Chegar à academia e se deparar com uma tabela de basquete. Oficial, em material e altura. Esse é o cenário que encanta de imediato quem visita ou treina na EVOLUX FIT CLASS, em Bauru. E não é enfeite. Qualquer aluno pode arriscar um arremesso, de forma lúdica, mas principalmente há clientes que estão ali exatamente para se aperfeiçoarem na modalidade.
“Somos preparados para trabalhar a parte corporal de todos os esportes. Temos bastante corredores, jogadores de futebol, tenistas, triatleta… Mas como todos os sócios têm o basquete no DNA, isso se fortaleceu. A tabela surgiu como oportunidade e se tornou uma inovação”, conta o educador físico Everton Moraes, ex-jogador do Bauru Basket e um dos sócios/empreendedores.
Desde os pequeninos é possível aderir — a turma das atividades Kids adora usufruir da tabela após a aula. Alunos de escolinhas de basquete da cidade (como Luso, Criarte e Centro Jefferson William) aperfeiçoam suas técnicas na academia, assim como adolescentes federados que disputam torneios regionais, jovens que atuam em competições universitárias e adultos que competem no tradicional campeonato do Luso. O basquete 3×3, agora modalidade olímpica, tem atenção especial, a ponto de a Evolux montar sua própria equipe para disputar o circuito nacional. “Vamos para as cabeças. Já fomos campeões no nosso primeiro torneio e fomos convidados para etapas de ranqueamento da Fiba”, avisa Everton. Ele forma o time ao lado de Alex Passilongo, Elton Rodrigues, Felipe Rocha, Guilherme Lazzari (Ferrugem) e Will Previdelo.
MVP
Will Previdelo é um dos atletas preparados pela Evolux. Ele, que já jogou na base do Bauru Basket e do Palmeiras, interrompeu sua trajetória quando começou a fazer faculdade. Mas não parou com o basquete. “Jogo basquete a vida inteira e nunca fui fã de academia normal. Vim pra cá justamente por ser diferente, não só peso, malhação… Tem a parte funcional e a tabela aqui dentro dá mais vontade de vir treinar!”, comenta Will, que disputou Jogos Regionais, Interunesp e se tornou o principal nome do concorrido campeonato interno do Luso. Foi o cestinha, eleito o melhor jogador e ainda venceu os torneios de enterradas e três pontos do Jogo das Estrelas.
A profissionalização no 3×3 é o próximo passo e a parte física e os fundamentos estão tinindo. “Estava com o joelho ruim e tinha dificuldades em alguns movimentos. Depois que comecei a treinar na Evolux, a fazer fortalecimento, voltei a ficar em forma, estou saltando bem mais, correndo mais”, descreve Will.
O treino
Um dos profissionais que orientam os alunos é Hudson Souza, o Kobe. Outro com o basquete nas veias: além de educador físico, é armador com histórico nas categorias de base e também se destaca no torneio do Luso. Kobe faz desde o acompanhamento personal ao trabalho em grupo, montando um circuito dinâmico para os basqueteiros. Ele descreve os principais pontos do treino voltado para o basquete:
Objetivos “Procuramos trabalhar todas as capacidades necessárias para uma atividade física intensa, como é o basquete: flexibilidade, resistência, potência, força. Trabalhamos esse conjunto para que a pessoa possa praticar bem o esporte. E buscamos o equilíbrio muscular: o fortalecimento de quadríceps e posterior de coxa, para proteger a região do joelho; os músculos paravertebrais, tronco e abdômen profundo, para evitar lesões na coluna; trabalhamos também o ombro e demais articulações que sofrem bastante com esse esporte que é de impacto e de contato.”
União de força e agilidade “O braço tem que ser ágil, mas tem que ter resistência. Então, priorizamos mais repetições e menos carga, principalmente para os que disputam competições. Também há períodos em que trabalhamos força, durante pré-temporadas, por exemplo, mas intercalamos com séries de arremessos e de habilidades no trabalho com bola. Assim, a musculatura é fortalecida, mas não se perde a agilidade.”
Simulação do jogo “Basquete é muito treino, muita repetição. Sempre damos foco nisso. Os alunos treinam em seus times e reforçamos os fundamentos aqui. Seja trabalho funcional, de força ou resistência, incluímos arremesso, drible e outros movimentos para que fiquem automáticos na hora de jogar.”
Trabalho individualizado “As posições demandam capacidades físicas diferentes, mas principalmente temos que analisar o estilo de jogo de cada um. Se um pivô é mais ágil, não vamos forçar muita carga nele, senão vai ficar lento. Se é um jogador mais lento, vamos estimular a agilidade, mas continuaremos trabalhando a força.”
Perdi um tempo pensando na melhor foto de Cláudio Zopone, presidente da ABDA (Associação Bauruense de Desportos Aquáticos), para abrir esta entrevista, mas estava fácil. Ele no meio de suas crianças, que ele “ama de paixão” — termo que carinhosamente repete muitas vezes durante a conversa. Nesse caso, com as meninas sub-17 do polo aquático, comemorando o título paulista na manhã de 30 de setembro.
Na tarde daquele mesmo sábado, ele abriu as portas de sua chácara para receber a imprensa, papear mesmo. Mostrou com orgulho a sala de troféus, os recortes de jornal devidamente enquadrados e uma coleção de DVDs com todos os jogos do polo aquático, seu esporte preferido, que ajudou a moldar seus valores e que serviu de pilar para a fundação do projeto que hoje dá oportunidade a 3.900 crianças em Bauru. É frequente a visita das crianças ao espaço (“É delas”), naquele sábado mesmo a molecada do polo que havia jogado à tarde iria jantar lá. Era o time sub-19, que havia vencido o Paulistano na Arena ABDA (o impressionante complexo erguido com recursos próprios). De olho na transmissão ao vivo no canal do Youtube da ABDA, Cláudio grita, vibra, ajoelha-se para comemorar gols. O olho brilha por essas crianças — ele se refere a elas assim, desde os cotocos até os jovens, e cumprimenta a todas com beijo na testa (“Sinal de respeito e de benção”).
Apesar de contar com várias parcerias (Lei de Incentivo ao Esporte, Ministério do Esporte, Grupo Multicobra, Semel, BTC, ADPM) e patrocinadores (CVC, Pernambucanas, BNP Paribas), a maior parte do investimento é próprio e carrega as marcas das empresas que administra com o irmão, Júnior (Zopone Engenharia e Comércio LTDA., Z-Incorporações). Mas ele não gosta de falar de dinheiro. Gosta de falar de suas crianças. E eu gostei de ouvir. Sendo assim, a entrevista abaixo está imperdível e dá a dimensão deste projeto que orgulha toda a cidade e que já é referência nacional — o Comitê Olímpico Brasileiro, recentemente, enviou um dirigente para conhecer de perto e propor parceria. Tenha uma boa e inspiradora leitura.
Vamos do início: quando você teve a ideia de criar a ABDA? Por que esse estalo? “Primeiramente, é bem simples: eu e meu irmão sempre fomos muito solidários. E solidariedade é diferente de caridade. Solidariedade é quando você tem uma ideia, um projeto para fazer a diferença na vida futura. Muito antes da ABDA, vínhamos trabalhando, montando creches, arrumando… Mas vimos que não estava sendo para o futuro. Eram situações que estavam simplesmente resolvendo problemas imediatos. Não tinha uma programação de futuro para melhorar a condição da criança, de como adulta promover a melhora de sua família. Então, fundamos a ABDA com três pilares fundamentais: educação, esporte e respeito. A partir do momento que tem os três, é para a vida toda. O respeito nunca mais você perde. E não existe respeito sem ética, sem decência, sem honestidade. Educação é uma coisa que ninguém te toma, é sua para o resto da vida. E o esporte é uma ferramenta para trazer a criança para o nosso lado e conseguirmos imbuir nela todos os outros pensamentos que nós temos: que ela se torne feliz, honesta, colaborativa, que tenha a noção de que pode fazer a diferença daqui pra frente.”
Aí, atraiu para uma modalidade que você tinha afinidade, o polo aquático. “E para a natação, porque o polo aquático não vive sem a natação. E meu irmão, como gosta muito do atletismo, trouxe. Depois começamos com a natação PcD [pessoa com deficiência] e, como temos muitas crianças que não têm uma aptidão para o esporte, criamos a orquestra e o coral. Tudo isso monta uma corrente muito positiva, que é o principal objetivo: resgatar as crianças para o bem, que elas tenham o direito de sonhar de novo, almejar algo melhor, ter pensamento positivo. Conquistar a felicidade num ambiente correto, onde o bem se propaga. São ferramentas que você trabalha por um bem maior, transformá-las em crianças melhores, cidadãos melhores.”
Nesse período todo, você deve ter vivenciado várias conquistas. Nem falo de títulos, que são consequência do envolvimento com o esporte, mas de ver a família buscar uma situação melhor a partir desses bons exemplos… “Tem uma criança lá que eu adoro de paixão. São sete irmãos. A mãe deles esteve em estado prisional. Dos sete irmãos, dois treinam com a gente. Quando ela saiu, não tinha condições de cuidar da família. Então, fora a alimentação que fornecemos às crianças no almoço, demos cestas básicas para poderem jantar. Num belo dia, ela liga: ‘Não preciso mais. Estou trabalhando, já me ajudaram o suficiente. Ajudem quem precisa’. Isso é uma prova de que o contexto muda as pessoas. Todo mundo quer ser do bem. As pessoas não são do bem, na grande maioria das vezes, por falta de oportunidade. Toda mãe, pai ou representante, avô, avó, quer ver uma criança bem encaminhada. Como esse exemplo há inúmeros. São duzentas crianças com pai ou mãe em estado prisional.”
E vocês criaram um ambiente sem muita vigília ou pressão, exatamente para um seguir o exemplo do outro… “A grande verdade é que criança tem que ser educada, não tem que ser reprimida. Tem que respeitar e ser respeitada. A disciplina é uma consequência da educação. Reprimir é fácil, educar é difícil. Quando educa é para sempre, quando reprime é para o momento. Claro que tem que ter penalidades, mas educativas. A diferença pode parecer tênue, mas é grande. A criança sente quando você tem amor por ela e a respeita. Quando há distância, a repreensão se torna uma atitude péssima. Quando você é presente, a criança sente. Tem que ter amor.”
Falando em amor: na inauguração da Arena, no seu discurso muito emocionado, você disse às crianças: ‘Não me decepcionem’. Você não é um simples investidor, alheio ao dia a dia do projeto. Está totalmente imerso e são como seus filhos, né? “Eu vou à Arena uma vez a cada duas semanas e aos sábados. Há sábados que não vou. Mas minha presença se faz nos pequenos detalhes. Eu sei a nota de todas as crianças. Recebo a lista de presença no final de todos os dias: quem faltou, em qual piscina, qual campo de atletismo, se na música ou no coral teve mais ausência. Quero saber por que faltou, o que está acontecendo. Se o ônibus que estão usando é bom, se estão sendo bem alimentadas, se o restaurante está sendo dedicado como somos dedicados na hora de pagar a conta. Quero saber se estão usando uniforme, se o uniforme é bom. Se estão se comportando bem. Não precisa estar presente para sentir isso. Precisa estar dedicado. E quando tenho tempo de ir, aí é apaixonante.”
E você criou um estafe ao seu redor que comunga do mesmo espírito… “Exatamente. Nossos coordenadores e professores têm que ter essa comunhão, amar o que fazem. Se está por estar, não quero. Tem que estar por amor, não por obrigação. Por obrigação não quero ninguém. Um professor que não respeita aquilo que ensina não merece o respeito da criança, não merece estar com a gente. Se ele se dedica, vai ter nosso respeito.”
Eu sei que os resultados esportivos não são a prioridade, mas estão sendo uma grande consequência. Quando começaram a surgir? “Foi muito rápido. Quando você escolhe os melhores profissionais a que tem acesso, dá estrutura, faz com amor e não aceita que suas crianças não sejam bem treinadas, bem alimentadas, não aceita que não estudem, que melhorem como filhos, como irmãos, claro que vão ser boas em tudo! Não tem como, fechou o contexto. Bom aluno, bom filho, bom irmão… vai ser bom no esporte também. Vai ser disciplinado, comprometido, vai jogar coletivamente — mesmo no esporte individual, pois vai ser colaborativo no treino. As coisas não andam sozinhas.”
Eu já imagino que isso vai acontecer um dia. Mas você consegue visualizar o que você vai sentir quando uma dessas crianças se tornar medalhista numa Olimpíada? “Vou amar de paixão, óbvio. Mas minha maior conquista vai ser daqui dois anos, quando vão se formar os primeiros engenheiros. Vai ser a maior conquista da ABDA, a primeira leva que começou com a gente, com bolsa universitária. Isso vai se propagar de uma maneira para nossa cidade, nosso ambiente, que uma medalha olímpica vai ser simplesmente consequência.”
Você conta com esses ‘veteranos’ como multiplicadores? Com essa responsabilidade de serem exemplos para os mais novos?
“Lógico. Tanto que os mais velhos — que são um custo maior, faculdade não é barata — são responsáveis pela disciplina, pelo ensinamento e por cuidar dos mais novos, por protegê-los. E por não deixar que qualquer tipo de droga entre na ABDA. Essa é a responsabilidade dos mais velhos. Eles sabem disso e cumprem integralmente. Tanto que hoje não temos problemas com isso.”
Por tudo que vocês fazem, merecem mais apoio. A Prefeitura poderia ajudar mais? Novos patrocinadores… “Acho que todo mundo ajuda até onde dá. Nossa estrutura, de cabo a rabo, do federal ao municipal, tem que ser mais elaborada. Todo mundo tenta muito. Alguns da maneira errada, outros do jeito certo. Vamos falar de quem tem boa índole, pois quem não tem não me interessa. Quem tem boa índole às vezes fica engessado. O Brasil tem muito dinheiro para o esporte, muito mais do que o suficiente. Nossa base de crianças é absurda, mas tem que haver um plano estratégico de unir poder federal, estadual, municipal, as escolas, a iniciativa privada e montar projetos para todos os poderes trabalharem de uma maneira unida. Sem uma escola boa, não adianta tudo o que fizermos no esporte. O esporte tem que andar de mãozinha dada com a escola, senão não vamos para lugar nenhum. Nunca. Quando a criança faz esporte, ela tem que ser competitiva — em campeonatos internos, municipais, escolares. No estadual ela não vai? Não tem problema.”
Ela vai superar a si mesma. “Exatamente. Vai ser colaborativa. Se não for boa no esporte, vai aproveitar a estrutura que a escola tem, vai crescer. Temos que nos unir mais, não dividir. A Prefeitura ajuda, sim. Não gosto de reclamar de ninguém. Minha postura é de esperar o que vem de bom. Quando você vai fazendo o bem, as pessoas vêm junto. É muito fácil ficar reclamando, é cômodo… Nós, brasileiros, somos muito reclamões. Ninguém gosta muito de fazer, mas quando alguém faz: ‘Vou fazer também!’. Vamos juntos! Ficar falando que governo não ajuda é papo furado. Vamos fazendo, atropelando, que o governo vem junto.”
O negócio é conquistar o incentivo depois de provar que dá certo? “Vem cá: com tanta coisa errada que tem no Brasil, quem vai apoiar alguma coisa que não seja sólida? É difícil, concorda? Temos um monte de problemas. Estruturas malfeitas, sacanagens, gente querendo tirar vantagem… Como uma empresa séria vai apoiar sem ver o resultado? Vai manchar a imagem dela? Não dá para julgar essa empresa. Tem que conquistar o respeito. É justo.”
Falando especificamente da Arena, que é um projeto espantoso. São duas piscinas olímpicas de padrão internacional, ainda vem uma terceira etapa. Já é um centro de excelência para treinar as crianças, mas dá para receber muitos eventos de grande porte… “Nós disponibilizamos a Arena tanto para a Federação Aquática Paulista, quanto para a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. Aqui é a casa deles. Qualquer seleção que montarem será bem-vinda, está aberto. A ABDA é para todos, sem exceção. Não paga para nadar, não paga para treinar, só tem que cumprir nossas regras. Temos código de conduta, regras para haver convivência pacífica e decente. Mas a Arena é para todos, não importa de onde venha.”
Inclusive do exterior… “A Hungria veio fazer aclimatação para a Olimpíada aqui em Bauru. Seleção brasileira também. Amaria ser sede de todas as seleções brasileiras. E vamos receber todos os campeonatos que pudermos. Embora seja custoso: estrutura, ambulância, socorrista, segurança… Mas é muito importante. Vem o torneio do Thiago Pereira [dia 8 de outubro], o treinador Alex Pussieldi vai palestrar para nossos educadores e para as crianças. Investimos muito em treinamento, em tecnologia, queremos saber o que está acontecendo no mundo. Para todos os nossos treinadores há verbas destinadas para cursos, para a faculdade. Pagamos 40% da mensalidade da faculdade de todos os profissionais que trabalham com a gente — e para os cursos de aprimoramento que tiverem afinidade com o que fazem. Incentivamos aqueles que treinam nosso bem maior, que são as crianças.”
Insistindo num ponto que abordei lá no começo. A sua satisfação é mudar a vida de muitas pessoas? Lembro-me da sua emoção, ao lado do seu irmão e da sua mãe, no dia da inauguração da Arena… “Você lembrou bem. Meu irmão é mais velho e sempre me protegeu. Sentir-se protegido é muito bom. Como tive muitas bênçãos, meu dever, minha obrigação, é proteger quem não tem proteção. É simples. Só devolver aquilo que você recebe. Recebeu muito, dá muito. Acabou.”
E o que você imagina para o futuro, daqui algumas décadas? “Espero que os que estão se formando sejam excelentes profissionais e voltem para me ajudar. Se Deus quiser. Falo para eles: ‘Quando vocês se formarem, sumam da minha frente, vão trabalhar, ajudar a família de vocês. Vão comprar casa, carro, ser bons engenheiros, fisioterapeutas, advogados, professores de educação física etc. Sejam muito competentes. E, quando puderem, voltem para ajudar a ABDA'”.
O que você está plantando é para ter uma vida longa? Para não ficar personificado em você? “Você tem razão. Não pode toda essa estrutura ficar na mão de uma pessoa. Tem que ter continuidade. Você tem que propagar a sua imagem, o seu pensamento, o seu sonho. A grande maioria das crianças comunga com o sonho que tenho. Inclusive meu filho mais novo, que já falou pra mim que quando eu vier a faltar ele vai tocar.”
Você me deu a deixa: tem dois filhos, mas tem outros 3.900. É curioso, porque eles poderiam até ter ciúme. Mas imagino que tenham orgulho. “É zero ciúme. Eles são amigos. Claro que sei separar. Tenho o dia de ficar com a família e o dia de conviver com meus outros filhos, o pessoal da ABDA. E quando eu vou, meu caçula vai comigo. Ele tem os amigos lá, os companheiros de almoço, de futebol. Meu filho não faz nenhum esporte vinculado à ABDA. Joga tênis, é bom jogador. Adora o que faz, ainda bem. Porque tudo o que eu faço não é para ele. É para todos. E ele já falou pra mim: ‘Papai, a ABDA toco eu!'”
Desempenho e qualidade de vida são resultado da combinação de prática esportiva e alimentação equilibrada. Ponto. Mas aí vêm os diferentes objetivos, quem quer emagrecer, quem busca massa muscular e as dúvidas se multiplicam quando se refere a nutrição esportiva. As perguntas mais recorrentes foram respondidas pela nutricionista Luciana Bertelli Roseiro, da academia EVOLUX FIT CLASS, no papo que você confere a seguir:
Existe limite para o consumo de proteína? Até que quantidade ela é benéfica para ganhar massa muscular? “Nosso corpo utiliza a quantidade de proteína que necessita. Então, em excesso ela pode virar gordura. A quantidade varia entre 0,8g a 2,5g por quilo de peso por dia. Varia se a pessoa é sedentária ou se já faz uma atividade física, mas não é intensa. Quando é um treino mais intenso, o corpo pede mais proteína. Depende do biotipo da pessoa, da atividade e da intensidade. Fisiculturismo, por exemplo, exige muito gasto energético, porque há uma elevação na taxa metabólica e massa magra cataboliza muito rapidamente.”
Carboidrato à noite, pode ou não? “Depende de cada pessoa. Não dá para colocar no cardápio de quem quer perder peso… E depende do carboidrato. Há dois tipos: o simples e o complexo. O simples normalmente vira gordura mais rápido. Já o complexo tem fibras e vai ser mais armazenado como energia, em forma de glicogênio. Quando não há excesso, não faz mal. Uma pessoa obesa já tem uma quantidade de calorias sobrando, então, se come um carboidrato simples e vai se deitar, vai estar em repouso e ele vai se transformar em gordura. Já um atleta precisa comer carboidrato, até porque, se ele não comer, vai perder massa magra durante a noite.”
Comer de três em três horas é mesmo um bom hábito? Esse intervalo pode ser flexível? “É um hábito saudável, sim. Mas sempre é preciso respeitar o limite da pessoa. A maioria sente fome de três em três horas, é normal. Às vezes em quatro… Mas se a pessoa começa a sentir fome e está ocupada, deixa passar, acaba ‘perdendo’ a fome, mas não se pode confundir, achar que não tem fome. Só não prestou atenção. Se sentir fome a cada quatro horas, não há necessidade de comer uma hora antes. Sempre gosto de respeitar a vontade. O importante é não deixar passar o momento de fome.”
E se pular uma refeição pode descontar tudo no jantar… “Tem gente que fala para mim: ‘Não sei como engordo, porque só como três vezes por dia.’ Mas se a pessoa come esganadamente, e rapidamente, acaba comendo mais e dilatando o estômago. Fazer mais refeições, em menores quantidades, é melhor.”
Açúcar como fonte de energia: em algum momento ele é aliado? “O açúcar refinado é sempre um vilão! Mas se for um carboidrato que vai ser absorvido como fonte de energia rapidamente, é um aliado. Atletas precisam, em suas dietas, de bastante carboidrato simples antes de competir. Macarrão, pão, farinha branca mesmo, para terem bastante glicogênio armazenado. E durante a competição ainda consomem aquele gel, que é absorvido como energia imediatamente.”
Qual o momento certo de consumir whey protein: qualquer hora do dia ou pós-treino? “Tanto pós-treino, pela absorção rápida, quanto substituindo refeições. Uma pessoa que fica bastante tempo sem comer pode tomar whey para não faltar energia. Mas não substituir almoço e sim uma refeição intermediária. Como pré ou pós-treino, vai oferecer tudo o que a pessoa precisa: carboidrato, lipídios, quantidade adequada de proteína…”
Quem tem intolerância a lactose pode tomar whey tranquilo? “Sim. Porque a proteína é extraída do soro do leite. Pode haver traços porque no processo industrial o leite é matéria-prima para vários produtos e podem ficar resíduos no maquinário. Por isso o aviso na embalagem, para pessoas com intolerância muito grave, que não suportam quantidades mínimas de lactose.”
Há o mito de que whey engorda. Pode acontecer em alguma circunstância? “Acontece, por mau uso e falta de orientação. O whey usado corretamente não engorda, pelo contrário, ajuda no emagrecimento. Só que muitas vezes vemos a pessoa sair do treino no início da noite, tomar whey, mas chegar em casa e jantar! Então, qual a necessidade de duas refeições juntas? É um acúmulo… Tem que saber quando e como usar. O whey sempre vai ser o substituto de uma refeição.”
Para manter um percentual de gordura corporal aceitável, que hábitos alimentares são inegociáveis? “Fazer escolhas mais saudáveis e beber bastante água. Pode escolher um dia para comer algo que está fora da dieta, quando der aquela vontade. Mas nada de exageros: tudo é questão de quantidade e em que horários. Mas não é para comer só porcaria naquele dia! Aí não vale… Mas é até saudável fazer essa exceção. Só não pode ter hábitos frequentes, como tomar refrigerante ou cerveja durante a semana…”
… deu gancho para a última pergunta: quando e com que frequência cometer esses pequenos pecados? “A gente pode comer. Deve. Não faz mal comer uma coxinha ou um pastel de vez em quando. Até para não criar compulsão. Se a gente não come, vai criando aquela vontade e, quando não aguentar mais, vai comer muito e se prejudicar. E degustar, sem exagero, não faz mal nenhum. É até saudável. É uma questão de controlar: não passar vontade, mas não exagerar. Comer sem culpa. E a cerveja? Poder tomar, não pode, mas como eu vou falar para a pessoa, se ela gosta? O caminho é ajustar, entrar num acordo: não exagerar e intercalar com água. E compensar no exercício e na dieta durante a semana.”
(Direto da Panela) Que jogo, amigo, diria o poeta ao microfone. Na emoção, certamente. Quem foi à Panela de Pressão, mesmo a maioria que saiu com o gosto da derrota, não se arrependeu. Com o cronômetro marcando menos de dois segundos para o fim, a certeza da vitória após a épica cesta de três de Alex Garcia se transformou na perplexidade de ver Alexey anotar uma bandeja nessa pequena fração de tempo e decretar a vitória de Franca no segundo clássico desta temporada, por 65 a 64.
Desfeita a emoção, a constatação: o que se viu nessa quente noite de domingo está longe do que ainda veremos nos encontros entre essas duas equipes nesta temporada. O placar baixo do primeiro tempo comprova o déficit técnico do jogo: 28 a 25! Muitos erros dos dois lados e jogadores que deveriam ser protagonistas (como o agora francano Jefferson e o bauruense Anthony) tiveram atuação apagada.
Numa situação de maior entrosamento e com todos no mesmo nível físico, o Dragão não deverá depender tanto de Alex Garcia. O Brabo, em atuação monstruosa, carregou o time nas costas — principalmente porque Anthony ficou precocemente pendurado em faltas e ainda está aprendendo jogadas com Alex e o estreante Hettsheimeir.
No meio disso tudo, um saldo positivo: a atuação de Stefano. Com cada vez mais personalidade, o Boludinho tem encarado as defesas adversárias — o que foi aquela bandeja no último quarto?! Há semanas, na Live do Canhota (hoje tem!), o pessoal tem me perguntando sobre um reserva para Anthony. E venho falando: confiemos no argentino. Não se traz um garoto de outro país quando tinha 16 anos se não for para essa maturação trazer resultado. Chegou a hora da colheita.
Sobre os últimos instantes, épicos, vale ressaltar a frieza de Alex na bola de três e, principalmente, o fato de que ele foi do céu ao inferno e admitiu o erro no lance derradeiro, a cesta de Alexey. Entretanto, por mais que o basquete seja decidido assim, em um lance, a somatória do placar é que leva a esses momentos. E ficar sem pontuar nos primeiros três minutos do quarto período foi o que decretou a derrota bauruense.
Se alguém está preocupado com a derrota no clássico, é cedo, minha gente. Franca estava sem Léo Meindl e João Pedro, enquanto Bauru está em pré-temporada com a bola quicando, digamos assim. A medição de forças até aqui foi com a balança em desnível, isto é, ainda não conhecemos a real dos dois times. Porque Rafael Mineiro e Gruber jogam muito mais do que esses rascunhos que estiveram na Panela ontem, igualmente Jaú e Shilton podem ajudar muito mais do que o pouco que fizeram no clássico.
Abre aspas
A seguir, áudios de algumas entrevistas colhidas no pós-jogo.
Alex fala dos instantes finais e do momento do time:
Hettsheimeir comenta seu retorno e o confronto com o amigo Jefferson William:
Demétrius avalia a partida e avisa que há muito a fazer:
Jefferson: “Tenho uma história aqui que não dá pra apagar”
Dias agitados em Alfredo de Castilho depois da vitória do Noroeste sobre a Penapolense (2 a 1), a primeira nesta Copa Paulista. Fim de jejum no sábado, entrada no G-4, e o início da tarde de segunda-feira anuncia a saída do técnico Vitor Hugo. A diretoria trabalhou rápido e 24 horas depois anunciou Tuca Guimarães — que não veio só, o que sinaliza novos tempos na maneira de trabalhar o futebol noroestino.
Sai Vitor Hugo, com todo seu traquejo, sua bagagem e amor ao Noroeste, mas também com um certo desgaste (leia mais abaixo), entra um novo perfil. Tuca Guimarães tem apenas 44 anos, construiu sua história como treinador no futsal e tem curta, mas significativa carreira no campo. No currículo, destacam-se as passagens pela base do São Paulo, a experiência na Série A do Brasileiro como interino do Figueirense e a passagem pela tradicional Portuguesa antes de, no Nacional, ganhar o título da Série A3 em 2017 — exatamente a meta noroestina para a próxima temporada.
O contrato assinado até o final da Série A3 sinaliza um projeto de médio prazo, como seria com Vitor Hugo. caso não houvesse essa interrupção. Que a diretoria dê suporte e tenha paciência nesse início de trabalho, que tem a Copa Paulista como meio e não fim — sempre reforçando que o título (e a vaga na Série D) seria um baita lucro, mas é algo para pensarmos se o clube for avançando. O importante é dar padrão de jogo para a equipe chegar voando em 2018. Outro sinal de novos tempos: com ele chega o analista de desempenho André Zacharias.
Tuca falou do novo desafio (áudio enviado pela assessoria do clube):
Novo auxiliar permanente
Nos moldes do que houve por muito tempo no São Paulo, com Milton Cruz, e recentemente com Fábio Carille, no Corinthians (antes de ser efetivado), o Noroeste criou o cargo de auxiliar técnico permanente. Para o posto, trouxe o ex-jogador Marcelo Santos, que conhece o clube como poucos, aposentou-se no Norusca e já morava em Bauru — atuando no futebol amador, inclusive. Conhecedor do vestiário noroestino, Marcelo pode ajudar a unir o grupo e manter um bom clima de trabalho, o que aparentemente foi estopim da decisão de Vitor Hugo.
O recado de Marcelo Santos:
A versão de Vitão
No comunicado da saída do treinador, a diretoria falou que ele pediu desligamento por não conseguir dar padrão ao time. Vitor Hugo, entretanto, falou ao Canhota 10 sobre o que o motivou a sair — um descontentamento com atleta(s) que estava(m) atrapalhando o ambiente:
“Nunca tive receio de não dar certo, porque sempre trabalhei muito pra atingir os objetivos. A partir do momento que você não tem força pra mudar algo dentro do grupo de atletas, que está tentando atrapalhar o seu trabalho, você tem que sair… E foi o que eu fiz!”
Seja pelo básico do Jornalismo, seja pela consideração à história de Vitor Hugo no Alvirrubro, o registro está feito. Agora é bola pra frente, sucesso pra ele, bom trabalho ao Tuca e avante, Noroeste.