(3/10) Provavelmente seja André Cruz o culpado pela minha admiração por canhotos. Os primeiros personagens da minha lista dos dez jogadores que influenciaram meu gosto pelo futebol tiveram uma função de despertar. Zico, a entidade que desfilou no primeiro jogo que assisti na vida. Bebeto, a figurinha premiada, o protagonista do futebol brasileiro naqueles meses iniciais da minha descoberta boleira.
Não tinha ouvido falar de André Cruz até ele fazer aquele gol de falta na vitória em amistoso contra a Itália, em outubro de 1989 (assista abaixo). Daqueles gols que marcam a carreira do jogador para sempre. O italiano Zenga, então considerado o melhor goleiro do mundo, sequer se mexeu. Desde então gols de falta são os meus prediletos — e me entristece ser um recurso raro atualmente.
Na época, o zagueiro estava no álbum do Campeonato Brasileiro com a camisa do Flamengo, mas só foi estrear pelo clube em 1990 — estava numa disputa que ainda envolvia Ponte Preta e Vasco. Por conta disso, não tenho lembrança dele como jogador rubro-negro. E logo foi para o exterior, e naquela época era mais difícil de acompanhar. Isso mexia com minha curiosidade: como está aquele beque habilidoso? Continua fazendo gols de falta? Costumava revê-lo quando atuava pela seleção — raramente foi titular e finalmente beliscou uma vaguinha na Copa de 1998.
André Cruz fez carreira de respeito no futebol belga e italiano (Napoli, Milan e Torino) e se tornou ídolo no Sporting, de Portugal. Na volta ao Brasil, jogou por Goiás (quase ganhou a Bola de Prata de 2002) e Internacional (campeão gaúcho). Cada aparição dele retinha minha atenção. Conto nos dedos jogos seus que assisti, mas todos eles com brilho nos olhos. Hoje, mato a saudade do que não vi com leituras e vídeos. Bendita tecnologia.