Desde que foi confirmada a tão esperada final entre Liverpool e Flamengo, amigos me perguntaram qual o palpite para a partida deste sábado. Algo tão difícil para esse embate de realidades diferentes que preferi manifestar um desejo: quero que dê jogo, respondi. Que não fosse ataque europeu contra defesa sul-americana. Que o clube brasileiro mantivesse o estilo que caracterizou sua temporada mágica, atuando de forma franca contra o poderoso campeão da Champions. E assim foi.
A posse de bola foi equilibrada (52% para o Flamengo) e por alguns momentos (na segunda metade do primeiro tempo e início do segundo) o campeão da Libertadores teve o domínio do jogo. Situações que provocaram a prorrogação. Vale destacar, entretanto, que o Rubro-negro não conseguiu fazer Alisson trabalhar. Foram apenas duas finalizações (de pouco perigo) no alvo do goleiro da seleção brasileira.
Por outro lado, Diego Alves foi providencial mais de uma vez, porque sofrer com o poderoso trio do ataque inglês (Salah, Firmino e Mané) era uma certeza. Pela franqueza do Flamengo, sua defesa ficou exposta à velocidade de Mané, como no lance que o VAR corrigiu um pênalti marcado e na jogada do gol de Firmino na vitória por 1 a 0. Salah, o pior em campo dos três, levou bola de ouro do torneio por mera bajulação da Fifa.
Liverpool mereceu, Fla impressionou
O bom embate que Liverpool e Flamengo ofereceram ao público é o melhor legado deste Mundial, pela oportunidade de forças de universos diferentes medirem forças. Que a competição é superestimada pelos sul-americanos e esnobada pelos europeus, já sabíamos. Mas os mais atentos do Velho Mundo não se esquecerão do que Bruno Henrique fez em Doha e do que Jorge Jesus é capaz. E é simplório definir a derrota pela sua opção em substituir Arrascaeta e Everton Ribeiro, duas tentativas do treinador de dar fôlego a uma equipe nitidamente desgastada, mas sem mexer na estrutura de proteção à zaga (ao abrir mão de colocar Diego no lugar de Gerson, por exemplo).
Não é necessário recorrer a clichês como “caiu de pé” e o Flamengo esteve longe de ser “campeão moral”. O Liverpool mereceu o título, foi melhor em campo, mas contra um adversário que jogou bola.
Foto: Alexandre Vidal/Flamengo