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Agora sim! Mano assume a Seleção

Depois de dois anos e meio de Corinthians, treinador aceita o convite da CBF. O que esperar de seu ‘mandato’?

A sexta-feira negra da CBF merece um texto à parte, bastante reflexivo, que ainda será publicado aqui no Canhota 10. Inclusive assumindo, como imprensa que é, que o jornalismo esportivo comeu uma barriga enorme, fruto da ansiedade, do empirismo. Por agora, vamos ao novo técnico da Seleção Brasileira.

O sim oficial veio na manhã deste sábado, 24 de julho, na sala de imprensa do Corinthians. Acompanhado do diretor Mario Gobbi e de emocionado, irônico e engasgado Andrés Sanchez, Mano Menezes limitou-se a pronunciar que aceitou o convite de Ricardo Teixeira, após ouvir o projeto, fazer alguns questionamentos. Disse não ser de recusar grandes convites, grandes desafios. Sinceramente, não vi uma cutucada em Muricy Ramalho. Vi um homem sem sorriso amarelo, sem constrangimento por ter sido a segunda opção. Com postura calma e fala pausada, mostrou segurança ao assumir esse desafio gigantesco: o de não permitir que a Taça Fifa saia do Brasil em 2014.

Anúncio feito, o que esperar de Mano Menezes? Primeiro ponto a favor, pelo menos comparando-o com Dunga: é treinador com anos de estrada, domina o ofício, lida bem com a imprensa – um destempero aqui, outro ali, nada demais. Pesam contra desconfianças de ser treinador intimamente ligado a empresários, sobretudo Carlos Leite – detalhes do submundo do futebol que raramente emergem, deixando uma eterna interrogação.

Gaúcho, ex-jogador de defesa… retranqueiro? Nem tanto. Escalou um ofensivo Corinthians em 2009, com Douglas e Elias na armação e um trio de ataque: Jorge Henrique, Dentinho e Ronaldo. Isto é: tendo bom material humano em mãos, sabe fazer um time jogar – tanto que, depois da saída de Douglas, pouco apostou nesse esquema. Dá até para imaginar um quarteto ofensivo, então, com Ganso chegando, Neymar e Robinho pelos lados e Pato na área, por exemplo. Só exemplo… Comecemos pela convocação de segunda, apenas jogadores que atuam no Brasil. Será a primeira pista de como conduzirá seu trabalho.

Mano já conta com a simpatia da massa corintiana, que já imagina muitos jogadores alvinegros na convocação. Sinceramente, até mesmo por causa da preferência pela molecada que a CBF condicionou ao novo treinador, somente Elias é selecionável. Dentinho? Talvez. Jucilei? Ainda não. E não passa disso. Bruno César? Menos, galera…

Garantia de Mano será o treinador em 2014? A CBF ainda não se pronunciou a respeito, só fala em projeto, projeto… Mas nenhum projeto que envolva 2014 está com uma cara boa, até o momento… Somente no campo, com resultados, é que o técnico irá conquistar seu espaço no próximo Mundial. Levando em consideração sua recente trajetória de dois anos e meio de Corinthians, sabe como sobreviver num cargo, apoiado em bons resultados – e nem a eliminação da obsessiva Libertadores o derrubou.

Eu preferia Luxemburo, pelo estilo de jogo, apesar de todos os pesares extracampo. Via em Muricy uma boa escolha, porque futebol de resultados não é uma coisa da qual ele tenha que se envergonhar. E não vejo nenhum bicho de sete cabeças ver Mano com o uniforme da CBF. Seria assustador contar com Joel Santana, aí sim…

Boa sorte, Mano!

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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