A frase já ficou batida, mas é válida sim. Lance-livre ganha jogo — e perde também. Cada erro, um pontinho precioso desperdiçado. E esse fundamento virou um ponto de atenção no Gocil Bauru nesta temporada. Acendi o alerta quando vi o escaute da derrota para o Flamengo, na estreia do NBB 9, que apontou 11 tiros livres desperdiçados (aproveitamento de apenas 60,7%, bem abaixo da média histórica do Dragão). O dono do melhor percentual do time, Alex Garcia, foi quem mais errou, algo sintomático.
Para não ficar só na percepção, debrucei-me nos números para mostrar que o sinal amarelo está mesmo aceso. A exemplo do que fiz em outra recente análise, reuni três momentos: o histórico no NBB, o NBB 8 e o Paulista 2016. Importante destacar que as médias do time foram contabilizadas no universo dos 12 principais jogadores do elenco — e não cheguei a elas somando e dividindo por 12, claro; dividi o total de lances-livres acertados por eles pelos tentados (sou um raro jornalista bom em matemática, rs). Como curiosidade: é um universo de mais de 6 mil chutes, uma amostragem e tanto. Veja a tabela (em %):
jogador | histórico NBB | NBB 8 | Paulista 2016 |
Gui Deodato | 69,8 | 73,9 | 62,5 |
Shilton | 55,0 | 61,6 | 57,4 |
Léo Eltink | 83,3 | 83,3 | 73,2 |
Valtinho | 80,2 | 78,7 | 77,4 |
Alex Garcia | 79,7 | 79,6 | 86,5 |
Jefferson William | 80,1 | 79,1 | 75,6 |
Maicão | — | — | 53,7 |
Gegê | 74,2 | 80,0 | 85,5 |
Gui Santos | 58,3 | 58,3 | 52,4 |
Léo Meindl | 72,6 | 72,7 | 73,2 |
Gabriel Jaú | 50,0 | 50,0 | 50,0 |
Rafael Hettsheimeir | 81,7 | 82,4 | 76,0 |
TIME | 74,0 | 75,7 | 70,9 |
Perceba que a coluna mais à direita, a do Paulista, é a que mais reúne números vermelhos, que representam o pior percentual de cada um. O do time, inclusive. “Ah, mas o Paulista tem nível inferior, BH!”. Lance-livre é lance-livre, no Madison Square Garden ou na quadra do meu prédio. É você, a bola e a cesta. Um alento: na oitava edição do NBB, o aproveitamento da maioria supera o histórico na competição. Então, é torcer para a mão ficar mais quente à medida que aumentar o ritmo de jogo — além de muito treinamento, obviamente!
O Dragão entra em quadra daqui a pouco, contra o Macaé, pela segunda rodada do nacional — às 20h, na Panela.
Fotos: João Pires/LNB e Caio Casagrande/13 Comunicação/Bauru Basket