se conseguirmos alguma coisa para esta temporada, será por relacionamento. Existem ainda algumas conversas de fazer amistosos contra times da D-League [Liga de Desenvolvimento da NBA], contra times da Argentina e do Uruguai. Acho interessante aumentar esse intercâmbio com times fora do Brasil.”

Até porque aquele passeio na China não serve pra nada tecnicamente…
Tecnicamente, não. Fisicamente, não… É cansativo, há opções melhores.”

Vamos falar de futuro agora. Campeonato Paulista com molecada? Mesclado? A Seleção pode desfalcar o time…
Para as eliminatórias do Mundial serão ‘datas Fiba’ em novembro e fevereiro e o NBB vai parar nessas datas. Para o Paulista, temos o mesmo problema do ano passado. O time jogou até 17 de junho, teve compromissos até dia 20. Trinta dias de férias e agora precisam de pré-temporada. Anthony, Shilton e Alex só chegam em agosto, não dá para colocar os caras pra jogar! Eu vejo o time pronto no começo de setembro. Vamos ter um mês todo de Paulista até esse ponto. Um agravante é que nós não temos o número de jovens que tínhamos ano passado. Hoje temos cinco: Stefano, Gui Santos, Henrique, Jaú e Maikão. E só. Temos os meninos do sub-19, mas poucos têm condições de jogar um campeonato adulto. Estou com muito receio. Não há muito o que fazer.”

Como foi encarar a montagem do elenco depois do título?
Quando você fica para a final, já está fora do mercado. Eu tinha o costume de negociar em abril, maio, quando acabava o campeonato nosso time estava praticamente pronto. Nos últimos anos foi diferente. Agora, com o time campeão, tivemos o ônus do título, com a valorização dos jogadores e o assédio. Praticamente todos tiveram propostas de outros times e com valores bem acima. E a nossa receita não aumentou. Sinceramente, temos nossas prioridades. Não é possível renovar com todo o elenco. São os cinco meninos já garantidos e precisamos de sete adultos. Teremos todos no momento em que tivermos receita. As decisões passam por mim, pelo Demétrius, pelo Cássio e pelo Beto [Fornazari, presidente], que está à frente das negociações. Diferentemente de anos anteriores, este ano não estou negociando com atletas e agentes. Converso, tento ajudar, mas a parte financeira e a negociação dos contratos é o Beto quem cuida. Uma coisa é certa: não vamos fazer loucura, vamos trabalhar estritamente dentro do orçamento. O Anthony, por exemplo, foi uma oportunidade que o Beto teve de fechar antes, é um jogador diferenciado que vale a pena apostar.”

O título de alguma forma criou uma euforia fora da realidade financeira do clube? A ponto de o torcedor se surpreender de perder jogadores importantes…
Totalmente, cria sim essa euforia. Mas os jogadores se valorizaram, há times com apetite no mercado. O que temos a oferecer como diferencial é que jogaremos a Liga das Américas, temos uma estrutura boa, um grupo com relacionamento fantástico. Há dois pontos: o time melhorar a receita e os jogadores entenderem a realidade financeira.”

Entrevista Vitinho: Hettsheimeir
O cobiçado Hettsheimeir: predileção por Bauru. Foto: Caio Casagrande/Bauru Basket

Dos nomes que já circularam, o próprio Hettsheimeir faz campanha pra voltar, né?
O Hett é sempre bem-vindo! No momento que ele quiser. É da casa. O problema é que ele é caro, não temos orçamento para ele hoje, não conseguimos nem fazer proposta. No dia que tivermos, não tenha dúvidas: as portas estarão escancaradas pra ele. Existe o interesse eterno. Você viu como foi lá em Araraquara, a festa que ele fez com a gente.”

Em casos como o dele, há sempre aquela cláusula de não segurar o jogador quando há proposta do exterior?
Isso é caso a caso. Mas a minha opinião é que tem que vir e ficar. Não dá pra acontecer de novo o que aconteceu com o Rafael. Na época, foi uma condição para ele renovar e nós precisávamos dele. Mas não dá… É melhor já ter o time seguro, o treinador saber com quem vai contar. Claro que podemos começar o Paulista com um time e, com a renovação da Gocil e a entrada de outro máster, ir melhorando. Pode surgir uma opção estrangeira, uma questão de momento.”

O Jaú, depois de ter estourado, chegou a ser especulado fora. Está garantido?
Totalmente. Ele tem contrato até o final de 2018, com multa rescisória. E o Jaú é um moleque cabeça boa demais. Sabe que ainda não está pronto.”

Tomou muita bronca nos playoffs!
Você não imagina nos treinos!”

E assim aprendeu muito. Quem vê de fora pode ficar com dó do garoto, eram Shilton, Alex, Jefferson na orelha dele, depois o Dema…
Só porrada. [risos] Com todos eles. O Alex e o Shilton conversam com os meninos, dão dura. É uma escola pra eles. São privilegiados de treinar todos os dias com esses caras. Estão evoluindo muito.”

Depois do bom começo no Paulista, o Maikão não teve uma temporada tímida? Ou cada um tem o seu jeito de amadurecer?
Acho que cada um vai ter sua oportunidade no momento certo. Pensando friamente, com a saída do Rafael, o espaço era do Michael. Mas o Jaú aproveitou lá em Brasília e o treinador também observou nos treinos. Existem algumas dificuldades do Michael que estão sendo trabalhadas pontualmente e o Demétrius conta com ele. Ele jogou muito contra o Pinheiros no jogo 2, mas o Demétrius conhece o time, o dia a dia e sabe que tem que tirar depois para não queimar o garoto. Em playoffs não dá pra fazer experiência. Agora, esses meninos vão ter de novo um Paulista pra jogar e a Liga de Desenvolvimento sub-20.”

Falando em LDB, pra finalizar: em que pé está essa queda de braço da Liga com a CBB? Tudo o que não precisamos agora é de problema interno no basquete brasileiro…
A CBB fez várias solicitações à Liga, que abriu mão de campeonatos sub-15 e sub-17 que já estavam organizados. Ela pediu a última instância do Superior Tribunal de Justiça Desportiva e a Liga cedeu. A Liga Ouro… Posso falar pela intenção da Liga: zero de conflito, temos que trabalhar de mãos dadas. A essência é a Liga realizar o campeonato nacional e a CBB cuidar de seleções e formação. Perfeito. Por que a Liga começou a fazer a base? Porque a CBB não fazia. Alguém tinha que fazer. A base não está no escopo da Liga, que foi criada pra fazer o campeonato adulto. Mas a LDB deu tão certo — e faz parte do adulto — que a Liga tem um pouco de receio sobre como vai ser conduzido. Minha opinião é que seja conduzida a quatro mãos nos dois primeiros anos e depois a CBB assumir, sem problema nenhum. A ideia dos clubes é trabalhar em prol do basquete, até porque, com a punição, os únicos prejudicados foram os clubes. Bauru, Flamengo e Mogi proibidos de disputar a Liga das Américas… E uma geração de ouro do sub-19, com Jaú, Michael, Yago e os meninos do Pinheiros, não pôde disputar o Mundial.”

 

Dias depois, Vitinho foi anunciado como diretor de patrimônio do Noroeste, uma estratégia de aproximação das principais modalidades do esporte bauruense. Pedi a ele, via Whatsapp, para comentar essa novidade e o como ele atuará:
É uma primeira aproximação das modalidades buscando o bem comum. Já existe um relacionamento muito bom, de longa data, somos todos amigos. Já conversamos e trocamos ideias toda semana. Agora vamos buscar caminhos que possam beneficiar todos. Óbvio que não é fácil, cada um tem seus interesses. Particularmente, meu tempo é cem por cento focado no Bauru Basket, mas vou participar do Noroeste em discussões de ideias, planejamentos. O Reinaldo [Mandaliti, vice de futebol] vai estar mais à frente, no dia a dia, e eu vou tentar colaborar no que puder.”

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A metade cheia do copo: sem Hettsheimeir, Bauru melhorou a defesa

retranca-bauru-basketDesde que a bomba estourou no último domingo, a pergunta foi imediata: o que será do Gocil Bauru sem Rafael Hettsheimeir? Afinal, despedia-se o cestinha do time, com 19, 9 pontos de média, e também maior reboteiro (7,8 por jogo). E a reação da torcida também cravava o fim do sonho do título do NBB — como se ele estivesse tão realizável assim antes…

Pois bem. Começando pelo caneco, como esta nona edição do Novo Basquete Brasil está maluca (um perde-ganha sem precedentes), o Dragão pode sim continuar sonhando com o título. Seria difícil antes, continuará difícil agora. Pode sonhar, não delirar. Mas quando vemos que o bicho-papão Flamengo mostrou suas fraquezas, que Mogi ainda não se encontrou e até o arretado Vitória, quem diria, já figura no G-4… Portanto, a briga está aberta, mesmo sem Hettsheimeir.

A saída do Canela fora ensaiada outras vezes, agora o leite derramou, vamos em frente. Claro que seria muito melhor com ele aqui, mas é hora de olhar para a metade cheia do copo, como dizem os gurus da autoajuda. E este Canhota 10 colheu otimismo nos números. A defesa melhorou. E defesa é o pilar da vitória no basquete.

Ah, mas você está se baseando em apenas duas partidas? Estou, porque a amostragem ajudou. O então líder (Flamengo) e o penúltimo colocado (Macaé). Um de cada ponta, com o acréscimo de dificuldade de serem embates fora de casa. Aos números:

• Bauru chegou ao Rio de Janeiro com média de 79 pontos marcados e 77 sofridos. A média dos embates contra Flamengo (72 a 63) e Macaé (87 a 67), foi de 79 a 65. Isto é: o time se desdobrou para suprir a artilharia de Hett; a defesa sofreu 15% menos pontos.

• O Flamengo nunca havia feito tão poucos pontos numa partida deste NBB 9. O mínimo rubro-negro havia sido 83! Isso, 20 a mais.

• Mesmo lá no fundão, o cascudo Macaé vende caro suas derrotas. A diferença de 20 pontos foi a maior sofrida numa derrota deles. E a marca de 67 pontos no ataque foi a quarta menor da equipe.

• A média de roubos de bola do Dragão era de 6,2 por jogo. Contra Flamengo e Macaé, foi de 9,5. Talvez esse aumento justifique um número que não cresceu, o de rebotes defensivos. Caiu de 29,5 para 26. Qualquer hora eu me debruço nos escautes dos 16 jogos para achar mais pistas.

O fator Shilton

Shiltão: agora vai. Fotos de Caio Casagrande/Bauru Basket
Shiltão: agora vai. Fotos de Caio Casagrande/Bauru Basket

O camisa 6 bauruense vinha fazendo uma temporada bem discreta, até mesmo questionada pela torcida. Pois deu resposta rápida à responsabilidade que caiu sobre seus ombros, que foi saltar de 12min por jogo para 30min — sempre comparando as médias das 14 primeiras partidas com as das duas últimas.

Ninguém vai cobrar do Shiltão da massa um desempenho ofensivo do nível de Hett, que tinha o jogo externo como diferencial. Mas o fato de ele ter saído de 3,9 pontos por jogo para os dois dígitos (10, cravado) já é animador. Nos rebotes, aí sim sua grande virtude, ele tinha 3,2 e contribuiu com 7,5 por partida na excursão fluminense.

Alex Garcia, em entrevista à repórter Giovanna Terezzino na transmissão web da Liga, pós-jogo contra o Macaé: “Perdemos o cestinha do time, vai fazer muita falta, mas temos que nos adaptar sem ele. Conversamos bastante com o Shilton, pois com mais minutos, vamos precisar mais dele no ataque e está funcionando. Na defessa, ele está fazendo um grande trabalho, até um pouco melhor do que o Rafael”. Palavra do capitão.

Shilton vai render sempre assim? Não. Todo jogador oscila. Por isso Maicão e Jaú precisam ganhar confiança, assim como Jefferson já entendeu — e colocou em prática — que será o protagonista no garrafão, além de ser o homem da bola de três, definitivamente.

O time vai sempre ser impecável na defesa? Claro que não, sobretudo nessa temporada maluca, de altos e baixos. Por isso falamos de médias, de um comportamento de jogo desejável — que o técnico Demétrius certamente cobra no dia a dia. E se Bauru quiser continuar bem, mesmo sem Hettsheimeir, a receita está pronta, com tempero carioca.

 

Fotos: Caio Casagrande/Bauru Basket

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Paschoalotto Bauru, vice mundial: ouça entrevistas dos guerreiros

retranca-intercontinental(Direto do Ibirapuera) Era um misto de tristeza e resignação o semblante dos bauruenses após a vitória do Real Madrid que definiu o título dos merengues. Como Guerrinha falou, tristes pela derrota e felizes pelo desempenho. Entrevistei alguns dos personagens do Paschoalotto Bauru no final de semana e o interessante é que as falas acabam por resumir o que aconteceu. Day disse que “faltou perna”, o que evidencia a preparação complicada do time, admitida por Guerrinha na coletiva inicial do evento; Alex falou que o time tem que voltar a jogar coletivamente (eu estava atrás do banco e vi as broncas que deu em Hett pelos momentos individualistas do jogo 2); Ricardo sabe o tamanho da vitrine em que brilhou; e o camisa 30 falou de sua permanência na Sem Limites — mesmo que acompanhada de um sorriso maroto e começando a falar em espanhol… Falem, guerreiros:

GUERRINHA:

 

ROBERT DAY:

 

ALEX GARCIA:

 

RICARDO FISCHER:

 

RAFAEL HETTSHEIMEIR:

 

 

Foto: Divulgação Fiba Américas