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Coluna da semana: o “projeto” Palmeiras/Bauru

Entre aspas porque não houve planejamento e as meninas é que sofrem com isso. Confira o texto publicado na edição de 4 de junho de 2012 no jornal BOM DIA Bauru.

Descaso com as meninas

Desde que as meninas do futebol feminino chegaram escondidas a Bauru, treinando sem parceria concretizada, o BOM DIA acompanha cada passo de sua agonia, com o brilhante trabalho do intrépido Gustavo Longo. Da refugada do Noroeste à chegada do Palmeiras, as protagonistas dessa história têm vivido um drama. Pingando de alojamento em alojamento, sem ver a cor do dinheiro, sujeitaram-se o quanto suportaram por causa de um sonho. Mas estão vivendo na pele o pesadelo que é o futebol feminino no Brasil.

Na pressa de garantir o time no Campeonato Paulista, colocaram as meninas em campo sem garantias financeiras para honrar seus salários. Não tiveram o mínimo suporte administrativo e escalaram atleta sem condições legais de jogo. Prometeram alojamento (no singular), mas a falta de um teto digno fez com que três jogadoras abandonassem (com razão) o barco e agora o elenco inteiro se mandou para a Capital.

No meio do empurra-empurra entre Semel (Secretaria Municipal de Esportes e Lazer) e Palmeiras, ninguém tem razão. A Semel, na ansiedade de garantir representação nos Jogos Abertos, aceitou hospedar um time sem planejamento – e agora tira o corpo fora, diz que essa equipe não atuará mais por Bauru nos Jogos e que tem feito mais do que prometeu… Do outro lado, é inconcebível que um clube do tamanho do Palmeiras leve ao campo um time que leva seu tradicional escudo no peito sem dar as mínimas condições de trabalho. O diretor do clube à frente do “projeto”, Dema, fica na desconfortável posição de esclarecer o que não tem justificativa. Não sei se é vilão, mas nessa história não tem mocinho.

Ora, essas guerreiras não podem trabalhar de graça! Só foram pagos uns tostões até agora com o louvável dinheiro de um patrocinador (Gocil). O Palmeiras condicionar folha salarial à entrada de apoiadores é uma irresponsabilidade. Valeram-se da boa-fé de atletas que buscam uma oportunidade no esporte que amam praticar.

Está na hora de aparecer o contrato – se é que ele existe – que esclareça qual é a responsabilidade de cada uma das partes, Semel e Palmeiras.

Fuja do mico
Faltam cinco meses para os Jogos Abertos. A declamada pista de atletismo segue uma incógnita. Não duvido que a empresa Recoma consiga finalizá-la. Mas me preocupa é a tal arquibancada, pois não se ergue do dia para a noite. A não ser que venha por aí uma estrutura tubular, bem ao estilo improviso que caracterizou a maquiagem que foi feita na Panela – a quadra é realmente muito boa, mas ao redor dela só se vê gambiarra. E o ringue de boxe não foi a primeira compra de aparelho equivocada da Semel. As tabelas de basquete tinham aros incompatíveis com o jogo profissional e tiveram que usar os do Bauru Basket.

Se houver segundo turno nas eleições, a correria contra o tempo para a cidade estar minimamente aparelhada para as competições irá coincidir com essa disputa. Será ótima munição para a oposição. A não ser que façam em cinco meses o que não fizeram até agora, mais de um ano e meio depois que a cidade foi escolhida como sede.

Papo de basquete
Brasília engoliu São José na final do NBB (Novo Basquete Brasil). Foi inapelável. Nem vale discutir se a final em jogo único prejudicou os joseenses. Eles tinham mais torcida e o formato da competição estava aprovado, não cabe contestar agora. Claro que a disputa em playoff é melhor, mas esse argumento não serve com leite derramado. Que se discuta para o NBB 5. Mas a quarta edição tem seu campeão legítimo e incontestável. Brasília nem precisou usar de sua chata artimanha de pressionar a arbitragem. Na bola, deu um baile no adversário, que abdicou do jogo coletivo e depositou todas as suas esperanças em Murilo. No desespero, começou uma frenética e equivocada tentativa de diminuir a diferença em chutes de três – o irritante defeito do basquete brasileiro.