Uma sexta-feira à tarde de novembro (dezembro?) de 2006. Eu, no trabalho, quando liga o amigo Júlio Penariol, do Bom Dia. Alerta para entrevista coletiva de Felipe Massa em Botucatu no dia seguinte. Topei na hora: o material seria útil para o guia 2007 da Fórmula 1, que faria na Alto Astral, e também para a 94FM Revista, que eu editava na época.
À vontade, sem veículos das capitais por perto, Felipe falou bastante. Criticou a Stock Car, que não revela talentos, lamentou a pouca receptividade de Bauru para seu ‘Desafio das Estrelas’ – que mudou-se para Florianópolis – e cutucou as pessoas que não acreditavam nele (“Não quero chegar nelas e dizer ‘Tá vendo?’. Tenho carinho pelos que torceram”).
Terminada a coletiva, ainda cercado pelos repórteres, seguiu solícito. Foi nessa hora que perguntei a ele sobre a inevitável lembrança de Ayrton Senna após a vitória histórica em Interlagos.
Sem fazer média com a imagem do eterno ídolo de milhões de brasileiros, cravou: “Eu era muito pequeno quando o Senna morreu. Minha trajetória não foi construída pensando nele. Nunca corri com essa influência. Eu gostava de correr porque meu pai corria. Na minha trajetória, o Schumacher me ajudou muito mais, pelo fato de correr ao lado dele”.
Um ano depois, em uma coletiva após evento do Unicef, Felipe revelaria uma “mágoa” com Senna. “Na época, aquilo me chateou bastante. Eu acompanhava o Piquet e o Senna, mas era muito fã do Ayrton. Eu pedi o autógrafo e ele virou as costas para mim“, contou aos repórteres, na ocasião.
Não há contradição entre as falas de 2006 e 2007. Massa não nega Senna como ídolo – apenas como referência em sua formação de piloto.