Estou ensaiando este texto há algum tempo. Juntando argumentos, ideias… E também disposto a fazer um mea culpa. Sim, quem disse que a imprensa se comove mais com o basquete, tem razão. Quando o Bauru Basket quase fechou, lá em 2012, houve mobilização para sensibilizar o empresariado. Talvez porque o basquete realmente poderia desaparecer, enquanto sabemos, intimamente, que o Noroeste, centenário e teimoso, nunca vai morrer. Mas não importa. Para sobreviver, nosso Alvirrubro precisa de Bauru.
O Norusca precisa muito de uma força-tarefa para se reerguer dessa inacreditável quarta divisão. Não pode esperar mais, o momento de ser ajudado é agora. De todos os lados, de todas as formas, da mais singela contribuição ao aporte graúdo. A seguir, situações, sugestões, enfim, estou fervendo o cérebro pra fazer a minha parte. Noroestino, compartilhe à vontade esse texto se concordar e não hesite em comentar, discordar, acrescentar, colaborar.
A FORÇA DA TORCIDA
O Noroeste não morrerá exatamente porque tem uma torcida apaixonada. E engajada, que acompanha a vida do clube. Entretanto, na maior parte do tempo se resume a questionar em mídias sociais, um diálogo entre eles, de ótimo exercício do debate, mas de pouco efeito prático. Nas últimas semanas, entretanto, torcedores têm tocado nas feridas publicamente. Primeiro, a Sangue Rubro procurou a diretoria para conversar sobre a atual situação, entender a parceria com a Ferroviária e solicitar mais empenho no preço dos ingressos e no comércio dentro do estádio Alfredo de Castilho. E na última semana, um encontro muito positivo, convocado pelo ex-presidente Cláudio Amantini, que levou à sede do Jornal da Cidade torcedores, representantes das duas torcidas (Sangue e Falange), clamando ajuda da cidade e cobrando uma renovação do Conselho Deliberativo. Grandes passos que levam os dirigentes a saberem que, além de não estarem sós nessa luta de tocar o Norusca, não podem governar sozinhos. É preciso ouvir essas pessoas que vestem vermelho e branco.
A FORÇA DA TORCIDA (2)
Já venho falando isso desde 2012, sugerindo que torcedores se organizem para criar uma associação. Ótimo exemplo existe: a Associação Cresce, Xavante!, grupo de torcedores que já realizou várias melhorias na estrutura do Brasil de Pelotas. Eles, inclusive, têm autorização para vender produtos oficiais. E toda a receita só tem um destino: melhorar o time de coração.
Por aqui, o pessoal anda desconfiado em colocar dinheiro na mão do Noroeste — com razão, sobretudo depois do desastroso ano de 2013 –, mas muita coisa mudou pra melhor de lá pra cá. E creio que basta repassar o bem, ao invés de passar valores. Tudo registrado, com nota, prestação de contas e transparência. Claro que não é fácil criar CNPJ, nesse nosso Brasil burocrático. Mas quem sabe um mutirão com um noroestino contabilista, outro alvirrubro advogado, um empresário bem-sucedido na gestão, etc, a turma não consegue se organizar? E a própria turma de Pelotas pode dar dicas do caminho das pedras. Visite o site, veja que beleza que eles estão fazendo.
VAQUINHA
Outro dia, durante o Giro Esportivo, da 87FM, o comentarista Roberto Maldonado revelou a intenção, idealizada junto ao grande noroestino Pavanello, de reunir torcedores para contribuírem com R$ 50 mensais e tal dinheiro ajudasse a pagar salários do elenco para a Bezinha, por exemplo. Dinheiro carimbado, repassado ao clube sob contrato e com prestação de contas de como foi gasto. Não acho má ideia. Mostra a força dos torcedores, que já foram subestimados mais de uma vez em encontros do Conselho Deliberativo. Não sei se conseguiriam mil. Uns são contra, outros a favor. Mas trezentos já dariam R$ 15 mil… E a diretoria não seria burra de negar uma ajuda tão apaixonada. Se a ideia vingar, meu cinquentão estará garantido.
EMPRESARIADO, CHEGOU A HORA
Não vale, hoje, aquela afirmação de que a empresa não patrocina o clube porque não confia na mão de quem está dando o dinheiro. Podem questionar os vacilos de gestão de futebol que culminaram com a queda para a quarta divisão, mas a austeridade nas contas do clube é fato. Não há salário atrasado, os funcionários voltaram a ter dignidade. A grana está curtíssima, mas, usando um termo popular, o Noroeste está pobre, mas está limpinho.
A Unimed tem quase que uma obrigação moral de ajudar o Noroeste. Disse não em 2013, porque seu Conselho resolveu não investir no esporte — tanto que estava fora do Bauru Basket na época. Entretanto, hoje é apoiadora do Dragão e do Vôlei Bauru. Poderia, no mínimo, fazer uma permuta com planos de saúde para jogadores (sobretudo exames e eventuais cirurgias) e a obrigatória ambulância em dias de jogos. Se o plano da empresa é CUIDAR DE BAURU, porque não socorrer o Noroeste DE BAURU?
Penso que o empresário Toninho Gimenez, por mais que já faça a sua parte, poderia disponibilizar pelo menos um outdoor de sua empresa Bauru Painéis para exibir uma propaganda do clube. Se tiver uma na beira da Rondon, da Jaú-Ipaussu, melhor. Aquelas peças publicitárias de autoestima, do tipo “Bem-vindo a Bauru, a cidade do Noroeste” ou “Torça para o time da sua cidade”. Quem passa por Osasco, na Castello Branco, vê um monte de placas assim com o escudo do Grêmio Osasco Audax.
Outro parceiro que já faz muito pelo clube, mas pode fazer mais, é o Jornal da Cidade. Explico: porque não oferecer, em contrapartida a quem apoiar financeiramente o Norusca, uma publicidade de rodapé nas matérias sobre time? Cada dia o logo de uma empresa. “A empresa X apoia o Noroeste”. Centimetragem modesta, nada que vá tomar dinheiro do departamento comercial do jornal. Pelo contrário, cria mais contatos. Este modesto Canhota 10 já se disponibiliza a fazer o mesmo no rodapé de seus textos. Alô diretoria, basta me passar a lista das empresas apoiadoras que já começo! Alguns milhares de pageviews por mês essas empresas já garantem. E outros veículos de imprensa podem fazer o mesmo!
CRIATIVIDADE = FONTE DE RECEITAS
As ideias a seguir não são todas minhas. A maioria, aliás, é compartilhada há bastante tempo em conversas entre noroestinos. Hoje, o clube ganha uns trocados com o estacionamento alugado para o pessoal dos Correios, que trabalha ali perto, e guardando carros em jogos do Bauru Basket. Mas há outras tantas formas de faturar:
– Cobrar estacionamento nos jogos do Norusca também. Há bastante espaço para explorar. Valor simbólico, para não repelir a turma. Cincão está de bom tamanho.
– Gerir os alimentos e bebidas vendidos nos jogos do clube, pois os preços cobrados por terceirizados têm sido abusivos. Se a logística for complicada e o melhor caminho for mesmo terceirizar, que se feche parceria com alguém que aceite um teto razoável, sem cobrar um absurdo por uma garrafinha d´água. O grande noroestino do Uau Uau Lanches, que já tirou tanto dinheiro do bolso para expor sua marca e ajudar o Norusca, poderia permutar o apoio em preços acessíveis, por exemplo.
– Vender produtos oficiais. Bonés, chaveiros, adesivos, canecas… Há o custo de produção? Sim. Aí entra a permuta (ou um bom desconto) com empresas de brindes. E dá-lhe marca no muro do clube e em qualquer peça de divulgação — novamente contando com a imprensa para divulgar as marcas apoiadoras do Alvirrubro.
– Intensificar o rastreamento de jogadores formados no clube ou que jogaram nele até os 23 anos, para se beneficiar do mecanismo de solidariedade da Fifa.
– Por mais louvável que seja a austeridade, é preciso trazer pelo menos um medalhão. Que tenha boas condições de jogo, claro, mas que gere mídia espontânea e traga apoiadores. Veja o caso do atacante Muller, contratado com 49 anos (!!!) pelo Fernandópolis. Vão falar muito do Fefecê. Como falaram do Tanabi nos últimos anos por conta de Túlio Maravilha e Cabañas — e a camisa deles estava lotada de marcas locais.
UMA FORÇA DO PODER PÚBLICO
Por mais que a lei seja ingrata com um clube profissional, o prefeito Rodrigo Agostinho e os vereadores podem usar mais de suas influências para ajudar o Norusca. Sejamos justos: Rodrigo ajudou a costurar o acordo para o aluguel da Panela de Pressão; Sakai fez o fundamental contato com a Tel; Fernando Mantovani doou material de construção em 2013; Telma Gobbi trabalhou voluntariamente como médica em uma partida da base; Faria Neto faz apelos em seu programa na TV Preve. Bons exemplos, mas o Vermelhinho precisa de mais!
É PRECISO COMUNICAR DIREITO
A grana está curta, mas contratar um assessor de imprensa faz toda a diferença. Desfaz mal entendidos, uniformiza a informação e ajuda a aumentar a visibilidade do clube, sobretudo em veículos de fora. Outro ponto crucial: ter de fato um olhar para o marketing. Não aquele marketing com ideias mirabolantes que não vingam. Muito menos que dependa de investimentos da diretoria, que não tem como colaborar — o último profissional que passou por lá, Marcos Cafeo, pregou no deserto, não teve suporte, difícil até avaliar seu trabalho. Se o clube conseguir pelo menos ter um site e uma fanpage no Facebook oficiais e atualizados, já será um bom caminho.
No campo das ideias é tudo muito bonito, eu sei, mas o momento é agora. Repito: o Noroeste não pode mais esperar. Se precisar de espaço para fazer apelo ao empresariado, o Canhota 10 está à disposição e estou certo de que outros veículos também.