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Análise tática: como joga o Noroeste de Sangaletti

CANHOTA 10 ilustra como foi o comportamento tático do Noroeste na vitória sobre o São Carlos

retranca-ECNQuando o jogo começou, de cara enxerguei o novo Noroeste num ousado e clássico 4-3-3. Até na numeração: ponta-direita com a 7, ponta-esquerda com a 11, coisa linda. Até ouvir a entrevista pós-jogo, quando o técnico Sangaletti comentou que começou a partida no 4-4-2. Ele quem escalou, então não há discussão. E revisitei a memória visual para ver Juninho Bueno, pela esquerda, um pouquinho mais recuado — recompondo mais — do que Bruno Rodrigues, pela direita. Como você pode conferir na imagem abaixo:

O 4-4-2 de Sangaletti: Juninho Bueno compondo o meio
O 4-4-2 de Sangaletti: Juninho Bueno compondo o meio

A faixa mais clara é para o(a) leitor(a) identificar o setor de meio-campo, separando o campo em três setores. Esse 4-4-2 também pode ter uma variação com Juninho e Bruno recuando, deixando Diego Iatecola e Gabriel Barcos na frente — Diego praticamente não volta para defender, daí uma prova de como o treinador aposta nele como goleador do time, que estará sempre próxima à area de ataque.

Agora, observe a foto lá do topo. O Norusca estava sendo atacado pelo São Carlos e tinha quatro (quatro!) jogadores lá na frente. Loucura? Não, porque eles acabaram segurando toda a linha defensiva do adversário. Provando a variação tática para diferentes situações de jogo, confira abaixo como a equipe defendeu em 4-2-4 para partir para o contra-ataque:

Quarteto da frente segura a marcação e está pronto para receber o contra-ataque
Quarteto da frente segura a marcação e está pronto para receber o contra-ataque — DESSA FORMAÇÃO SAIU O GOL DA VITÓRIA

Outro desenho, uma bola que o colega Lucas Rocha (Auri-Verde), que acompanhou presencialmente toda a preparação noroestina, cantou-me antes: o avanço em 3-4-3. De fato: Jonatas Paulista ficou em alguns momentos na proteção à zaga, os laterais subiram e Maicon avançou um pouquinho, pela qualidade no passe. Fechando o quarteto do meio, Diego fez o ponta-de-lança como ligação ao trio de ataque:

Jonatas foi o cão de guarda à frente da boa dupla de zaga alvirrubra
Jonatas foi o cão de guarda à frente da boa dupla de zaga alvirrubra

Por fim, a variação mais cautelosa que Sangaletti foi obrigado montar em alguns momentos do jogo: o 4-5-1, deixando apenas Gabriel Barcos fixo no ataque. Quando o São Carlos percebeu e colocou um homem entre as linhas de defesa e meio, o treinador plantou Jonatas, formando o famoso desenho do 4-1-4-1.

O 4-5-1 de Sangaletti: variação defensiva do 4-4-2 inicial, com o recuo de Bruno Rodrigues
O 4-5-1 de Sangaletti: variação defensiva do 4-4-2 inicial, com o recuo de Bruno Rodrigues

Resumindo essa salada de números: para a primeira partida oficial desse time, o que se viu foi muita aplicação tática, fruto das semanas de trabalho. Para executar esse plano de jogo, é preciso fôlego. Por isso, a aposta em jogadores jovens ou naqueles que, mesmo um pouco mais experientes, ainda têm grandes sonhos e se doam em campo. E orientados por um treinador novo, cheio de ideias e igualmente buscando os holofotes. Tomara que essa liga perdure pelas próximas 18 rodadas.

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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