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Bauru 2, Flamengo 2: uma tarde de recados

Vitória no jogo 4 sobre o Flamengo dá pistas sobre o caminho da vitória do Bauru na finalíssima do NBB

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(Direto de Marília) Desta vez não foi um palco totalmente artificial. A torcida fez um barulho danado, despertada por uma energia que veio de dentro da quadra: o Paschoalotto Bauru jogou de testa franzida, contagiou a arquibancada e moeu o Flamengo no jogo 4 da final o NBB 8, vencendo por 94 a 81, fora o baile. Por mais que os jogadores rubro-negros tenham minimizado a polêmica da bola presa do jogo 3 como combustível para o duelo em Marília, é fato que os guerreiros bauruenses estavam com sangue nos olhos desde o primeiro quique da bola — e confirmaram isso nas entrevistas pós-jogo. Essa agitada peleja deixou vários recados para ficarmos atentos no jogo 5 (dia, 11, 14h10, na Arena Carioca 2), a conferir:

DRAGÃO VOANDO
Cada jogo é um jogo, e quem for mais eficiente na partida decisiva vai levar com merecimento. Mas o Bauru chega mais confiante após o passeio no jogo 4. Primeiro, porque está emocionalmente mais focado: não fez chilique no jogo 3 (preferiu o silêncio) e não entrou na pilha rubro-negra no último sábado. Segundo, porque tem levado a melhor no duelo tático, criando muitos problemas ao Flamengo com sua artilharia pesada no perímetro; em resumo, se a cabeça continuar no lugar e a mão estiver quente, o Dragão leva vantagem.

O PESO DE MEINDL E MURILO
De Léo Meindl e Murilo depende o sucesso bauruense. Não necessariamente na pontuação (no jogo 4, somaram apenas nove), mas numa minutagem produtiva nos movimentos defensivos e, sobretudo, para manter elevado o nível de confiança do time enquanto titulares descansam. A cravada de Meindl no segundo quarto e o prego de Murilo no último período — ambas na cabeça do astro adversário, Marquinhos — foram o ápice de confiança dos guerreiros na partida.

jogo4-jeQUARTETO VOANDO E…
Alex, Day, Jefferson e Hettsheimeir estão, nesta série final, com números acima de suas médias na temporada. Nas primeiras quatro partidas finais contra o Flamengo, o quarteto tem média de pontos em dois dígitos: Brabo (14), Roberdei (13), Jé (16,2), Canela (18,2). Outras pistas interessantes do quanto estão com sangue nos oio (falando sempre em médias da série final): Alex tem 4,2 assistências, Jé 43% nos triplos e 9,7 rebotes e Hett 8,2 rebotes. Mas dado impressionante é o aproveitamento de Day nos chutes de fora: 81,8%! Só na boa, o camisa 31 chutou onze bolas e converteu nove. Não à toa o chamo de Especialista.

jogo4-paulinho… O FATOR PAULINHO
Concordo com o que disse o colega Fábio Balassiano em seu mais recente podcast: Paulinho pode ser o jogador decisivo para uma eventual conquista bauruense. Ele foi mais efetivo nas partidas que o Dragão venceu. E ficou devendo nas que perdeu. Na série, até aqui, tem sido regular na distribuição do jogo, com média de 5,7 assitências, número bem superior que sua média em todo o NBB 8 (2,2).

jogo4-demaDEMÉTRIUS ESTÁ COM O ELENCO NAS MÃOS
O nome do treinador é citado muitas vezes pelos jogadores em suas entrevistas. “Vamos ver o que o Demétrius vai pedir no intervalo”, “Executamos o que o Demétrius pediu”, “Confiamos no trabalho do Demétrius”, etc, etc. É nítido, ele ganhou o grupo, que joga por ele. Há uma cena simples, mas simbólica, que aconteceu no terceiro quarto e explica essa empatia: com as mãos molhadas e prestes a cobrar lance livre, Alex Garcia enxugou-as nas calças do chefe!

ALÔ, LIGA!
Semana decisiva para a credibilidade do Novo Basquete Brasil. Uma Liga tão organizada, mas que ainda escorrega. Que não puniu Chiconato com o rigor necessário (o árbitro que errou a bola presa do jogo 3 já apitou decisão da Liga Ouro…). Que preferiu o silêncio em suas mídias oficiais no lugar de se posicionar fortemente a respeito das polêmicas ocorridas até aqui — não importa se ela, Liga, errou ou se foram os clubes, pois a Liga é a somatória dos clubes… E por isso mesmo, agora tem a obrigação de reunir Flamengo e Bauru numa sala e falar grosso: não manchem esta decisão, joguem bola, deixem os árbitros trabalharem. Comissões técnicas principalmente. A do Flamengo, sobretudo. Não é implicância, é realidade: quem acompanha o NBB de perto sabe que Ricardo Machado é personagem marrento à beira da quadra desde sempre, o episódio gerado por ele foi só a gota d’água, o minutinho de fama para o irmão do Marcelinho — o que não justifica a provocação do torcedor de laranja nem a truculência da segurança, pondere-se. Quem perder, que aceite humildemente a prata, sem tumultuar. O Brasil já tem maus perdedores demais…

 

Fotos: FotoJump/LNB

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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