Dez dos 12 grandes clubes brasileiros já ganharam a Libertadores. Faltam apenas Botafogo e Fluminense. O dia de glória deles pode chegar. Afinal, os últimos campeões, Corinthians (2012) e Atlético Mineiro (2013) carregavam uma sina tão grande que suas conquistas pareciam inimagináveis. Mas são clubes poderosos, de massa, chegaram lá.
Falamos da glória. Cheguemos à outra ponta. O inferno. Sete dos 12 grandes já foram rebaixados no Campeonato Brasileiro. Faltam sentir esse gosto amargo: Cruzeiro, Flamengo, Internacional, Santos e São Paulo. Todos, menos o Tricolor paulista — ou pelo menos não me recordo –, já escaparam em rodadas finais, flertaram seriamente com a segundona. Cedo ou tarde, o dia deles também chegará.
E o São Paulo, exatamente o time que me falha a memória vê-lo sofrendo no fundo da tabela, hoje corre sérios riscos de cair. Impensável até outro dia ver o estruturado e moderno clube paulistano numa situação dessas. Creditava-se o hegemônio tricampeonato nacional e 2006 a 2008 por causa da organização. Mas esse modelo, esse exemplo, se foi. A boa estrutura segue, mas a política está em ruínas. Quando Juvenal Juvêncio resolveu virar ditador. Quando o hábito de acreditar no trabalho de longo prazo de treinadores deu lugar ao preguiçoso exercício de demitir. Quando as contratações, antes pontuais e certeiras, ficaram numerosas e equivocadas.
Erros nada diferentes do que o dos outros clubes. É que tudo era certinho demais no São Paulo e beirou a arrogância. Agora, justamente na reta final da incontestável gloriosa carreira de Rogério Ceni, um golpe desses. É cedo, dá tempo de o capitão e seus colegas salvarem a campanha tricolor. Mas, desde que todos aprendam lições. Até porque, não é preciso cair para arrumar a casa. É o jeito mais dolorido, funciona (vide o Corinthians pós 2007 que ganha tudo hoje), mas não precisa ser assim.
Do mesmo jeito, sobreviver na elite não é sinônimo de eficiência. O endividado Flamengo está aí como a maior prova, com um título em 2009 que foi uma bela exceção em meio a sufocos em campo durante décadas de amadorismo na gestão de seu futebol.
Dá tempo, São Paulo. Mas tem faxina pela frente, com ou sem queda.