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E agora, Massa?

Por Renato Lopes Diniz

O tempo corre de formas diferentes para dois pilotos da principal categoria do automobilismo. Enquanto Sebastian Vettel vai colocando seu nome na história da Fórmula 1, com apenas 23 anos de idade, Felipe Massa parece ter entrado numa fase de declínio nos seus 30 anos. E isso ficou visível em Istambul.

O alemão da Red Bull já é campeão mundial, mas não se contenta com isso – diferente de Jacques Villeneuve, que foi se encostando depois do título prematuro de 1996. Sem idade nem para tomar champanhe na Turquia, Vettel já é o vigésimo piloto com mais vitórias na categoria e briga para igualar e superar o número de poles consecutivas de ninguém menos que Ayrton Senna. Para completar, até seu veterano companheiro de equipe Mark Webber já se curvou frente a sua superioridade: com carros iguais, Vettel venceu três corridas e o australiano nem chegou perto disso em 2011.

Já Felipe Massa está longe de se equiparar a Alonso. O espanhol provou a melhora (tímida) de sua Ferrari alcançando o primeiro pódio do ano na Turquia, enquanto o brasileiro ficou para trás no grid (largou em décimo) e na pista (nem pontuou).
Dá para perceber que em Maranelo reina a política dos dois pesos e duas medidas entre os parceiros de time. Fernando é o queridinho e basta analisar as estratégias de paradas de ambos para perceber. Mas Felipe não consegue mostrar seu valor. Este ano, só se destacou com boas largadas, e olhe lá.

No rescaldo do GP turco a tentação é apontar as falhas da equipe. Sem dúvidas, a Ferrari foi uma catástrofe nas paradas do brasileiro, perdendo mais de dois segundos por parada para as Red Bull. Porém, se Massa não escapasse nas voltas finais poderia até ter levado alguns pontos para casa.

O grande risco para Massa é “barrichellar”. Nada contra Rubinho, mas sua atitude de sempre correr para os microfones apontar as falhas da equipe não resolve nada do que acontece na pista. E é isso que o vice-campeão de 2008 tem feito.

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Apesar das críticas a Felipe Massa, a equipe está numa fase ruim. Comemorar a equiparação à McLaren e o primeiro pódio do ano na quarta corrida deixam isso bem claro.

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Com a crise instalada na Williams (com direito a saída do chefe Sam Michael e contratação de um engenheiro punido por espionagem), o melhor conselho para Barrichello é pegar sua viola e partir para a Nascar, Indy ou Stock Car em 2012.

Renato Lopes Diniz é estudante do quarto ano de Jornalismo da Unesp Bauru e estagia na rádio Jovem Auri-Verde, onde comanda o Vanguardão (twitter: @russologoexisto)

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Ótima análise do GP da China

Por Renato Diniz

Difícil lembrar de uma corrida tão empolgante quanto essa da China, no último dia 17 de abril. Ainda mais se formos considerar que não teve chuva (essa agente natural embaralhadora de posições). Tenho que admitir que as mudanças no regulamento da Fórmula-1 foram responsáveis pela ótima disputa. Isso porque critiquei a pouca resistência dos pneus, obrigando pilotos a fazer várias paradas, o que na teoria deixava as corridas incompreensíveis e chatas.

Na China, as equipes estavam mais preparadas para contornar o desgaste dos pneus. Resultado: diferentes estratégias e um resultado imprevisível. Além disso, a facilidade em ultrapassar (que veio com o novo regulamento) também motiva os pilotos a brigarem por posições: “Bom, eu vou parar na próxima volta, mas se estou bem mais rápido que o piloto da frente, porque não ultrapassar?”. Suponho que esse tenha sido o pensamento de vários competidores, já que foram muitas as disputas por posição de quem estava prestes a entrar nos boxes.

Por falar em boxes, a vitória de Hamilton em Xangai pode ter acontecido graças a um erro no pit. E dessa vez não foi um erro da equipe. Jenson Button, da McLaren, brigava pela vitória até entrar na área de pit stop da Red Bull. Os mecânicos da equipe austríaca não entenderam nada e recuaram. Não é a primeira vez que isso acontece com o time dos energéticos. Em 2008, Jaime Alguersuari fez a mesma coisa, mas com a justificativa de sua equipe ser a Toro Roso, irmã mais nova da RBR.

Já o alemão Sebastian Vettel viu que não basta ter um carro impecável se os pneus não estão no melhor ponto. Não teve como segurar a ponta, e Hamilton sagrou-se vencedor. Além do desgaste dos pneus, o alemão enfrentou problemas na comunicação via rádio com sua equipe, o que pode ter complicado sua atuação. Ele ainda é o líder, mas agora sabe que tem uma McLaren no seu encalço.

Já Mark Webber, o australiano da Red Bull, fez uma fantástica corrida de recuperação e subiu ao pódio mesmo depois de largar em 18º. Terminar em quinto ou sexto não era mais do que a obrigação para o segundo carro da equipe mais forte, mesmo largando no fim do grid. Mas o veterano foi além e arrancou um terceiro lugar. Nesse final de semana, saiu com saldo positivo e um fôlego a mais na disputa interna com Vettel.

Felipe Massa chegou a ocupar o segundo lugar, mas a sua tática era arriscada. Perderia tempo demais trocando pneus e o carro rendia pouco na parte final da prova. Caiu para o sexto posto. Pelo menos o teste serviu para a mostrar que a Ferrari não está morta, apesar das dificuldades que enfrenta. Ah, sim… ele também chegou à frente de Fernando Alonso.

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A Williams de Barrichello e Maldonado toma o posto de maior decepção desse início de temporada. Não consegue sair do pelotão de trás.

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A ótima vitória de Lewis Hamilton não foi suficiente para o inglês merecer algo melhor do que um dos troféus mais feios da história da F1.

Renato Diniz é estudante do quarto ano de Jornalismo da Unesp/Bauru e estagia na rádio Auri-Verde (760AM)
twitter: @russologoexisto
blog: www.russologoexisto.blogspot.com

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GP da Malásia: Red Bull e Vettel sobrando

Por Renato Lopes Diniz

Neste momento algum jornal de um país tropical está publicando uma análise criteriosa sobre porque um alemão, correndo com o mesmo carro, consegue vencer as duas primeiras corridas do ano enquanto o piloto local não alcança o pódio. Parece um repeteco de Schumacher-Barrichello, mas se trata de Vettel-Webber.

Se na primeira corrida eu hesitei em ratificar a força da Red Bull, agora não tenho dúvidas. Outra aparente surpresa da primeira corrida se confirmou neste domingo na Malásia: a Lotus Renault terá uma grande temporada pela frente. E o pódio de Nick Heidfeld cala as críticas quanto ao seu desempenho na primeira corrida. Dessa vez, com tempo para se adaptar ao carro da equipe francesa, o alemão alcançou a terceira posição. O que Bruno Senna faria no lugar continua uma incógnita, pois o brasileiro ainda não tem experiência com o ritmo de corrida no pelotão da frente.

Ferrari e McLaren começam o ano com papel de coadjuvantes – têm muito trabalho pela frente nessa temporada. Ao pessimista Felipe Massa, um quinto lugar veio em boa hora (claro, com uma forcinha do toque entre Hamilton e Alonso, o brasileiro subiu duas posições).

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A cada corrida, me convenço de que Schumacher ganha um salário absurdo pela Mercedes. Difícil imaginar outra razão para o piloto aceitar correr no pelotão do meio (terminou no nono lugar). Aliás, a equipe alemã ainda não passou de promessa de pré-temporada.

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Faltou chover para a corrida ficar emocionante. Da metade para o fim, até que o Grande Prêmio de Sepang ganhou emoção, mas a FIA não está ajudando muito. A regra que permite alterar a asa traseira para facilitar ultrapasagens é genial, mas não faz sentido ela vir aliada a pneus pouco resistentes. Pilotos e equipes se preparam para parar três e até quatro vezes e não se programam para lutar por posições. Para quem assiste fica uma confusão, como foi a corrida deste final de semana.

Renato Lopes Diniz é estudante do quarto ano de Jornalismo da Unesp/Bauru, estagiou na 94FM e hoje atua na rádio Auri-Verde.
twitter: @russologoexisto
blog: www.russologoexisto.blogspot.com

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Fala, universitário: Renato Diniz analisa 1º GP da F1

Melbourne: deu Vettel, mas…

Por Renato Lopes Diniz

Vettel na frente: rotina em 2011?

Fim da angústia dos fanáticos pela velocidade. A Fórmula 1 começou depois de uma escapada na grama causada pela política.

A temporada 2011 teve início com 15 dias de atraso, não exatamente por causa das revoltas no Bahrein, mas por causa do grande atraso ético da categoria, que tem longo histórico de convivência amistosa com ditaduras e opressão (cito como exemplos o general Franco na Espanha e o regime de apartheid na África do Sul). Sem condições para a realização do GP, o jeito foi cancelá-lo.

Concentrando-nos apenas nas pistas: as mudanças no regulamento implorando por ultrapassagens deixam claro que as corridas não estavam agradando. Na Austrália, as disputam foram razoáveis. Se formos considerar que Melbourne praticamente não permite ultrapassagens, digamos que a missão foi cumprida.

Não dá para afirmar com certeza que a Redl Bull está um degrau acima. Vettel ganhou com facilidade, mas seu companheiro Mark Webber, correndo em casa, fez uma corrida apagadíssima. Talvez possamos concluir o óbvio: Vettel é gênio, Webber não.

Já o russo Vilay Petrov foi a grata surpresa. O seu lugar no pódio – primeiro da Rússia na categoria – deixa claro que a Lotus Renault (a preta e dourada) será uma das grandes de 2011. Imagine se Kubica estivesse lá…

Já o caso dos brasileiros não abre espaço para o “se”. Massa resistiu 11 voltas aos ataques de Button. Perdeu a posição e, logo em seguida, foi ultrapassado por Alonso, sem qualquer resistência. Desse jeito, não passará de um escudeiro.

E enquanto Marussia Virgin, Hispania e Team Lotus (a verde e amarela) se consolidam como equipes pequenas, não há mais dúvida de que a Force India se estabelece como equipe mediana (no bom sentido). Seus dois carros pontuaram na Oceania.

Fica dica:
Para quem não tem mais paciência com Galvão Bueno, Reginaldo Leme e Luciano Burti, a dica fica para a ótima transmissão da Rádio Bandeirantes. Além de precisa, é agradável e divertida. De madrugada então, ajuda a não perder o sono.

Renato Lopes Diniz é estudante do quarto ano de Jornalismo da Unesp/Bauru, estagiou na 94FM e irá assumir novo desafio na rádio Auri-Verde.
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Massa: “Minha trajetória não foi construída pensando em Senna”

O crédito da foto é meu - e pedi para um colega segurar o gravador...

Uma sexta-feira à tarde de novembro (dezembro?) de 2006. Eu, no trabalho, quando liga o amigo Júlio Penariol, do Bom Dia. Alerta para entrevista coletiva de Felipe Massa em Botucatu no dia seguinte. Topei na hora: o material seria útil para o guia 2007 da Fórmula 1, que faria na Alto Astral, e também para a 94FM Revista, que eu editava na época.

À vontade, sem veículos das capitais por perto, Felipe falou bastante. Criticou a Stock Car, que não revela talentos, lamentou a pouca receptividade de Bauru para seu ‘Desafio das Estrelas’ – que mudou-se para Florianópolis – e cutucou as pessoas que não acreditavam nele (“Não quero chegar nelas e dizer ‘Tá vendo?’. Tenho carinho pelos que torceram”).

Terminada a coletiva, ainda cercado pelos repórteres, seguiu solícito. Foi nessa hora que perguntei a ele sobre a inevitável lembrança de Ayrton Senna após a vitória histórica em Interlagos.

Sem fazer média com a imagem do eterno ídolo de milhões de brasileiros, cravou: “Eu era muito pequeno quando o Senna morreu. Minha trajetória não foi construída pensando nele. Nunca corri com essa influência. Eu gostava de correr porque meu pai corria. Na minha trajetória, o Schumacher me ajudou muito mais, pelo fato de correr ao lado dele”.

Um ano depois, em uma coletiva após evento do Unicef, Felipe revelaria uma “mágoa” com Senna. “Na época, aquilo me chateou bastante. Eu acompanhava o Piquet e o Senna, mas era muito fã do Ayrton. Eu pedi o autógrafo e ele virou as costas para mim“, contou aos repórteres, na ocasião.

Não há contradição entre as falas de 2006 e 2007. Massa não nega Senna como ídolo – apenas como referência em sua formação de piloto.