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Bauru Basket: guerreiro por um dia (parte 2)

Ouvindo instruções de Guerrinha: perceba meu tamanhão ao lado do Gui

A essa altura, meu corpo está todo dolorido. Até os dedos da mão direita, acredite. E olha que não sou sedentário, mas cada esporte tem seus movimentos específicos e músculos que são mais exigidos. Antebraço, bíceps… tudo zoado. Não à toa, ao fim do dia os jogadores costumam aplicar gelo no braço, no joelho…

Mas sigamos com o relato do meu dia treinando com o elenco do Paschoalotto/Bauru. A reação dos guerreiros. Entre um e outro olhar de espanto, fui bem recebido. Luquinha foi o primeiro a me cumprimentar. Ele estava com uma inflamação no braço e se restringiu a exercícios para as pernas, instruído pelo fisioterapeuta Rogerinho Lourenço. Como contei antes, Pilar brincou comigo de cara. Ao final do treino, pedi a ele uma avaliação.

“Treinou bem, mas esse seu arremesso pode machucar… Bola na cabeça, outra passando rente ao meu nariz… Fiquei meio assustado, você pode machucar um atleta antes do início do campeonato! (risos)”, disse o ala-pivô. Segundo ele, meus chutes tomaram rumos perigosos. Claro que não me lembro de nada disso!

Pilar observa minha técnica apurada (rs)

Jogador melhor preparado fisicamente nesse início de preparação (ao lado de Gui), o pivô Mosso também avaliou meu desempenho.

“Vai ter que treinar bastante! Como você viu, não é só psicológico, é físico também. Correria, técnico na cabeça, não é brincadeira não. Tem que treinar muito e com o tempo fica natural. Você viu como é, correu com a gente, o quanto exige do físico. Quando você for comentar, vai estar mais por dentro do dia a dia, ter noção de coordenação. Sua participação foi superbacana, é bom para ver como é a preparação dos jogadores”, disse Mosso, que passou as férias treinando forte para ganhar mais espaço no time.

Já o técnico Guerrinha não iria perder a oportunidade de tirar um sarrinho bem-humorado. Disse ao BOM DIA (a matéria de Gustavo Longo está aqui, na página 24) que fui “muito mal”. “Não sei onde começou a jogar basquete. Expliquei como arremessar, mas a gente entende a falta de treino…Ficou confuso no treino de arremesso… Porque perde a noção de espaço, o ritmo”, completou.

Mas o professor gostou da experiência. E agradeço a oportunidade.

“Achei muito legal sua iniciativa. Não me lembro, nesses 15 anos como técnico, de outro repórter ter treinado comigo. Não vou nem avaliar a parte técnica, porque existe uma diferença muito grande do ritmo que você joga basquete e o que a gente pratica. Já temos uma dinâmica de participar as pessoas que cobrem nossos treinamentos, informar, mostrar o vestiário, essa abertura dá uma leitura diferenciada para vocês fazerem as análises”, comentou o treinador. Realmente, ele tem o hábito de mostrar aos jornalistas a lousa que fica no vestiário, onde estão instruções e planejamento.

Guerrinha é exigente sim, fala alto, chama atenção, mas conhecer o treinador de perto deixou a certeza de sua preocupação com o bem-estar do elenco. No meio do treino, todos foram chutar lances livres. Só poderia ir beber água quem acertasse dez seguidos. Se acertasse nove e errasse um, voltava ao começo. Mosso, Fernando Fischer, Ricardo Fischer e Josuel conseguiram. Perguntei se os demais ganhariam castigo (nada de água). “Eu não dou castigo”, respondeu, enfático. Os que não cumpriram a meta apenas demoraram um pouco mais para descansar. Ah! Também arrisquei meus LL. Quatro de dez.

O único “castigo” no grupo é a famosa caixinha para os atrasados. R$ 25 por atraso. No primeiro mês, a grana acumulada irá financiar um encontro (churrasco ou pizzada – pizza feita pelo próprio Guerrinha, aliás). Se um único dia render uma bolada, poderá haver uma disputa de lances livres e os dois primeiros levam.

Ainda sobre a relação treinador/atletas, Guerrinha não gosta do termo “paizão”, tampouco se preocupa em formar uma “Família Guerrinha”. Envolve o grupo, promove encontros e faz mesmo questão de contar com atletas de boa convivência – marrentos não têm vez. Mas ele mantém a barreira da intimidade bem delimitada. Todos sabem quem manda e quem obedece.

Guerrinha observa meu chute: o treinador foi atencioso com o “atleta em teste” – mas não aprovou…

Logo vem a parte 3, abordando a participação dos meninos do sub-17 e as lições que aprenderam de Gui e Ricardo Fischer. Minha experiência, além da matéria no BOM DIA, repercutiu no site da Liga Nacional de Basquete, no blog Território LNB (clique aqui para ler). Até o próximo!

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

3 respostas em “Bauru Basket: guerreiro por um dia (parte 2)”

Plagiando a Madre Tereza de Calcutá: “Não é o que você faz, mas quanto amor você dedica no que faz que realmente importa”.

BH, parabéns pela iniciativa, pelos excelentes textos, e pelo incentivo ao Basquete Bauruense e Nacional. Parabéns também ao Guerrinha e equipe por abrir este espaço, colocando o Esporte ainda mais próxima do povo. Belo exemplo (a ser seguido).

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