(Direto de Araraquara) Como prometido, após o texto que celebra o título do NBB 9 conquistado pelo Bauru Basket, seguem as entrevistas que fiz com os campeões após a decisão. Estão sem edição, então acontece de o jogador abraçar alguém, eu esperar uma foto, enfim, captam o calor da comemoração. Falei também com Josuel, um dos craques da primeira conquista nacional, há 15 anos, e com Washington Cinel, dono da Gocil, patrocinadora máster.
Alex e Jefferson querem ficar
Tinha que falar da conquista, mas claro que tinha que perguntar aos dois craques do time sobre a permanência, pois são fortes alvos de especulações rumo a Franca.
Fica, Brabo?
Fica, Jé?
Bauru no coração
Demétrius começou a jogar basquete na Sem Limites, Gui é da gema. E tanto Shilton quanto Hettsheimeir declararam carinho pela cidade que os acolheu tão bem, a exemplo de Josuel, que hoje mora na vizinha Agudos.
Dema até aproveitou para desabafar um pouquinho, mas sem tom de mágoa:
Gui estava emocionado demais:
Shiltão: “Agora é só comemorar!”
Hett, com razão, se considera campeão:
A alegria de Josuel, campeão em 2002:
E a promessa, senhor Gocil?
Está registrado, ele PROMETEU publicamente no anúncio do patrocínio máster: renovação com 50% de reajuste em caso de título. Ontem, perguntei a Washington Cinel se estava mantida a palavra. “Vamos ver”, ele disse… Ouça:
(Direto de Araraquara) Podemos dizer, sem medo, que o Bauru campeão do NBB 9 é fruto de muita teimosia. E nem falo dos dois vice-campeonatos nacionais. Esta temporada 2016/2017 em nada se compara com as anteriores e estar na decisão nem era uma expectativa inicial para quem acabava de perder significativo aporte financeiro. O elenco estava mais enxuto, com salários menores e diante de uma torcida que não estava preparada para se desacostumar do pódio.
Mesmo sem esse foco, veio mais uma final, a sétima seguida (descontando o WO no Paulista 2015). Era a vez de Mogi e o vice estadual ficou de bom tamanho. Inclusive para fazer um balanço da fragilidade do elenco e mexer as peças com a bola em jogo. O gringo Roy Booker, mesmo com aceitáveis 10,2 pontos de média em 18min, teve que sair do orçamento para o Dragão aproveitar a oportunidade criada pelo desmanche de Rio Claro. Vieram Gui e Gegê, a diretoria teve que aguentar mais uma bronca pesada — eu mesmo via Gegê com desconfiança. Apostaram na importância dessa dupla para a caminhada, um final que agora sabemos.
Veio o NBB, uma campanha vacilante, contusões de Alex e Léo Meindl logo de cara, derrotas categóricas para Minas e Brasília, na Panela, às vésperas do Natal. As trombetas se voltaram para Demétrius. Coisa da nossa cultura, que precisa personificar um culpado. Ele seguiu firme, teimoso, manteve a programação: vão todos descansar, como estava planejado, e voltem revigorados.
Plano de voo sujeito a novas escalas, como a dupla rio-clarense e, mais tarde, a saída de Hettsheimeir. Fodeu. Já era. Adeus, NBB. Vamos depender do Shilton? Foram essas muitas das reações. O que Dema fez? Pegou a prancheta, apagou tudo e rabiscou de novo. Reinventou o time a partir da defesa. Sua tabela foi a menos vazada desde então.
Àquela altura, esse trechinho do Canhota 10: “como esta nona edição do Novo Basquete Brasil está maluca (um perde-ganha sem precedentes), o Dragão pode sim continuar sonhando com o título. Seria difícil antes, continuará difícil agora. Pode sonhar, não delirar. Mas quando vemos que o bicho-papão Flamengo mostrou suas fraquezas, que Mogi ainda não se encontrou e até o arretado Vitória, quem diria, já figura no G-4… Portanto, a briga está aberta, mesmo sem Hettsheimeir” (em 27/jan).
Seis vitórias seguidas (sofrendo menos de 70 pontos), confiança de volta e a zona de conforto dá aquela rasteira: a derrota para o Caxias, que custou o G-4… Para uma temporada arrastada na humildade, nada mal encarar o modesto Macaé antes de medir forças com o favorito Brasília. E perder na Panela. E começar a saga de viradas que não parou mais.
Veio o Pinheiros, a bandeirinha, o Paulistano, o “mal podemos esperar”. Se serviu de combustível para os jogadores, se a torcida entrou na paranoia do favorecimento, são apenas mais dois elementos desse NBB que testou a lógica. Ou o que se imaginava lógico. Porque é lógico que quem tem Alex Garcia não desiste de um troféu até que o quinto jogo se resolva. É lógico que a Liga não teria preferência por um clube de pequena torcida em detrimento dessa pulsante galera bauruense que ignora quilometragem. Nem o contrário. Porque a LNB é a unidade dos clubes! Agremiações que reergueram, juntas, o basquete brasileiro. É preciso fazer esse parêntese, sim, porque baixada a poeira é hora de o torcedor compreender algo tão óbvio para valorizar o produto que acaba de conquistar.
Este jogo 5, esse inapelável 92 a 73 sobre o valoroso Paulistano, já está descrito por esse mundão digital — prometo publicar entrevistas com os campeões no próximo post. Mas eu precisava falar sobre gente teimosa. Que não desiste depois de uma derrota, nem de duas — e que não desista de querer um ginásio… Que já tinha conquistado a América, mas queria mesmo é ter o Brasil a seus pés.
A primeira vez é um clichê inesquecível. Pois é. As meninas do Concilig Vôlei Bauru conquistaram o primeiro troféu da história do clube em um torneio de elite. Antes, as relevantes conquistas do Paulista da divisão de acesso e a Superliga B. Mas, no último andar, esta Copa São Paulo 2016. E não foi qualquer vitória. Foi contra o poderoso Osasco, em Osasco, palco onde nunca tinham ganhado um set sequer. Triunfo emocionante por 3 sets a 2 (parciais de 14 a 25, 25 a 10, 23 a 25, 25 a 20 e 15 a 9).
Diante de um ginásio José Liberatti lotado — com reforço de torcedores bauruenses —, as gigantes não se intimidaram. Apesar de Osasco ter se reformulado bastante e estar com atletas na Olimpíada, continua sendo Osasco. Uma camisa de peso e um novo elenco interessante, com a promissora oposta Paula, a realidade Tandara e a experiente líbero Suelen (esta reforço pontual antes de ir jogar na Itália).
A central Angélica, capitã do time bauruense, foi a maior pontuadora da partida (17 pontos), seguida da também central Valquiria e da ponteira Thaisinha, ambas com 14 pontos. A levantadora Lyara, recém-chegada da Seleção Brasileira sub-23 (campeã sul-americana), agregou no momento certo e foi inclusive responsável pela bola do jogo.
Apesar de ser uma espécie de “torneio início”, as circunstâncias desta conquista da Copa São Paulo acabam por atribuir importância ao feito. Pelo ineditismo, pelo adversário tradicional (em seu ginásio!), pela rápida resposta do elenco recém-montado. Todas as jogadoras ressaltaram a química do grupo nas entrevistas pós-jogos, aliás. Vamos a elas. Parabéns, meninas. A temporada promete!
ABRE ASPAS
Declarações colhidas pelo repórter Luiz Tá no Jogo Lanzoni, da Auri-Verde 760AM/Jornada Esportiva — com o esporte bauruense onde ele estiver e mais um título no currículo do gogó do Rafa Antonio.
“A torcida de bauru merece. É uma equipe aguerrida, que se entrega nos treinamentos. Começamos mal e depois conseguimos entrar no jogo. Podemos perder ou ganhar, mas não vai faltar entrega desta equipe, venha o que vier. Foi uma vitória do grupo, cada uma contribui com sua parte, mesmo sendo apenas entrando para um saque”, celebrou o técnico interino Fabiano Kwiek.
“A gente começa com o pé direito, mas com os pés no chão. Sem dúvida nenhuma, é uma conquista inédita para a cidade de Bauru. Nossa torcida fez barulho aqui no ginásio de Osasco, o que mostra que o vôlei está se tornando uma paixão dos bauruenses”, disse o presidente Adriano Pucinelli.
“Todos os campeonatos são importantes. Viemos com força e vamos assim também para o Paulista e a Superliga. Ano passado era um time diferente, hoje há várias jogadoras para dividir a responsabilidade. Com todo mundo se ajudando, lá na frente vamos nos dar muito bem”, comentou a oposta Bruna Honório.
“Fiquei muito feliz por ter ajudado o grupo, a união prevaleceu bastante. As gurias gostam muito de trabalhar, é um time muito esforçado e que vai trazer muitas alegrias durante a temporada”, comemorou a levantadora Lyara.
“Osasco é sempre uma equipe a ser respeitada. O resultado foi esse jogo longo, difícil, suado. A gente veio pra mudar a história desse time de Bauru. Formamos uma família e pode ter certeza que essa é a primeira conquista de muitas”, avisou a capitã Angélica.
“É uma delícia trabalhar com esse grupo, muito unido. Agora é descansar, colocar a cabeça no lugar e focar no Paulista, que vai ser muito difícil”, disse a central Valquiria.
“É uma felicidade. A gente luta para conseguir patrocínios e manter uma equipe competitiva. Esse grupo é forte, de guerreiras. A Concilig está muito feliz e temos que agradecer todos os patrocinadores. Vamos acreditar em coisas melhores, porque a gente gosta de ganhar. A gente acredita muito nessas meninas, elas compraram a ideia, tem objetivos”, disse Reinaldo Mandaliti, da Concilig, patrocinadora máster do Vôlei Bauru.
Driblando a euforia, o piso molhado de champanhe e aguardando o batalhão de torcedores/fãs querendo tirar fotos com os campeões, colhi depoimentos dos protagonistas do título paulista. Não consegui falar com todo mundo — faltou principalmente o maestro, o Ligeirinho. Mas há aqui um bom registro da emoção e um diagnóstico da caminhada vitoriosa pelos protagonistas. Atualizado: gentilmente, Ricardo mandou o recado via Facebook, que já incluí abaixo.
Menção especial ao bauruense anto Gui Deodato, que se emocionou com a minha pergunta, porque eu lembrei a ele que me disse que brigaria pelos seus minutos, apesar dos fora-de-série que haviam chegado. Com humildade e, principalmente, qualidade, o Batman deixou seu recado nessa conquista.
Falem, campeões!
“Estou muito feliz de dar um título a Bauru dentro da Panela, depois de tanto tempo.” RICARDO FISCHER
“Se Deus quiser é o primeiro de muitos. A gente vai trabalhar pra isso. É só o começo da temporada, mas já começamos ganhando o Campeonato Paulista, disputadíssimo, forte. Felicidade enorme. Isso dá uma responsabilidade a mais para continuarmos trabalhando forte e conquistando resultados.” ALEX GARCIA
“O time foi montado pra isso. O Campeonato Paulista foi difícil pra gente, teve jogadores fora. Eu cheguei na semana do começo do campeonato… O time foi pegando cara, espírito de vencedor e foi evoluindo. Depois que passamos do playoff de Franca, nos fortalecemos bastante. Sabíamos que podíamos levantar o caneco e mostramos contra Limeira que é somos um time guerreiro e que tem muito a contribuir ainda. Estamos de parabéns, pela superação, pelo conjunto, pela união. Daqui pra frente é só alegria.” JEFFERSON WILLIAM
“Foi tudo planejado. Tomamos a decisão de eu ir para a Espanha, trabalhar os assistentes como técnico principal e dar espaço para os mais jovens. Jefferson e Day foram se adaptando, não pudemos contar com o Murilo e o pessoal da Seleção voltou. Foi importante fazer esse mix, mas foi muito difícil. Mas com muita boa vontade dos jogadores, comprometidos, essa união deu certo. Vamos continuar trabalhando.” GUERRINHA
“Sou pé quente, mas é mérito dessa diretoria. O trabalho que eles estão fazendo para dar suporte para nós… Montaram um time para irmos para todas as finais e conquistar cada vez mais títulos para essa torcida, que é arrepiante. Só tenho a agradecer por serem um sexto jogador para nós.” MATHIAS
“Não tem sentimento melhor! Jogamos com todo nosso potencial nos últimos dois jogos. Com o apoio da torcida, facilita. Vamos aproveitar agora, mas já pensar nas outras competições.” ROBERT DAY
“Eu estou extremamente feliz. Só eu sei como foi difícil entrar na minha cabeça essa competitividade dentro do time. Mas Deus abençoou, trouxe caras incríveis pra cá. Não existe uma disputa por posição. Todos têm chance e seu momento. Tive os meus e consegui me sagrar campeão. Estou feliz por esses caras, pelos patrocinadores, por vocês [imprensa], pela torcida. Eu sou xarope dentro de quadra, não deixo de falar, converso o tempo todo com os colegas e estamos com uma sintonia muito saudável. Agora é comemorar e pensar pra frente, temos muito pra dar ainda. Em pouco tempo alcançar um resultado desse é fantástico.” GUI DEODATO
“É uma experiência maravilhosa. Tudo o que passamos aqui… A cidade inteira merece: time, torcida. Agora somos bicampeões com um time muito forte. É só um começo. Queremos lutar por todos os campeonatos. Com esse time, jogando na nossa casa, com nossa torcida, vai ser difícil ganhar da gente aqui.” LARRY TAYLOR
“Eu e os outros refoços viemos para complementar o time, mas Bauru vem de um trabalho bom há vários anos. Conseguimos fechar a série e ser campeões. Cada um sabe o que tem que fazer e aqui não tem vaidade. O principal para nós é a vitória.” RAFAEL HETTSHEIMEIR
(Direto da Panela) Obrigação. Deu vontade de escrever essa palavra lá no começo da temporada, tão qualificado que é o elenco do Paschoalotto Bauru. Mas a temporada começou com contusões, jogadores na Seleção, treinador se aprimorando fora do país. Aí, ponderei à época: vai fazer o arroz com feijão na fase de classificação e passar o trator nos playoffs. Feito. O Paschoalotto Bauru é bicampeão paulista! Venceu Limeira por 80 a 62, fechou a série em 3 a 1 e cravou o primeiro caneco da temporada, prometendo trazer mais.
Entre tantos momentos a comentar — e são muitos e renderão muitos textos sobre a conquista –, preciso me ater ao cara. O ídolo. O carisma em forma de gente: Larry Taylor. Eu o vi tantas vezes chorando sentado depois de eliminações precoces. E nesta noite ele, além de jogar bem, levantou o troféu. Diante da torcida que o ama. Este título é de cada grande jogador do Dragão, mas é um pouco mais do Alienígena.
O JOGO
Ninguém esperava mesmo que Limeira viria cambaleante. Estava ligado como no primeiro quarto da véspera. Fez direitinho seu trabalho interno no ataque. A diferença é que Bauru estava calibrado desde o início. Assim, o quarto foi de igualdade, com os donos da casa decidindo a parcial somente nos últimos segundos (19 a 16). Registro para uma jogada histórica: Larry Taylor roubou a bola, avançou marcado e desvencilhou-se de forma mágica e inusitada: tabelou com a tabela!
E o Alienígena estava mesmo inspirado. Foi ele o condutor da arrancada bauruense no segundo quarto. Fez oito pontos seguidos e foi ovacionado pela galera. Gui Deodato, outro que veio do banco, também entrou bem. Jefferson fechou o primeiro tempo com aproveitamento de 100% e Hettsheimeir foi um monstro no garrafão, com sete rebotes defensivos. Do lado de Limeira, Jackson jogava, ao contrário de ontem. A fração não foi folgada (25 a 21), mas o Dragão levou sete pontos preciosos para o vestiário: 44 a 37.
Recomeço tenso, com Rafael Mineiro se estranhando com Jefferson. O camisa 8 limeirense era quem se desdobrava para não deixar Bauru desgarrar, mas na defesa não conseguiu conter as infiltrações de Alex e Ricardo. Administrando bem a vantagem, os guerreiros abriram mais seis pontos (17 a 13) e encaminharam a vitória: 61 a 50.
Pra fechar a festa, veio o passeio. Os dez minutos passaram voando, como Alex pela defesa adversária. O treinador Dedé nem se deu ao trabalho de pedir muitos tempos técnicos. Tampouco Guerrinha quebrou o ritmo alucinante do time, que manteve a intensidade até o cronômetro zerar. Que defesa incansável: bem marcado, Jackson zerou no segundo tempo. Faltando ainda quatro minutos, a galera já gritava bicampeão, já tinha coro de olé. Festa fora, seriedade dentro. O foco desses caras é na cor dourada e vem muito mais por aí. Com seguros 19 a 12 no último quarto, o campeão fez a festa: 80 a 62. Comemora, Bauru!
NUMERALHA
Jefferson William: 18 pontos, 4 rebotes
Alex Garcia: 17 pontos, 10 rebotes, 3 assistências
Rafael Hettsheimeir: 12 pontos, 11 rebotes
Larry Taylor: 12 pontos, 4 rebotes, 3 assistências
Ricardo Fischer: 12 pontos, 3 rebotes, 8 assistências