Em palestra para estudantes de Jornalismo do Unisagrado (Bauru-SP), em outubro de 2019, o jornalista Fernando Beagá contou sua trajetória no esporte e separou os principais trechos neste vídeo:
Categoria: Esportes
Gostaria de ter lembranças de Rodrigo Rodrigues comandando o Bate-Bola, da ESPN Brasil, mas era um horário ingrato pra mim à época. Vi um ou outro plantão pós-rodada. Fui impactado mesmo pelo Resenha. Todos fomos. Provavelmente não foi o primeiro programa a reunir boleiros, mas sob seu comando (com a generosa escada para Sorín) foi o melhor. Estilo muito copiado depois, jamais superado.
Comentei com amigos, enquanto lamentávamos, ainda, seu estado grave, que me identificava com o RR por alguns motivos.
Primeiro, obviamente, por motivos rubro-negros. Falava do Flamengo (e de Zico) de um jeito fácil, sem marra, sem incomodar o torcedor de outros times. E crítico, quando necessário. Vibrei quando ele interagiu comigo, no Twitter — concordamos que o uniforme de 2019 era feio.
Também me encantei por Rodrigo ser mais um alfabetizado por Placar. Em 2017, comandou o PLACAR Ao Vivo nas redes sociais, quando entrevistava colegas jornalistas e ex-jogadores. A parte mais saborosa do programa, entretanto, era quando comentava imagens de arquivos da revista. Era evidentemente alguém que as havia folheado na infância. De cá da tela, eu via detalhes que ele, de lá, também via. Tanto viés bom que as lembranças da bola oferecem, mas poucos têm essa percepção. RR tinha.
Via e comentava, principalmente, detalhes de uniformes. Aquela tipologia do número da Finta, nos anos 1990. O patrocínio da Galeria Pagé na camisa do Palmeiras. E mais uma vez concordamos que nunca o Flamengo terá outro uniforme como o da Adidas entre 1988 e 1992 (coraçãozinho eternizado no meu tweet).
Por fim, Rodrigo Rodrigues pra mim é uma questão de representatividade. Coisa simples, besta mesmo, ainda mais em plena segunda década do século 21, mas quem já teve a orelha fulminada por um olhar moralista sabe do que estou falando: o brinco. Aquela argola vistosa quebrou um tabu na televisão.
Se eu humildemente lamento que nunca o conhecerei, imagino a dor dos colegas e amigos que não irão vê-lo novamente, que sabem como foi bom tê-lo por perto.
SRN, RR.
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Antes de falar da vitória brasileira por 4 a 1 sobre Camarões, que valeu o primeiro lugar no grupo A, vale um breve registro sobre o segundo jogo da Seleção, o empate sem gols com o México. O temor se instalou em boa parte dos torcedores — corneteiros entre eles –, como se os chapolins fossem o Íbis dessa Copa. Talvez muita gente não se lembrasse — ou não soubesse, como Mário Sergio Conti… rs — que os mexicanos sempre engrossaram o jogo nos últimos anos. O sufoco que a Argentina passou para vencer o Irã e o empate da azeitada Alemanha com Gana, somados à vitória mexicana sobre a Croácia, ajudaram a mostrar que não vai ser fácil pra ninguém. Agora sim, vamos às notas sobre o triunfo dessa segunda (23/jun):
Neymar, maduro
O camisa 10 brasileiro tem completa noção de sua liderança técnica. E provou isso quando a partida se mostrou difícil, após o empate camaronês — já havia feito o primeiro, após excelente roubada + assistência do indispensável Luiz Gustavo. Seu segundo gol levou tranquilidade para o vestiário. Para os anais deste Mundial, Neymar concedeu preciosos segundos de imagens de malabarismo objetivo, vertical. Até o momento artilheiro da competição, é sério candidato a Bola de Ouro se conseguir avançar com seus colegas até a decisão.
Justiça para Fred
A bola praticamente não havia chegado ao camisa 9 depois de quase 230 minutos jogados. Cobraram mais movimentação, que ele se oferecesse para a tabela. Isso de fato ocorreu, Fred roubou bolas, fez pivô — participou da tabela do quarto gol — e foi finalmente bastante notado. Mas sua função primeira pela Seleção é estar dentro da área na hora certa, afinal, ele fede a gol. A bola veio (de David Luiz!) e fez justiça ao bom centroavante brasileiro, que ainda poderá ser decisivo. Pode anotar.
Luiz Gustavo
Elegi o volante do Wolsfsburg o melhor em campo na estreia contra a Croácia. Desta vez, chegou a ser desarmado, o que é raro, mas seguiu como um onipresente homem de marcação, que se multiplica na cobertura dos laterais. E ainda consegue contribuir na armação das jogadas. A assistência para o primeiro gol de Neymar coroou sua eficiência.
Força, Paulinho
Que o ex-corintiano não está bem, é fato. Mas já foi decisivo em 2013 e tem crédito. Não para continuar titular, Fernandinho realmente entrou fazendo a diferença e merece a vaga. Mas para não ser jogado para o canto do banco. Talvez ainda chegue sua hora — pode ser Paulinho, em outra ocasião, a entrar e mudar uma partida.
SE…
É como dizem, o SE não joga. Mas serve, sim, como exercício. Afinal, todos comentamos futebol a partir de consequências. E como é um esporte imprevisível, um mesmo desempenho pode ser positivo ou negativo a partir do resultado. Explico: SE Ochoa não tivesse operado pelo menos dois milagres no empate com o México, o Brasil teria construído um placar convincente e o chororô seria infinitamente menor. Mais: SE Paulinho tivesse conseguido concluir na primeira jogada de ataque contra Camarões (foi travado), talvez tivesse a partir dali criado confiança para crescer em campo. O camisa 8 esteve na área, como fora cobrado, nessa ocasião e logo após o gol camaronês (novamente travado na hora do chute).
Chile
Se vale o raciocínio que o jogo mexicano encaixa com o brasileiro, vale o mesmo no duelo das oitavas. O Brasil sabe como enfrentar o Chile. Goleou nas oitavas das Copas de 1998 (4 a 1) e 2003 (3 a 0) e também na longínqua semifinal de 1962 (4 a 2). Na Copa América de 2007, mais duas sapatadas (3 a 0 e 6 a 1). Nas Eliminatórias para 2010, idem (3 a 0 e 4 a 2). Nos últimos amistosos, em 2013, mais equilíbrio (2 a 2; 2 a 1). Um retrospecto recente tão positivo que resulta em uma invencibilidade de 14 anos. Nada que não possa se evaporar numa tarde feliz de Vargas e cia. Mas o favorito é o Brasil de Neymar.
Fotos: Fifa via Getty Images
O Canhota 10 não poderia ficar de fora da Copa! O foco é Bauru, seguimos de olho no esporte local, mas ficar sem opinar sobre a maior competição do universo, pra um jornalista esportivo, é dose — em 2010, fui colunista do Bom Dia Bauru. Após a estreia do Brasil (vitória por 3 a 1), comento em notas, pra ser breve e não me perder entre tanta coisa que deu vontade de falar. Vamos lá:
Gigante adormecido
Registraram-se manifestações com centenas de pessoas. Muito longe das milhares de um ano atrás. Como diz um amigo meu, o gigante só vai acordar pra ir comprar cerveja. Eu sou contra a Copa no Brasil desde que foi anunciada e escrevi a respeito, fazendo minha parte. Foi no jeitinho, não precisava ser adivinho. E é bom deixar claro que seria assim com petistas ou tucanos no poder. Mas, agora, a inês é morta, o negócio é olhar a metade cheia do copo, receber bem os gringos e chiar depois, nas urnas, cada um com sua opinião, exercendo sua cidadania. Aliás, já causei o suficiente no Facebook, mostrando minha indignação com o fato de brasileiros ofenderem sua chefe de estado. O post é este aqui e quem quiser comentar lá, a democracia está aí pra isso.
Abertura normal
Em tempos de redes sociais, a cornetagem rola solta. Acharam a festa de abertura fraca. Não foi melhor nem pior do que as anteriores. Memória curta ou desconhecimento da turma: festa de abertura de Copa sempre é simples, não se compara com Olimpíadas. O espetáculo é o jogo. Mesmo assim fomos brindados com a beleza de Jennifer Lopez, que sambou na nossa cara até o queixo desmoronar. Os que cornetam a abertura devem ser os mesmos desinformados que fizeram chacota e protesto contra quem se tornou voluntário na Copa, uma praxe desse evento e dos Jogos Olímpicos desde sempre, em qualquer país. Sinônimo de intercâmbio, aprendizado. Bom, chega de falar de bastidores, de chateações.
Felipão mexeu na prancheta
Todos esperando um esquema tático com Hulk na direita, Neymar na esquerda e Oscar no meio. Pois Hulk passou quase todo o primeiro tempo pela esquerda, Oscar caiu pelo outro lado. Eles variaram, é verdade, mas Neymar esteve sempre pelo meio. E dessa posição recebeu o passe de Oscar para empatar a partida — a Croácia abriu 0 a 1 nas costas de Daniel Alves, em gol contra de Marcelo. O camisa 6 está sendo alvo de várias piadas, mas rir de si mesmo, isso sim, faz parte do fair play. Na segunda etapa, Neymar começou a cair pela esquerda, Hulk ficou centralizado e se poupou de arrancadas (já dando mostras de desgaste físico) e Oscar fez um inferno na defesa croata pela direita. O treinador também foi bem nas substituições.
Luiz Gustavo, o cara
Todos celebraram Neymar e seus dois gols e o partidaço de Oscar — belo gol do camisa 11, o terceiro. Mas o melhor em campo, pra mim, foi Luiz Gustavo. Posicionado quase como terceiro zagueiro — uma versão 2014 de Edmilson, o homem da sobra no penta –, o camisa 17 não errou um bote, deu passes precisos, deu excelente proteção à defesa brasileira. Taticamente perfeito.
Paciência com Fred
Costumo dizer que Fred não tem faro de gol. Fred fede a gol! A hora dele vai chegar. Na estreia, a bola não chegou. Quando chegou, ele cavou o pênalti que gerou o gol da virada, de novo com Neymar — mal batido, diga-se. Se o juiz errou, é outra história. Com a partida decidida, a Croácia se abriu e ele conseguiu trocar bons passes com Bernard e Oscar.
Neymar pronto
Ele já havia provado do que é capaz na Copa das Confederações. Não tem medo da responsabilidade e sabe que é a liderança técnica desse time. Abraçou um por um os colegas, antes de entrar em campo, motivando-os. Empatou em momento crucial do jogo. Bateu o pênalti. Mostrou o cotovelo pra cara feia — e ficou pendurado com amarelo. Neymar é o cara.
Júlio César
Foi cada batata quente chutada no gol do Brasil e Júlio César correspondeu, como eu já esperava. Aliás, ainda não entendo, depois do que fez nas Confederações, porque tanta desconfiança no camisa 12. Tudo bem: Taffarel sofreu da mesma cisma durante três Copas, mas hoje muita gente o reconhece como o maior da história da Seleção, superando Gylmar. O tempo dá conta de tudo.
Foto: Buda Mendes/Getty Images for Sony
Eu estava tão ansioso para escrever este texto, mas o tempo me engoliu e estou quase um mês atrasado. Conforme contei no post anterior, encarei uma aposta em família para perder peso, reeduquei minha alimentação e, mais leve, a corrida passou a render mais. E avisei que, na prova Night Run do dia 1 de fevereiro (5km), pretendia me aproximar dos 10km/h. E consegui!
Bati meu recorde pessoal: 29min39. Essa é a melhor das vitórias: vencer a si mesmo. Dois meses antes eu estava me arrastando na casa dos 35min, hoje estou mais solto, com mais fôlego e, o melhor, com muito a evoluir. Corri na casa dos 5min30s por quilômetro até 4km, mas no último me arrastei na casa dos 7km. Faltou fôlego. Isto é: a casa dos 29min é só o começo.
Apesar de o horário de verão ter transformado uma suposta prova noturna em “corrida do pôr-do-sol”, o clima estava ameno, as pessoas estavam empolgadas com a novidade e foi divertido. O mais legal das provas é confraternizar. E tanto antes da partida, quanto na chegada, estive rodeado energia positiva. Um dia revigorante. Combustível para enfrentar o probleminha que veio depois…
Durante a última semana de preparação, o joelho direito começou a reclamar. Na prova, comportou-se bem, sei lá se pela adrenalina, mas nas semanas seguintes doía ao subir escadas e após os treinos. Do ortopedista veio o nomezinho: condromalácia patelar (popularmente conhecida como “joelho de corredor”). Em resumo leigo, a cartilagem periférica à patela (antigamente chamada de rótula) está desgastada, o joelho já estrala e raspa no movimento. Há várias causas, a minha é desequilíbrio muscular. Meu caso é inicial, leve, mas luz amarela acesa.
Estou de molho — doido para voltar para a Just Fit! — e vou começar fisioterapia. A previsão é que no meio das 20 sessões (!) eu já possa retornar aos treinos. A corrida causa impacto e temo que tenha que maneirar. Mas o que não posso, definitivamente, é abandonar a prática aeróbica, que me faz tão bem.
Ah! E de peso meu joelho não pode reclamar. Se em novembro em pesava 80kg, no comecinho de janeiro eu estava na casa dos 75kg, hoje os dígitos da balança apontam 72kg e uns quebrados — peso que estou segurando só pela boca, enquanto seu exercício não vem.
Logo volto para contar detalhes dessa saga contra a famigerada condromalácia — que envolve ingestão de colágeno, para dar uma força à pobre cartilagem. Torça por mim!