Hoje é dia de festa. 1 de agosto. Aniversário de Bauru (122 anos). Dia de um bauruense ilustre — afinal, sua versão brasileira “nasceu” aqui — voltar a vestir a camisa do Dragão. A sua camisa, número 4, só dele. Para esse momento (a partir das 18h, contra o Mogi das Cruzes), o ginásio Panela de Pressão estará cheio . Os ingressos das arquibancadas se esgotaram — parabéns à diretoria pela iniciativa do preço popular. Todos querem ver o novo elenco de perto, mas, sobretudo, querem ver LARRY TAYLOR novamente em ação pelo Bauru Basket. Falei com o Alienígena sobre seu retorno, seu entusiasmo e também como foi a despedida de seu ‘pai’, Guerrinha, com quem esteve nos últimos anos em Mogi — e tantos outros na Cidade Sem Limites — e que hoje será oponente.
Quando é que você decidiu voltar? Como foi esse contato e como encara essa nova oportunidade de defender a cidade onde você ‘nasceu’ no Brasil? “Eu sempre quis voltar para Bauru, a cidade onde comecei a jogar no Brasil. Quando acabou o campeonato [NBB 10], os caras entraram em contato comigo — Beto, Joaquim, Vitinho, Dema… Marcamos uma reunião e estávamos com a mesma vontade. Foi o momento certo de retornar para casa. Dei minha palavra a eles e hoje estou aqui.”
E como foi avisar ao seu ‘pai’ Guerrinha sobre sua saída? “Foi difícil. Porque o Guerrinha não foi só meu técnico. Temos um relacionamento muito bom, tanto que as pessoas brincam que ele é meu pai. Nossa relação é especial, foi difícil me despedir dele, mas eu falei que era minha vontade voltar, ele entendeu. Conversamos de boa e isso não vai atrapalhar em nada nossa amizade.”
Na última temporada, você esteve muito acima, técnica e fisicamente, da anterior. Foi um desafio pessoal, uma resposta? E é esse alto nível que podemos esperar aqui em Bauru? “Eu queria fazer uma temporada melhor, era meu décimo NBB e nunca fui campeão. Isso ficava todo dia na minha cabeça, ‘quero ser campeão’. Desde o Paulista, comecei a treinar mais e de forma diferente, mudei minha dieta… Acabamos batendo na porta, mas não aconteceu. Eu vejo toda a força que fiz nos treinos e valeu a pena. Vou continuar no mesmo caminho e fazer o possível para ser campeão.”
Como foi a primeira visita de seu filho Joshua ao Brasil? Imagino o tamanho da sua felicidade por ele conhecer o seu mundo… “Ele ficou comigo aqui duas semanas. Ficou viciado em paçoquita! Toda noite ficava jogando videogame comigo comendo paçoquita e tomando aquela bebida de Nescau [tipo Toddynho]. Ele também gostou bastante de ir a churrascarias. E conseguimos ir a Brotas, foi minha primeira vez lá também, muito bacana. Fui levá-lo de volta aos Estados Unidos e já estou sentindo falta dele, de quando eu chegava do treino e ficávamos conversando, jogando videogame — estou bravo porque a última vez que jogamos ele ganhou e não tive revanche! Mas ele gostou bastante e fiquei muito feliz.”
O Sendi/Bauru Basket inicia a temporada 2018/2019 neste sábado, estreando no Campeonato Paulista contra o América, em São José do Rio Preto, às 17h. Com elenco praticamente reformulado, que mistura o retorno de ídolos com a aposta em jogadores que vestirão a camisa mais pesada em suas carreiras. E com a manutenção de um dos treinadores mais badalados do basquete brasileiro, Demétrius Ferracciú, que conversou com o CANHOTA 10 durante a festa de apresentação do novo time. Dema, que está animado com o desafio de encarar, pela primeira vez, o estadual com ambição de título (com “pé embaixo desde o início”, reforçou o presidente Beto Fornazari), falou sobre a boa impressão nos treinamentos, o trabalho com Larry Taylor e sobre a sua “semana do fico“.
Cada time, cada temporada, tem a sua história. O que esse time 2018/2019 vai render em empenho e qualidade para sonhar com títulos? “A entrega deles no dia a dia já me diz muita coisa. É o que todo técnico espera de uma equipe. Principalmente dos jogadores que vieram sabendo da importância de representar o Bauru Basket, de sua grandeza. Isso dá mais motivação para eles evoluírem. Espero uma equipe bem coesa defensivamente, fortalecida fisicamente, com contra-ataque forte.”
Como você está trabalhando com essa mescla de ídolos, de qualidade inquestionável, com jogadores que estão no maior espaço da carreira deles (como Renato e Marcão)? “Quando trouxemos esses jogadores, visualizamos também o crescimento pessoal e técnico deles. Não foi somente porque fizeram uma campanha boa anteriormente. Vejo possibilidade de evolução em cada jogador, mesclado com a experiência do Larry, do Jé e do Alex, que está voltando, que são os líderes. Se cada um souber a sua função e sua importância, vai fortalecer muito a equipe.”
Quando você chegou ao Bauru Basket, o Larry já não estava mais. Obviamente, sabia do tamanho dele na história do time, mas como foi entrar em contato com essa história viva? “Quando você ouve falar, é uma coisa. Quando vê a realidade, é outra. Uma apresentação como a dele [na Panela] eu ainda não tinha visto no Brasil. O carisma que ele tem, todos o adoram… Com 38 anos de idade, é um dos que mais correm durante o treinamento. Esse carinho da cidade é um combustível, ele se entrega mais porque tem certeza de que aqui realmente é a casa dele.”
E aquela semana decisiva da sua vida? Como foi? Na segunda à noite você estava falando comigo [no programa ENTREVISTA 10], foi ao Rio de Janeiro no dia seguinte, voltou e deu o sim na sexta-feira. O que o fez decidir ficar aqui? “Foi uma longa semana. Tensa para mim, profissionalmente, para minha família, por ser uma decisão muito importante, que não envolve só o profissional, envolve esposa, filhas e três anos de uma cidade que me abraçou. Analisei e pesei tudo isso e acabou sendo fácil, pelo esforço que a diretoria fez para eu permanecer. Fui ao Rio, conversei, depois que voltei conversei com o Beto [Fornazari, presidente do Dragão] e conseguimos alinhar a minha renovação. Não foi uma decisão fácil, mas foi prazerosa, pela cidade, pela estrutura e pelo Bauru Basket, e por saber que vou ficar por mais dois anos aqui com esse projeto.”
DESFALQUE
Para a partida de estreia no Paulista, além de Alex Garcia, Gui Santos e Jaú (que fez cirurgia esta semana e só volta em 2019), o Dragão não irá contar com Larry Taylor, com desconforto na panturrilha. A partida terá transmissão da rádio Jovem Pan News Bauru, da Federação Paulista e do canal da Web TV Sem Limites.
Jefferson William está de volta ao Bauru Basket. Finalmente anunciado, o ala-pivô retorna à Cidade Sem Limites depois de uma temporada discreta pelo Sesi/Franca, cuja negociação, à época, foi bastante controversa. Dessa vez, foi conduzida de forma “supertranquila”, segundo o jogador. O contrato é de uma temporada.
Curtindo férias com a família nos Estados Unidos, Jé falou brevemente (e com exclusividade) com o CANHOTA 10:
A identificação com Bauru “Bauru é um time onde conquistei amigos, títulos, a cidade onde meu filho nasceu… Sempre tive e vou ter um carinho e, na hora de decidir, isso pesou demais! Fui muito feliz aqui e tenho certeza que vou continuar sendo nessa minha volta.”
A decisão do retorno “Conversei com o Demétrius. Tudo pesou na decisão: o Dema, o elenco, a cidade, a torcida, a diretoria…”
Novo colega de garrafão “Estou animado para jogar com o Lucas Mariano, um excelente e experiente pivô. Vamos fazer uma bela dupla, tenho certeza.”
Gabriel Jaú “Gosto muito do Jaú. Era um garoto quando começou com a gente e agora já adquiriu uma grande maturidade. Fico feliz de fazer parte da formação de um excelente jogador. Vamos fazer uma grande dupla também, será um prazer jogar com ele novamente.”
Quando entrevistei o presidente Beto Fornazari, no dia 21 de maio, perguntei sobre o interesse por Larry Taylor. O Alienígena, entretanto, estava em disputa das #finaisNBB por Mogi (derrotado neste sábado pelo Paulistano, campeão) e guardei as aspas. Terminado o NBB, segue a resposta do dirigente sobre o eterno camisa 4 bauruense:
“Larry é um sonho de todos, meu também. O Larry é para mim a prioridade zero. Se perguntarem quem eu quero contratar, quero o Larry. Não vou esconder isso de ninguém. Sempre foi, não queria que ele fosse embora. Ele foi porque pediu. Eu vejo o Larry jogar por Mogi e fico feliz e triste ao mesmo tempo. Está feliz lá, Mogi renovou com o patrocinador, acho difícil o Guerrinha liberar. Não fazemos plano pelo Larry, mas pode ter certeza de que, se ele der uma brecha e houver uma situação que a gente consiga viabilizar a volta, vamos fazer. Daí a falar que o Beto está assediando, não… É que para ele a porta está aberta. Gostaríamos muito que ele voltasse. A torcida de Mogi deve idolatrá-lo também e a gente entende isso.”
Como prometido, após a proveitosa entrevista com o presidente Beto Fornazari, chegou a vez do papo com o diretor técnico Vitinho Jacob. Já há algumas temporadas acompanhando a rotina dentro da quadra, o dirigente traz um relevante olhar sobre o desempenho do time, elucida questões da Liga Nacional (onde também é diretor) e revela algumas curiosidades — pedi a ele para elucidar especulações de anos anteriores. E ainda revelou alguns desejos para o novo elenco, enfatizando que não necessariamente estão em conversas. Enfim, boa leitura garantida!
Como de costume, começamos com o balanço da temporada. “A temporada foi planejada para ser construída aos poucos. Fizemos um primeiro turno muito bom. Da Liga das Américas saímos precocemente, poderíamos estar no Final Four. Ainda mais da maneira que foi: vencemos o Guaros, melhor time do grupo, e acabamos perdendo dois jogos ‘ganháveis’ contra os times argentinos. O primeiro contra os donos da casa, mais empolgados, mas não eram tudo isso; e contra o Estudiantes, estávamos com o controle do jogo e acabamos perdendo. Essa eliminação foi muito dolorida, sentimos muito. Provavelmente, até arrastamos isso um pouquinho pra cá, nosso segundo turno no NBB foi muito abaixo da expectativa, a mudança de calendário foi ruim, as lesões… O sexto lugar [na fase de classificação] foi abaixo das nossas expectativas.”
Aí o trabalho do Demétrius foi de novo contestado. E de novo ele deu a virada nos playoffs e se tornou unanimidade. “As mídias sociais são ingratas. Quando a gente ganha, tudo certo; quando perde, tudo errado. Sempre disse isso, ‘vamos esperar o fim da temporada.’ São três finais consecutivas de NBB e um quase, na última bola. Temos que aprender a absorver as críticas, afinal, os torcedores querem o melhor do time. Mas quando durante os jogos reclamam de uma substituição, por exemplo, não entendem que existe uma estratégia que o treinador monta. Não dá para cinco jogadores atuarem quarenta minutos sem descansar nem fazer faltas. Mas paixão é isso aí. Temos que ouvir o que é bom para ser melhorado e não deixar os elogios subirem à cabeça.”
Você é de dentro do vestiário, viaja junto. O que pode falar do perfil desse grupo? “A saída do patrocinador máster [Gocil] atrapalhou muito a montagem do time. Alguns acabaram saindo e houve uma reformulação maior do que normalmente se faz num time campeão. Mas a equipe foi bem montada, dentro das circunstâncias. No início, não ganhou nenhum jogo-chave, mas sabíamos que ia encaixar, mas demorou um pouquinho e gerou certa desconfiança. O grupo se fechou e, com o trabalho da comissão técnica, muita conversa, muito treinamento, as coisas foram se engrenando. Perdemos o Alex…”
Houve situações que o plano de jogo foi alterado em cima da hora… “Num jogo contra Franca, aqui, ficamos sem o Rafal [Hettsheimeir] e o Alex no treino da manhã. Depois jogamos Liga das Américas sem eles. Fomos castigados por isso. Mas o perfil do grupo é vencedor e mostraram isso quando foi preciso. O playoff contra o Vasco foi muito difícil, eles queriam reverter a situação da temporada ruim. Conseguimos nos impor. Contra Franca, tivemos a felicidade de ir bem nos três jogos. E contra o Paulistano, conseguimos jogar no nosso limite, passando dele, até.”
Minha percepção é que o Rafa assumiu a liderança técnica do time, o Duda assumiu riscos (errando ou acertando, não se omitiu) e o Jaú já é uma realidade. Foi por aí? “O Rafa e o Jaú foram bem consistentes mesmo. O Kendall [Anthony] teve mais volume nos playoffs — e assim ele rende mais —, e o Duda e o Isaac fizeram bons jogos alternadamente. A defesa encaixou bem a zona. O Stefano ajudou bem quando entrava. O Shiltão, quando entrava embaixo, resolvia nosso problema na defesa. Ele pontua nos playoffs, é uma característica dele chamar o jogo. O Matulionis é que acabou não rendendo muito.”
Essa ‘experiência lituana’ foi pioneira não só em Bauru, mas na Liga. Mas foi uma adaptação difícil. Europeu nunca mais? “Pelo contrário.”
Pergunto porque já não havia funcionado o Jason Detrick… “A adaptação ao jogo é realmente um problema. Na Europa, é mais cadenciado, cinco contra cinco. Mas nunca mais, não, só temos que ter mais cautela nas próximas escolhas.”
Em relação à Liga, onde você é diretor técnico: qual a tendência para NBB 11, em relação a quantidade de times? “Eram quinze clubes, caíram dois, sobe o campeão da Liga Ouro. Então, a princípio serão quatorze. A Liga vai ter um período, normalmente até o final de julho, para os clubes apresentarem as garantias financeiras. Quando há duas divisões, não pode mais haver convites.”
E como o Caxias, rebaixado no NBB 9, pôde disputar? “Isso aconteceu naquele momento em que a CBB [Confederação Brasileira de Basketball] havia pedido para organizar a segunda divisão. A Liga cedeu, mas a CBB acabou não organizando. Foi uma sorte tremenda do Caxias nesse meio tempo. Como a Liga iria deixar um filiado disputar um campeonato que era um incógnita?”
Então, não haverá convites no NBB 11? “Convite não pode. Veja bem: a Liga pode decidir que o campeonato terá vinte times, por exemplo. Mas existe um critério: a classificação da Liga Ouro, do primeiro ao nono, depois Campo Mourão e Liga Sorocabana [os rebaixados do NBB 10]. Tem que seguir essa ordem. Como entrar outro clube? Comprar uma franquia que está no NBB.”
Então a Universo (que estava com o Vitória) é a bola da vez? “Exatamente! Tem a vaga e vive uma indefinição. Se eu tivesse um time e quisesse disputar o NBB, procuraria a Universo.”
Alguma chance de mudança em relação a ajuda de custo da Liga para os clubes? “A Liga foi criada há dez anos já com o intuito de dar subsistência aos clubes, pagar todas as despesas operacionais e os clubes só arcarem com a folha de pagamento. Isso é um sonho e um objetivo da Liga que até hoje não foi possível. A cada ano aumenta a receita, mas não é suficiente. Se a Liga fosse dar um milhão de reais para cada um dos quinze clubes, o que dá menos de cem mil por mês, daria quinze milhões de orçamento só para isso. Mas num futuro próximo isso poderá acontecer e poderemos evitar que clubes acabem. Esse é o objetivo.”
Voltando ao Bauru Basket. A final, se chegasse, seria em Araraquara. Por pelo menos mais um NBB o Gigantão continua na manga? “Araraquara nos acolheu muito bem, assim como Marília. A vantagem lá é que não é preciso transportar piso, o ginásio está pronto. Para as próximas oportunidades, sempre temos que conversar, enviar nova solicitação.”
Sobre o ginásio do Sesi em Bauru, há mais alguma história de bastidores? Como você soube da novidade? “Fiquei sabendo na apresentação do Skaf [presidente do Sesi], lá na sede da OAB. É fantástico ter um ginásio de alto nível, até mesmo para receber seleção brasileira, jogos internacionais, até amistosos da NBA… E finais nossas, finalmente!”
Demétrius deve ter balançado com a proposta do Flamengo, certo? Mas o mais importante disso foi mostrar o tamanho do Bauru Basket. O Dema já estava em um time grande. “Exato. O Flamengo está no Rio de Janeiro, tem torcida gigante e tem poder financeiro monstruoso. Deve ter seduzido muito, financeiramente e pela proposta de trabalho, envolvendo categorias de base. Mas nos alegra muito saber da credibilidade que conquistamos, a evolução ao longo dos anos.”
E o Dema dialoga com a base aqui também, através do Germano. Lançou Jaú, Maikão… O que esperar dos meninos na próxima temporada? “Normalmente montamos o time com oito a dez adultos e completamos com o sub-19. Temos uma molecada boa subindo, Pará, André, João Marcos, que já estão no principal, o Emanuel, o Rafael e o Malaquias…”
Mais uma vez começará o Paulista com a molecada? Ou a Sul-Americana em setembro muda esse planejamento? “Como saímos precocemente do NBB, podemos começar os trabalhos antes e iniciar o Paulista com o time principal. Mas seremos novamente ‘atrapalhados’ pela seleção: o Jaú, o Maikão e o Samuel foram convocados para a sub-21 para o Sul-Americano, que acaba no meio de julho. E na seleção principal, seguramente jogadores do nosso elenco serão convocados.”
Você mencionou o Maikão. Em que pé está essa relação? “Houve contratempos, imaturidade dele e falha de comunicação de ambos os lados. Ela agora está na Itália, no camp em Treviso, mas quando voltar vamos sentar e conversar. Eu acredito que o Maikão vai ficar por aqui. É um feeling meu, não posso cravar porque não depende só de mim. Confio muito que fique e tem tudo para fazer uma temporada exemplar.”
Você ainda participa das negociações com os jogadores? “Eu, Beto e Demétrius conversamos sobre as opções para o time, planos A, B, C… Agora, as negociações financeiras são somente com o Beto. ”
Para esclarecer para o público que gosta de acompanhar o mercado: qual a diferença entre sondagem e proposta? “É bem diferente. Fale um jogador aí…”
Betinho e Renato Carbonari. “Betinho não existiu nem sondagem. Já o Renato estava em Bauru. Perguntei ‘Qual sua intenção para o próximo campeonato? Interessaria jogar em Bauru?’ Ele disse que sim, eu disse que ia conversar internamente e fazer uma proposta. Mas não deu tempo [nota do editor: Renato deve ser anunciado no Pinheiros quando seu contrato com o Vasco acabar]. Essa é a diferença de sondagem e proposta. Você pergunta para o jogador quais os planos dele, se ele pretende mudar, se não tem mais contrato. Temos por costume aqui não abordar jogador que tem contrato em andamento.”
É nessa hora que entra a sondagem? Tipo, quando acabar o contrato a gente conversa… “Isso. O primeiro contato do Flamengo com o Demétrius foi perguntar quando acaba o contrato com o Bauru. Ele respondeu ‘Está acabando agora’ e o Flamengo: ‘Podemos conversar?’. Assim que funciona. Eu sondo o jogador e passo o contato do agente para o Beto, que começa a negociação financeira.”
Topa matar a curiosidade de especulações do passado, se Bauru realmente negociou ou não? “Tá.”
Fúlvio. “Sempre!”
Danilo Siqueira, ano passado. “Esteve muito próximo. Esse menino tem um talento muito grande.”
Aquela história curiosa do Laprovittola, para inflacionar o mercado… “Foi uma sondagem.”
O trio do fim de Limeira: David Jackson, Ronald Ramon e Deryk. “Nunca houve conversa. O Deryk foi uma vontade, mas não houve nada, nenhuma negociação. Daquele time, o Rafael Mineiro, sim, tivemos a intenção de trazer.”
E sempre se falava de gringos famosos de times da América Latina. Trey Gilder, Marcos Mata, Justin Keenan… “Esses estrangeiros sempre foram tiro n’água. Nunca houve conversas.”
É outra realidade salarial? “Tem de tudo. Alguns dentro da realidade, mas em dólar não dá nem pra conversar.”
Shamell: sempre houve o fator Larry. Verdade que ele já se ofereceu para o Bauru? “Via Larry. Mas faz tempo. O Larry dizia ‘Vamos trazer o Shamell, quero jogar com ele.’ Aconteceu mais de uma vez. Eu conversei uma vez com o Shamell, acho que estava no Pinheiros. Ele perguntou quanto eu ia pagar, eu disse que não ia falar de dinheiro com ele naquele momento. ‘Então não vamos conversar’, ele disse. Levantei e saí. Mas hoje ele é um grande amigo, até brincamos sobre isso. Foi questão de montagem de equipe na época, não tenho nada contra. Mas eu não imaginava que ele ia roubar o Larry!”
Robert Day tentaram todo ano, até conseguir? “Foram vários anos seguidos. Boracini também, Valtinho, vários…”
O Day cativou demais, né? Ainda mantém contato? “Está no grupo de WhatsApp do time ainda! Converso bastante com ele. Dia desses ele jogou um campeonato de veteranos, deu show. Os filhos estão competindo, são esportistas natos.”
Se o Corinthians subir, essa conversa de seduzir os jogadores corintianos faz sentido? “Pode ser um critério de desempate entre propostas boas financeiramente e de qualidade das equipes. A camisa, jogar para a fiel, essas coisas… Mas não acredito que isso seja critério para jogador abrir mão de salário ou de qualidade de equipe. Pelo contrário, é segundo plano.”
Todo ano o Hettsheimeir fica em evidência, vira novela, mas o fator Bauru pesa. Será que dessa vez vai ser diferente? “É uma opção dele. Obviamente temos muito interesse, mas é uma questão de sobrevivência da equipe. Mais uma vez ele vai ter que avaliar a comodidade de estar instalado por aqui. O time vai fazer o máximo que estiver ao alcance para que ele permaneça.”
Ricardo Fischer e Jefferson William têm portas abertas no Bauru Basket ou ficou alguma rusga? “Os dois têm portas escancaradas. Nenhum jogador saiu de Bauru com as portas fechadas. O caso do Ricardo foi imaturidade na época. Mas é um moleque bom, esforçado. E craque de bola! Tanto com ele quanto com o Jé temos bom relacionamento, muita resenha. Teriam espaço no time sem sombra de dúvidas. Aí seria questão técnica e financeira. De resto, portas abertas.”
O Beto admitiu (ao Basquete 360) interesse no Lucas Mariano. E o ala francano Pedro, que também tem sido comentado? “Ambos são jogadores que têm espaço no Bauru, sim. Não vou falar sobre proposta, mas sem dúvida eu gostaria de ter no elenco.”
Mais uma vez o calcanhar de Aquiles da montagem do time será o ala 3 pontuador? “Não tem, né?”
O caminho será novamente um gringo? “Depende da montagem, das características do time. Mas o Jaú está se desenvolvendo para ser um pontuador. Se pudermos trazer um arremessador nato, ok, mas não é sangria desatada.”
O Gui Santos teve contrato renovado durante a recuperação, para se recuperar com tranquilidade? “Sim, está tudo certo.”
A história dele lembra a do Felipe Vezaro. Um enorme potencial atrapalhado por lesões. “Foram situações diferentes, mas infelicidade enorme de ambos. O Felipe também é um menino muito bom, esforçadíssimo. O Gui também. Ele é muito forte, um cavalo. Um mini Alex! Ele ainda vai jogar e muito bem pra gente. Ouvimos muita besteira, de que machucou de novo porque é fraco ou por cirurgia malfeita. Os exames estavam perfeitos, musculatura equilibrada. Foi uma fatalidade, levou uma pancada e estourou o ligamento. A expectativa é que possa voltar em alto nível, porque é um moleque talentosíssimo e muito forte fisicamente. ”
Por falar em moleque talentoso, eu torço muito pelo Stefano. Não há possibilidade de ele se naturalizar e assim abrir uma vaga de estrangeiro? “O pai dele trabalha nisso faz tempo. Existe uma regra do Mercosul de Residência Permanente que pode ajudar. Mas, independentemente disso, ele tem espaço no nosso time ainda. Depende da montagem do elenco. Se trouxermos dois armadores, nem ele vai querer ficar. Pela idade dele, precisa jogar. Mas é um menino em quem investimos faz tempo e já começou a dar resultado. E que tem um potencial muito grande. Está em desenvolvimento, um armador amadurece com 24 anos. Sem dúvida será um jogador de ponta.”
Mas uma saída não seria mais empréstimo? “Hoje ele é profissional. Já passou o momento da transição da base para o adulto. Vai depender da composição do elenco. Eu gostaria de contar com ele.”
A comissão técnica pensa no Gui Santos na posição 1 ou 2? “Dois-um. Segundo lateral ou terceiro armador, algo assim. Na formação do elenco, conta como um dos três armadores.”
Diante disso, tanto Anthony quanto Stefano ainda não dá para cravar a permanência. “Qualquer situação. A espinha dorsal do time ainda é pequena, três atletas. Esperamos ter novidades logo, fechar com alguns jogadores, justamente para ter tranquilidade nesse planejamento.”
A intenção é ir colando as figurinhas? Nada de anunciar pacotão e matar a torcida de ansiedade… “Isso. Ir completando o álbum o quanto antes!”