Por João Francisco Tidei de Lima
O OUTRO DUDU
O Palmeiras, como se viu, peitou São Paulo e Corinthians e ganhou a parada para trazer um tal de Dudu, com passagens pela Ucrânia, Grêmio de Porto Alegre, etc. Se esse cara jogar pelo menos a metade do que jogava o outro Dudu, cerca de 50 anos atrás, o Verdão terá fechado um grande negócio.
Olegário Toloi de Oliveira, apelido de Dudu, saiu de Araraquara para desembarcar no Parque Antarctica, aos 25 anos, em 1964. Escalado como volante, formou dupla com o meia Ademir da Guia durante dez anos. Como aparece na foto acima, em pé, a partir da esquerda, Eurico, Leão, Luís Pereira, Alfredo, Dudu e Zeca; agachados, Edu, Leivinha, César, Ademir da Guia e Ney. Formação de 1973.
Colecionou títulos regionais e nacionais, além de representar, com o seu Palmeiras, a Seleção Brasileira na inauguração do Mineirão em 1965, vitória de 3 a 0 contra o velho rival, o Uruguai.
INÍCIO NA FERROVIÁRIA
Aquele Dudu, do imortal Palmeiras começou a carreira na inigualada Ferroviária, de Araraquara. Cidade-sede da saudosa Estrada de Ferro Araraquarense. Seguindo o exemplo dos colegas de Bauru, Campinas, Sorocaba, Botucatu e Assis, os ferroviários de Araraquara, à altura de 1950, resolveram fundar um clube de futebol, a Associação Ferroviária de Esportes. Hoje, nas divisões de baixo, como o E.C. Noroeste, a Ferroviária chegou à Primeirona em 1955, logo impôs respeito revelando jogadores e desafiando os grandes na classificação geral.
Conquistou um honroso terceiro lugar no Paulistão de 1959, vencido pelo Palmeiras. Quando também enfrentou o Corinthians, diante do maior público da história do extinto Parque São Jorge. Os 32.419 pagantes presenciaram a vitória – 2 a 0 – do Alvinegro, com lances como o da foto abaixo: defesa do goleiro Rosan, assediado pelo corintiano Joaquinzinho e protegido pelo médio Dudu. Apitou o jogo Stephan Walter Glanz, da Federação Paulista de Futebol.
João Francisco Tidei de Lima é historiador e professor universitário aposentado — passou pelos campi da Unesp de Assis e Bauru e pela USC. Possui especialização no Institut Européen des Hautes Études Internationales, da Universidade de Nice, na França. Organizou o arquivo do Museu Ferroviário de Bauru. Com experiência como radialista, é autor do livro ‘Alô, Alô, ouvintes: uma história do rádio em Bauru’.