Categorias
Noroeste

O adeus de Damião Garcia, presidente que marcou época no Noroeste

retranca-ECNO empresário Damião Garcia, presidente do Noroeste entre 2003 e 2012, morreu nesta sexta (22/abr) aos 85 anos. Ele lutava contra o câncer e será enterrado às 11h deste sábado, no Cemitério do Morumby, em São Paulo.

O empresário estava com a saúde debilitada desde que renunciou à presidência alvirrubra — nos últimos momentos de sua gestão, já delegara o comando ao neto João Paulo, que foi seu vice-presidente no clube.

Bauruense, Damião tem uma história de sucesso como empreendedor. Foi office-boy na adolescência e depois caixeiro viajante, vendendo produtos da Tilibra país afora. Abriu uma gráfica no bairro do Brás, na capital, depois uma papelaria na Vila Mariana, chamada Kalunga (inspiração no nome do cachorro de um amigo, que Damião julgou ser um bichinho esperto). A discreta loja, inaugurada no início dos anos 1970, prosperou para o setor atacadista e, uma década depois, deu o passo para se transformar na gigante do varejo em informática e material para escritório, impulsionada pela exposição de sua marca na camisa do Corinthians, entre 1985 e 1994.

É aí que entra o futebol. Damião era corintiano doente, conselheiro vitalício do clube que sonhou presidir nos anos 1990 — seu filho, Paulo, já perdeu quatro eleições no Parque São Jorge recentemente. Preso a suas raízes interioranas, viu no Noroeste a oportunidade de manifestar sua gratidão à cidade natal. Foi vice-presidente do clube entre 1998/99 (gestão Archivaldo Reche) e foi “convocado” pelo então presidente da Federação Paulista, Eduardo José Farah, para salvar o Norusca, em estado falimentar.

E aí começou o período mais próspero da história do Noroeste. A “Era Damião”, tão bem retratada no primeiro livro de Paulo Sérgio Simonetti, lançado em 2013. Damião acertou muito, errou também, mas fez história, sobretudo.

Nota oficial
O Noroeste emitiu nota lamentando o falecimento de Damião. “O presidente Emílio Brumati e o vice Rafael Padilha exaltam o incomparável trabalho feito pela gestão Damião Garcia e consideram como única e histórica nos quase 116 anos do clube. Damião assumiu o time na Série A3 e levou até a Primeira Divisão, onde liderou o Paulista e derrotou os quatro grandes, dentro e fora de Bauru. Emílio e Rafael frisam ainda que se espelham nos resultados positivos daquela gestão e buscam, tão em breve, levar o Noroeste de volta à elite do Campeonato Paulista em sua memória”, exalta um dos trechos. Haverá minuto de silêncio em homenagem a Damião nas partidas do sub-15 e sub-17 do Campeonato Paulista, neste sábado, contra o XV de Jaú.

 

Imagem do topo: arte sobre foto de Luis Cardoso (arte, aliás, do livro O Noroeste na Era Damião, que editei)

Categorias
Noroeste

Balancete 2014 do Noroeste mostra fim de parte da dívida com a família Garcia

Finalmente foi publicado o balanço patrimonial do Noroeste referente ao ano de 2014 no site da Federação Paulista — o prazo estabelecido pelo Estatuto do Torcedor é o último dia útil do mês de abril. Apesar do atraso, vale mencionar a melhora na pontualidade: ano passado, foi publicado em julho e, no retrasado, em setembro!

A melhor notícia, entretanto, é que o passivo do clube regrediu consideravelmente. Tudo porque as dívidas com pessoas físicas com a família Garcia (o ex-presidente Damião, os filhos Paulo, Beto e o neto João Paulo) e com a Kalunga (empresa da família), que somam quase R$ 8,2 milhões, não constam mais no documento. Assim, o montante caiu de R$ 14,3 milhões para R$ 6,1 milhões, em nome da D. Garcia Gráfica Brasil. O passivo do clube, que era de R$ 17,4 milhões ao final de 2012, agora é de R$ 10,1 milhões, uma redução de 40%.

Constam ainda dívidas com o ex-presidente Anis Buzalaf (R$ 53,7 mil), com o grupo de investimentos Liga (R$ 150 mil — segundo o colega Emerson Luiz, da 94FM, referente à Copinha 2013, despesa que deveria ser da Prefeitura), com o gestor de futebol Toninho Gimenez (R$ 17,4 mil) e com Marcio Luis Borges Diogo (R$ 6,1 mil).

Comparando as duas recentes administrações, de fato a gestão Buzalaf foi mais onerosa. No ano de 2013, em que esteve até novembro, as obrigações trabalhistas pendentes quase dobraram — de R$ 448 mil para R$ 874 mil. O balancete de 2014, já sob a presidência de Emilio Brumati, mostra que esse número está em R$ 879 mil (aumento de 0,5%). A diferença entre receitas e despesas no ano passado foi negativa em quase R$ 356 mil; em 2013, foi de R$ 437 mil.

Números que estão longe do ideal, mas que mostram que a prometida austeridade foi colocada em prática — falando sempre de acordo com o documento oficial apresentado pelo clube.

A demonstração financeira do Noroeste é pública e pode ser encontrada neste link.

Categorias
Noroeste

Empate do Noroeste com o Monte Azul é ‘médio resultado’

Muito se fala em bom resultado (uma vitória em um confronto direto, por exemplo) e em mau resultado (perder em casa). O que seria o empate do Noroeste, ontem (29/2), contra o Monte Azul (2 a 2)? Considero ‘médio’. Afinal, o time teve que correr atrás do placar por duas vezes, o que é bom, assim como trazer um empate como visitante. Mas é ruim porque o time vem numa sequência de maus resultados – sete pontos perdidos nos últimos nove disputados. Diante disso, da dificuldade do jogo, da superação, mas dos vacilos recentes, fica o sinal amarelo aceso no Alfredão.

O palco noroestino, aliás, receberá o líder absoluto Red Bull no próximo sábado. O que poderia até render um justo empate, devido ao naipe do adversário, se transformou em vitória obrigatória. E o jogo é chave para o técnico Amauri Knevitz. Não concordo que ele tenha que estar com a cabeça a prêmio, seu trabalho é bom até aqui. Mas seu discurso calmo, do tipo ‘está tudo bem’, já não condiz com o time em campo. Velicka tem que ir para a armação, não há mais o que esperar – na coluna desta semana, no BOM DIA, sugeri que Juninho, que não pode ficar de fora por causa de seu chute perigoso, vá para a lateral-direita, abrindo vaga para o canhotinho que está subaproveitado com a camisa 6.

Enquando o time tenta se encontrar em campo, fora dele vai se arrumando politicamente. Toninho Gimenez, presidente interino e agora homem-forte do Conselho Deliberativo, promete cobrar os demais membros a serem mais atuantes – e espero que estejam de olho na eleição daqui a dois anos, imaginando uma solução para suceder Damião. A não ser que… seu neto João Paulo, provavelmente o novo vice-presidente (eleição será na próxima quarta, dia 7), inicie uma caminhada par se tornar o novo presidente, conforme o Canhota 10 imaginou já para esta eleição, pois basta ser aclamado sócio honorário para ser elegível.

(O Noroeste empatou com o Monte Azul com Nicolas; Bira, Thiago Jr., Marcelinho e Velicka (Alexandre); Everton Garroni, França (Betinho), Juninho e Leandro Oliveira; Rafael Silva (Diego) e Boka)


Categorias
Coluna

Papo de Futebol da semana: raio-X do rebaixamento

Raio-X do rebaixamento

Texto publicado na edição de 25 de abril de 2011 no jornal Bom Dia Bauru

O time profissional do Noroeste só volta a jogar no segundo semestre, mas há muito o que falar do clube até lá. Além das mudanças e da preparação para a Copa Paulista, ainda dá tempo de repercutir o rebaixamento. E de cabeça fria, pós-ressaca.

Pra começar, é fácil identificar elementos comuns que acabam em descenso. O primeiro deles, troca de treinador. O Norusca teve três comandantes em 19 partidas: Luciano Dias (cinco jogos), Lori Sandri (11) e Jorge Saran (quatro). Desse entra-e-sai resulta um sintoma fatal: inconstância nas escalações. Foram utilizados 28 jogadores durante a campanha e nada menos do que cinco esquemas táticos! A saber: 4-4-2 (nove vezes), 3-5-2 (seis), 3-6-1 (duas), 4-5-1 e 4-3-3 (uma vez cada).

O diagnóstico mais gritante, entretanto, estava a olho nu: a fragilidade da defesa noroestina, que sofreu 35 gols, sendo que 12 deles foram de jogadas de linha de fundo do adversário. Isso mesmo. Mais de um terço dos gols sofridos pelo Noroeste foi em cima dos laterais e com a conivência da zaga. E com o finalizador de todos os jeitos: na primeira trave, na segunda, no meio dos defensores, chegando de trás… Outros sete gols sofridos foram em avanços verticais, em velocidade, dos adversários. Por fim, o Alvirrubro cometeu cinco pênaltis, todos convertidos. Matheus derrubou os atacantes na área três vezes…

Outro problema foi a quantidade de gols perdidos pelo Norusca. Além de errar dois pênaltis, Zé Carlos desperdiçou alguns na cara da meta, com a bola rolando. Mas não foi só ele. O elogiado Diego também perdeu os seus, Otacílio Neto idem. Essa quantidade de chances jogadas fora resultou em muitos empates, oito, e o rebaixamento comprova que, com vitória valendo três pontos, empatar não é bom placar. Não se ganha um ponto, perde-se dois.

Nesse próximo quesito, imagino pregar no deserto, mas morro abraçado com a tese: Ricardinho não poderia ter sido sacado do time. Mesmo não tendo sido brilhante articulador, foi protagonista de uma das únicas armas ofensivas do time: a bola aérea. Dos 21 gols marcados pelo Alvirrubro no Paulistão, sete foram de cabeça. Cinco com assistência de Ricardinho (um de cabeça foi dele mesmo). Outro jogador mal aproveitado foi Aleílson. Artilheiro do time na competição, com quatro gols, jogou 14 partidas, mas apenas quatro como titular.

Para finalizar, fiz uma breve conceituação dos 19 jogos do time. Atuação boa, média ou ruim. Jogou bem em quatro (contra Botafogo, Mogi, Santos e Portuguesa), médio em seis (Santo André, Bragantino, Paulista, Mirassol, Palmeiras e Prudente) e mal – ou péssimo! – em nove (Corinthians, Americana, São Bernardo, São Caetano, Linense, Ponte Preta, Oeste, São Paulo e Ituano). Se olhar os placares, verá que perdeu jogando bem aqui, ganhou jogando mal ali. O futebol tem dessas coisas. Mas ter quase 80% das partidas com conceito ruim ou médio é como dois e dois são quatro. Degola na certa.

Papo de basquete
Impossível não falar do partidaço de ontem, a vitória do Itabom/Bauru sobre o Flamengo (87 a 85). Os bauruenses dominaram o jogo, foram donos da situação durante quase todo o tempo, mas quase deixaram a vitória escapar. Merecidamente, os guerreiros abriram 1 a 0 no playoff das quartas de final do NBB. Segundo o técnico Guerrinha relatou à coluna, contra um time experiente como o Flamengo nenhuma vantagem é cômoda. O treinador ainda contou que precisou de três pedidos de tempo no final do último quarto para corrigir dois erros recorrentes da equipe: a insistência em delegar a Larry Taylor momentos decisivos e o exagero em chutar de três, mesmo com vantagem no placar. Valeu, guerreiros!

Categorias
Noroeste

Adeus, Série D

Noroeste empata em casa como São Caetano e praticamente sai fora da briga de cima

Foi um domingo agitado. De jornada quádrula. A saber: jogo do Bauru Basket, show do Pato Fu, fechamento de poster do Flamengo campeão da Taça Guanabara e, por fim, o Noroeste… A pior parte do domingão… Como não vi a partida com a devida atenção – até porque o PFC tesourou o primeiro tempo para passar São Paulo x Palmeiras, atrasado por causa da chuva – não conseguiria descrever os lances. Se bem que o noroestino não quer mesmo lembrar como foi.

Melhor explica a situação do Norusca, o reflexo dessa péssima 17ª posição, o texto que está em todas as bancas de Bauru e região nesta segunda (28/2): a coluna Papo de Futebol do jornal Bom Dia Bauru.

Antes, a ficha da partida:

Adeus, Série D

Empatar com o também fraco São Caetano, em casa, foi a senha definitiva. As próximas nove rodadas serão de briga no rodapé da tabela e muito sofrimento para o torcedor noroestino. Muitos dirão que continuar na Série A1 será lucro. Para mim, o prejuízo já está quase liquidado: ficar de fora da Série D. Mais um ano sem competição nacional…
Enquanto o Noroeste não pensar grande, seguirá nessa vidinha de ioiô. É muito pouco concentrar o foco em pouco mais de quatro meses no ano – e depois jogar a Copa Paulista com desdém. É limitado apegar-se aos quase R$ 2 milhões de cota de TV e apostar nessa vitrine para promover jogador de empresário. Ainda mais se os manequins tiverem mesmo pernas de pau.
O Brasileiro da Série B é um ambiente de sonhos para o tamanho do Noroeste, nem precisa almejar a elite nacional. Está a três degraus, já esteve mais próximo em anos anteriores (2006 e 2007), mas não parece uma obsessão alvirrubra. Vez ou outra alguém da diretoria toca no assunto, mais para jogar pra galera do que, realmente, ambicionar esse feito.
Enquanto isso, os itinerantes da vida estão por lá. Grêmio Prudente, Americana e Boa (ex-Ituiutaba, agora em Varginha), com cerca de duas décadas de futebol profissional, estarão de maio a novembro televisionados em pay-per-view e, vez ou outra, na tela do Sportv ou da TV aberta, na RedeTV. Seus jogadores darão entrevistas, seus torcedores comprarão jornais, as rádios locais terão agenda cheia: todo mundo sai ganhando.
Matematicamente, ainda dá tempo de começar a subir essa escada, mas pareço até louco de afirmar isso, tamanho o buraco que aguarda novos tropeços. A Série D vai sumindo no horizonte, a Série A2 é logo ali.

Alheio
Sempre me causaram estranheza comentários de que Damião Garcia pouco se inteirava dos bastidores do clube. Entretanto, parece ser a mais pura verdade. Deve ser apenas o cara que assina o cheque. Como é que o presidente do clube só foi conhecer o novo treinador pessoalmente quase um mês depois de sua contratação? Na coletiva pós-jogo, Lori Sandri confidenciou que foi abraçar o patrão pela primeira vez. Com o líder Mirassol pela frente, pode ter sido também o último.

Nem com mágica
Na véspera da partida contra o São Caetano, o elenco alvirrubro contou com palestra da dupla motivacional Átila e Rosi, famosos ilusionistas. Com todo respeito aos profissionais, teria mais efeito no brio dos jogadores, na manhã de domingo, terem descido de seus confortáveis quartos do hotel Howard Johnson e atravessado a rua. Logo ali, no ginásio da Luso, os guerreiros do Bauru Basket – que derrotaram o poderoso time de Brasília (92 a 85) – deram uma aula de motivação, com sua garra habitual que inflama os torcedores. Um time que é aplaudido até quando perde.

Vale o ingresso
Aliás, nada contra o Noroeste, mas tudo a favor do Bauru Basket. Se você tiver grana para um evento só, não tenha dúvidas. Ver Larry Taylor jogar é comovente, vale cada centato. E a adrenalina do ginásio lava a alma.

Amargou
Registre-se: o Noroeste estragou meu domingo, até então perfeito. Vitória do basquete, show impecável do Pato Fu – no sempre organizado e elogiável Sesc – e golaço do Ronaldinho Gaúcho. Mas terminou com Otacílio Neto brigando com a torcida alvirrubra. Foi o fim da picada.