Por Renato Diniz
A etapa de Las Vegas da Fórmula Indy acabou manchada por uma tragédia – a morte do campeão de 2005, Dan Wheldon. Isso me faz pensar o quão insensato é usar o termo “tragédia” para falar do Maracanaço de 1950 ou da eliminação do Brasil para a Itália, em 1982. São derrotas tão comuns ao esporte e que nada se assemelham ao uma morte.
O acidente está entre a falta de segurança e a fatalidade. O destino no fato de a batida ter vitimado justo o piloto convidado, que estava no fundo do grid. Mas por mais que existam proteções na mureta no circuito oval, e por mais que os carros obedeçam parâmetros de segurança, o mega-acidente envolvendo quinze carros poderia ter matado outros pilotos. Basta dar uma olhada nas imagens para perceber isso.
A Fórmula Indy é muito insegura. É o que comprova o saldo de morte de 1999 para cá. Greg Moore, Paul Dana, Tony Renna e Gonzalo Rodrigues perderam suas vidas, os três primeiros em circuitos ovais. No comparativo inevitável com a Fórmula 1, de 1994 (quando morreram Senna e Roland Ratzenberger no mesmo fim de semana) para cá, nenhum piloto morreu.
Depois do Grande Prêmio de Imola, pilotos, torcida e organizadores ficaram sensibilizados pela morte de Ayrton Senna. Foi preciso um fim de semana trágico, com a morte de um tricampeão, para que medidas de segurança fossem imediatamente tomadas.
Não se pode dizer que a categoria comandada pela FIA seja à prova de fatalidades. Por muito pouco – pouco mesmo – Felipe Massa não perdeu sua vida na Hungria em 2009, e em muitos outros acidentes um detalhezinho, como uma mola ou um pedaço de carro voando, poderia encurtar a carreira de algum piloto.
Mas não é o acontece na Indy. Não são detalhes. Os carros correm em circuitos inclinados, o que os torna uma flecha em potência contra o muro se alguma coisa der errado. A velocidade passa de 330 km/h e mais de trinta carros dividem a pista em infinitas relargadas.
Critica-se o exagero de regras da F1, responsável por tornar as corridas chatas, o que realmente aconteceu em 1996 e 1997. Mas isso se deu por causa de vários fatores e basta lembrar que 2011 teve corridas espetaculares e nenhum acidente mais grave.
Espera-se que a morte de piloto prestigiado sirva de lição para o automobilismo norte-americano pisar no freio.
Para homenagear a carreira do piloto inglês Dan Wheldon, fica a frase/trocadilho que seus engenheiros gritavam quando ele vencia corridas: “Well done!” (Bom trabalho!).
Renato Diniz é estudante de jornalismo da Unesp/Bauru, estagiou na 94FMm e hoje comanda o Vanguardão da rádio Jovem Auri-Verde
Uma resposta em “Dan Wheldon”
Há alguns anos um fiscal morreu na F1 depois de ser atingido por um pneu que se soltou, na época já era obrigatório o uso daqueles cabos, mas eles raramente funcionavam, e as mudanças de segurança não foram imediatas, o HANS por exemplo que foi desenvolvido para evitar a fratura cranio-basal, muito comum no automobilismo, e motivo da morte de Ratzemberger só foi adotado pela categoria 8 anos depois, agora dizer que a F1 teve corridas espetaculares este ano você forçou muito a barra.
Até pouco tempo, o grid da Indy era limitado em 26 carros, com exceção das 500 milhas de Indianápolis, que por tradição e extensão do circuito sempre teve 33. A velocidade passa até bastante dos 330, a média num autódromo como o LVMS é 220 mph, os antigos carros da CART, da época do Fittipaldi chagavam a passar das 250 mph. Vegas seria a grande corrida do ano, e antes mesmo de começar já tinha virado um fiasco, e acabou como vimos, na verdade, para as estatísticas do campeonato, a corrida nem existiu. A Indy precisa é rever muita coisa, a começar pela permanência de Randy Bernard e Brian Barnhardt, responsáveis pela insanidade de colocar 34 carros num oval de 1,5 milha. A categoria nasceu num oval há 100 anos, e deve continuar correndo em ovais, se for pra deixar os ovais que estacionem os carros e fechem as garagens de uma vez.