O faro de muitos noroestinos alertava: era um aventureiro. Com discurso polido, ganhou elogios aqui e ali, afinal, o que não falta ao noroestino é esperança. Aos poucos, entretanto, a interrogação sobre a capacidade de investimento de Fabiano Larangeira só aumentava.
Vindo de um clube amador de Santa Catarina (Curitibanos), onde também ficou poucos meses, o empresário tinha discretíssimo histórico no mundo do futebol, como o Canhota 10 publicou na ocasião do acerto da parceria.
A promessa, em contrato, de injetar R$ 130 mil mensais no Noroeste, a princípio parecia clara de que o dinheiro era proveniente de Larangeira, com suporte de algum investidor. Somente semanas depois é que foi revelado que ele seria um “captador de recursos”. Sem receita, o presidente Anis Buzalaf topou a empreitada. E ambos se iludiram ao achar que trazer jogadores experientes e um ex-jogador de Seleção Brasileira (Josimar) para um cargo figurativo seria suficiente para seduzir o empresariado local.
O ex-gestor ainda ganhou tempo ao tentar se aproximar da torcida Sangue Rubro, ao visitar a sede e prometer entrevista coletiva bombástica, que nem traque foi. Presidente e conselheiros o demoveram de fazer acusações, que hoje já não se sabe se teriam cabimento. Na ocasião, pediu trégua às notícias negativas na imprensa. E prometeu contratar assessores de imprensa e jurídico, o que não aconteceu. Prometeu ainda colocar os R$ 130 mil no dia 10 de agosto, em vão.
Após mais uma paralisação de funcionários, Larangeira foi cobrado e pediu 15 dias para o dinheiro aparecer. Prazo que venceria na próxima semana. Sem saída, afrontou a inteligência dos noroestinos ao anunciar jogo amistoso contra um grande paulista para o dia 3 de setembro, data impossível para o calendário de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo.
A gota d’água, dois dias após o sindicato dos atletas inspecionar as más condições de trabalho no complexo alvirrubro, deu-se nessa quinta-feira, quando o empresário agrediu o treinador Edinho Machado — segundo reportagem de Fábio Leopissi, da TV Tem, porque o técnico havia afastado jogadores trazidos pela cogestora FL Work and Sport.
Restou ao presidente Anis Buzalaf, apoiado pelo seu braço direito, o conselheiro Abel Abreu, e pelo presidente do Conselho Deliberativo, Toninho Rodrigues, desfazer o “contrato de captação de publicidade e outras avenças”, como consta no documento de distrato.
Depois de Larangeira…
Na coletiva, Abreu criticou o prefeito Rodrigo Agostinho por falta de ajuda e mencionou, equivocadamente, apoio de R$ 18 mil mensais da prefeitura ao Bauru Basket — na verdade, é o aluguel da Panela de Pressão, que diminui a dívida de IPTU do Noroeste; e o ginásio é usufruído por outras modalidades, como o vôlei feminino, além de sediar competições, como uma de tênis de mesa no último final de semana.
Já o presidente Anis Buzalaf avisou que estará na Batista de Carvalho no próximo sábado vendendo títulos de Torcedor Fidelidade. Ele acredita que Bauru tem capacidade de ter 4 mil torcedores contribuindo com R$ 50 mensais, o que seria bom, mas é uma utopia…
Enquanto isso…
O jornalista Rafael Antonio garante que há um grupo interessado em assumir o clube, desde que Anis Buzalaf renuncie à presidência. O mandatário acenou com essa possibilidade caso não surja dinheiro até o dia 30. Será?